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Segundo dia de júri do Caso Bernardo é marcado por emoção de “mãe adotiva” e defesa de testemunhas de Leandro Boldrini

*Informações GaúchaZH

No segundo dia de julgamento do caso Bernardo, seis mulheres prestaram depoimento no Fórum de Três Passos. A sessão iniciou às 9h desta terça-feira (12) e foi encerrado pouco depois das 18h. 

A sessão iniciou às 9h desta terça-feira (12) e foi encerrado pouco depois das 18h, em Três Passos
Foto: Jefferson Botega / Agencia RBS

Dessas, duas foram chamadas pelo Ministério Público e três pela defesa do médico Leandro Boldrini, réu pela morte do filho. Além delas, a ex-secretária do cirurgião foi arrolada tanto pela defesa como pela acusação. 

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Por quase nove horas, elas falaram sobre o caso envolvendo a morte de Bernardo Uglione Boldrini, assassinado em abril de 2014. A madrasta Graciele Ugulini também é ré no processo, assim como os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz.

Os depoimentos

Juçara Petry – vizinha 

Juçara Petry, vizinha de Bernardo Boldrini
Foto: Jefferson Botega / Agencia RBS

Por quase três horas, a empresária, que foi vizinha da família de Bernardo, falou sobre a convivência com ele e o descaso sofrido pelo menino por parte da família. Juçara, que era considerada como mãe pelo garoto, relatou que a criança costumava permanecer dias em sua casa. Ele chegou a prestar homenagem para ela na escola. 

Disse que Bernardo não tinha roupas adequadas ao tamanho dele e, por isso, costumava usar as vestes dela. Chegava a pegar blusas e calçados emprestados. Contou ainda que o menino reclamava de não ter lanche para levar à escola, não ter janta e nem a chave de casa.

Disse que Boldrini era relapso com o filho, mas que acreditava que isso acontecia por conta do excesso de trabalho. Chorou uma única vez, ao recordar do dia em que Bernardo relatou que errou de propósito a lição para que o marido dela continuasse a ensiná-lo.

Questionada se sentia culpa pela morte do menino, disse que fez o possível por ele, mas que acredita que não conseguiu ouvir alguns pedidos de socorro. Reiterou diversas vezes que o menino não contava sobre as brigas com o pai (registradas em vídeos). 

Descreveu Bernardo como um menino dócil, que corria para abrir a porta do carro para ela e gostava de dormir na cama, no meio do casal. Lembrou do episódio como a primeira comunhão, em que ela e o marido estiveram presentes, já que Boldrini não compareceu.

“Pai que não dá roupa e não dá comida não tem amor, né?” concluiu ao ser questionada pela defesa do médico.

Ariane Schmitt – psicóloga

Ariane atendeu o menino por dois períodos
Foto: Jefferson Botega / Agencia RBS

A psicóloga foi a segunda a ser ouvida nesta terça-feira e falou por cerca de uma hora e meia. Ela atendeu o menino por dois períodos, em 2011 e em 2014. A primeira logo após a morte da mãe do garoto, Odilaine Uglione. 

Ariane falou sobre as péssimas condições físicas e emocionais em que o Bernardo vivia. Ela criticou as atitudes do pai, com o descaso e as gravações nas quais aparecia provocando o filho, irritado. Também disse ter alertado o médico sobre os riscos de permitir que o menino administrasse medicação controlada sozinho. 

Quanto a Leandro Boldrini, Ariane o avaliou como um pai “tangencial, periférico, sem vínculo e empatia”.

— A morte de Bernardo não aconteceu em 4 de abril de 2014, ele teve a infância abortada. A morte foi lenta, gradual e contínua.

Andressa Wagner – ex-secretária

Andressa Wagner era ex-secretária de Boldrini
Foto: Letícia Mendes / Agência RBS

A ex-secretária do médico Leandro Boldrini afirmou que Graciele chegou a afirmar que precisava “dar um fim” em Bernardo. Ela foi a quarta testemunha a ser ouvida no júri pela morte do menino, e não permitiu que fossem registradas imagens do seu rosto. Ela também afirmou que a madrasta se referia a Bernardo como “estorvo”.

“Ela falou que dinheiro ela tinha para dar um fim no guri” disse.  

Andressa contou que Graciele pedia que ela “expulsasse” Bernardo do consultório. Mas afirmou que isso seria para que o menino fosse para casa estudar. Ela negou que Bernardo não tivesse roupas adequadas, como foi descrito por outras testemunhas. Disse que o menino andava com boas vestimentas, calçados e portava chave com controle da residência. 

A ex-secretária considerou que Boldrini era um médico dedicado e chorou quando falou sobre o fato de ter sido apontada como possível autora da carta assinada pela mãe de Bernardo, antes de se suicidar em 2010. O caso foi reaberto, mas a polícia concluiu novamente pelo suicídio. Ficou confirmada na investigação que o documento foi escrito pela mãe do menino.

“Terminaram com a minha vida” disse, entre lágrimas.

Lori Heller – ex-babá

Um dos depoimentos mais curtos do dia, a ex-babá de Bernardo relatou que não lembrava de muitas coisas e que estava com quadro de pressão alta. A juíza Sucilene Engler pediu que advogados se contenham nas perguntas para não agravar situação. Por isso, as defesas optaram por reduzir as perguntas. 

Ela falou por apenas 15 minutos. Não relatou de nenhuma anormalidade na casa de Bernardo. Disse que o menino era cuidado. Ela não quis ser fotografada. Ao fim da sessão, foi dispensada da lista de testemunhas, depois que defesas e Ministério Público se comprometeram a não a reinquirir no julgamento.

Marlise Cecília Henz – ex-funcionária de Boldrini

Um dos momentos de tensão durante o segundo dia de júri aconteceu quando o MP decidiu exibir um vídeo para a testemunha. 

Nas imagens, Bernardo grita repetidas vezes por socorro. O pai e a madrasta ameaçam o menino. Durante o vídeo, a sala do júri permaneceu em silêncio. Os réus não esboçaram reação. Edelvânia foi a única a baixar a cabeça. 

Cecília, como prefere ser chamada, trabalhou com Boldrini no hospital, em Três Passos. Ela relatou que a madrasta chegou a dizer que “ia arranjar um matador de aluguel para matar Bernardo”. Isso teria acontecido após o menino procurar o Fórum, em janeiro de 2014, para reclamar da falta de atenção do pai e das brigas com a madrasta.

“A gente não via ela como essa monstra que vê hoje” disse.

Rosângela Pinheiro – Ex-colega de Boldrini

Foi o depoimento mais curto do dia, com duração de cerca de cinco minutos. Falou que trabalhou na administração do hospital em que Boldrini atuava. Disse que não tinha informações sobre a vida familiar de Boldrini, nem de Graciele. Não soube dar maiores detalhes envolvendo Bernardo. As defesas de Edelvânia e Evandro não fizeram questionamentos para a testemunha. Também não permitiu ser fotografada. O julgamento foi encerrado assim que esse depoimento terminou.

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