Um programa que vai além da teoria e da técnica, onde o amor é a essência de tudo e a família remete ao lar. O Programa Família Acolhedora em Chapecó atende um total de 86 pessoas, dentre crianças, adolescentes e idosos, que dependem de famílias temporárias para ter uma oportunidade de sentir e viver o acolhimento, afeto e carinho.
A equipe de reportagem do ClicRDC foi até a Secretária de Assistência Social (SEASC) conversar com a secretária, Elisiane Sanches e o Coordenador do Serviço de Acolhimento Familiar, Robson Tronco, para compartilhar sobre o programa a qual atende diversas crianças, adolescentes e idosos que passaram por situações extremas de negligência dentro do âmbito familiar biológico.
A reportagem traz as informações em formato “ping pong” (pergunta x resposta), onde ambos os entrevistados relatam a essência do Programa. Confira:
O que é Programa Família Acolhedora e como funciona ?
O programa iniciou em Chapecó no primeiro mandato do atual Prefeito João Rodrigues, em 2009. Quando um indivíduo está em vulnerabilidade familiar, a justiça e o sistema público proporcionam o sistema de acolhimento e dentro desse sistema, nós temos as Famílias Acolhedoras que é uma forma de atender e dar suporte.
Nós temos o Abrigo Municipal que é pra onde vai as crianças e adolescentes que por vulnerabilidade e negligência familiar são retirados de seus ‘lares’. Ao chegarem no abrigo a equipe técnica avalia juntamente com a justiça a qual determina o encaminhamento. Apenas então é avaliado se a criançaa/dolescente/idoso entra para o programa da Família Acolhedora ou não.
Atualmente são 86 pessoas acolhidas dentre crianças, adolescentes e idosos. Precisamos de parceiros para aprimorar este programa.
Essas famílias cadastradas que se disponibilizam em ser acolhedoras elas passam por um critério de avaliação. Caso a família esteja apta a receber essa criança de forma temporária, o poder público entra com suporte financeiro.
É triste dizer que temos 86 pessoas nessa situação, que precisam do poder público para acolher, por isso quer dizer que essa criança/adolesce/idoso, não recebeu o primordial que é o afeto, e uma base familiar estruturada. Chegam até nós com um histórico de negligência, abandono é algo muito forte de alta complexidade. Só é vitória para nós, quando o rumo deles saem dessa situação temporária e fiquem seguros. Recebemos muitos problemas, mas também temos as soluções.
Programa precisa de mais famílias
Precisamos de mais famílias dispostas a fazerem parte desse programa, não apenas proporcionando condições materiais, mas o principal que é o afeto, sendo amado como se fosse um membro da própria família.
Como ser uma família acolhedora?
Entre em contato com a Secretária de Assistência Social (SEASC) (49) 3319-1200 ou (49) 99814-0595. Após o contato, a secretaria realiza o direcionamento e andamento do processo.
Isso não é para levantar demandas, o objetivo é dar exclusividade. Por exemplo, invés de ter três em uma única família, ter apenas um.
Esse programa não é uma porta para as famílias biológicas abandonarem as crianças. Conforme o estatuto das crianças e do adolescente, a lei deixa bem claro, que primeiro é a família, depois a sociedade e depois o poder público. Então assim, não é pra abandonar, é responsabilidade familiar.
Porém, estamos cientes de que essas situações são reais e extremas, por isso precisamos de famílias que vão além do interesse financeiro, que saibam doar-se, em amor e afetividade.
Como funciona o Projeto Extensão?
São parentes da criança/adolescente/idoso, que se responsabilizam por cuidar destes quando são retirados de sua família responsável devido as negligências. Essas famílias extensas também passam por uma avaliação e recebem o apoio psicossocial e também recursos para acolher. Família extensa é sempre a prioridade, pois mantém o indivíduo dentro do laço/âmbito biológico e familiar.
Como faço para apadrinhar uma criança/adolesce/idoso?
É possível ajudar essas pessoas, não apenas do programa Família Acolhedora, mas também as crianças do Abrigo por meio do apadrinhamento. Existem várias formas de apadrinhar uma criança/adolesnte ou idoso, seja financeira, afetiva ou provedora.
- O apadrinhamento afetivo e/ou financeiro: É uma forma de dedicar seu tempo ao próximo, doando afetividade, amor e carinho como por exemplo: levar para passear, estar junto em datas especiais. Também é possível fazer um apadrinhamento apenas de forma financeira, assim gerando oportunidades e contribuindo para o bem estar dessa criança/adolesce/idoso. Também é possível ser ambos, assim, ajudando financeiramente e afetivamente.
- Provedor ou prestador de serviço: Se você é um profissional e presta serviços, é possível ajudar com seu talento. Como por exemplo, se for dentista, pode contribuir oferecendo esse serviço. Também é possível fazer doação financeira para essa criança/adolescente/idoso, a qual escolheu apadrinhar. Também é uma forma de contribuir para o bem-estar, educação e qualidade de vida.
Pessoas físicas e ou jurídicas podem realizar na declaração do imposto de renda a doação para Fundo da Infância e do Adolescente e ou Fundo Municipal do Idoso. A contribuição desses fundos também podem ajudar a manter e ampliar o Programa Famílias Acolhedoras de Chapecó.
Mesmo que essa criança volte para sua família biológica ou seja adotada, é possível continuar contribuindo.
A família biológica recebe algum suporte ?
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), atende exclusivamente essas famílias que estão com conflitos, violando direitos, que possuem quadro de violência, dentre outros fatores relacionados a uma base familiar desestruturada. Eles precisam passar por isso, para haver mudança e poder receber a criança novamente na família. Pois é tudo avaliado, não liberamos a criança para retornar caso a família ainda esteja na mesma situação ou pior. Temos uma equipe que analisa se a casa daquela criança e a estrutura familiar estão aptos, caso contrário o poder público disponibiliza o abrigo, casa lar e a Família Acolhedora.
Quanto tempo a criança/adolescente/idoso fica com a família acolhedora?
Vai depender da justiça. Em casos de idosos, dificilmente saem, é um compromisso para sempre bem dizer, já em caso de crianças e adolescentes é temporário, pois eles só saíram de seus ámbito familiar por que houve situação de vulnerabilidade e negligência.
O ideal é que a criança fique no máximo um ano e meio na família acolhedora. O mais importante é que eles estejam protegidos, se estão protegidos com o poder público, fica conosco até haver 100% de segurança em devolver essa criança para a família de origem. O acolhimento é temporário mas as memórias geradas em uma criança são eternas.
Conheça a história de Sirlei como Família Acolhedora
Sirlei Del Ponte, aposentada de 57 anos, moradora de Chapecó, é uma das famílias acolhedoras cadastradas no sistema. Atualmente Sirlei cuida de três idosas: Eva Ferreira, de 87 anos, Eloina Rodrigues, de 62 anos e Lúcia Antunes de 50 anos.
Ao chegar no local é notável o capricho e a acessibilidade que Sirlei proporciona às três acolhidas. No terreno tem duas casas, uma em que a aposentada reside e outra adaptada com amor e simplicidade que traz um ar de aconchego para as três.
“Eu faço esse trabalho há 15 anos, antes mesmo do Programa chegar em Chapecó. Sempre me sensibilizei com a situação das pessoas. Então o desejo do meu coração é proporcionar melhor longevidade, para que elas envelheçam rodeadas de afeto. Eu ajudo a dar banhos nelas, cuido da medicação e também preparo as refeições. E isso é um carinho recíproco. É o amor pelas pessoas que nos da sentido”, relata.
MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O PROGRAMA FAMÍLIA ACOLHEDORA ACESSE: https://familiaacolhedora.org.br/
Por Marcela Ramos