
Com o aumento de provas de corrida, cresce também a preocupação com a saúde de quem decide calçar o tênis e começar a correr. Especialistas do SOS Cárdio reforçam que, antes de iniciar os treinos, é fundamental passar por uma avaliação médica completa, especialmente nas áreas de cardiologia e ortopedia.
Coração em primeiro lugar
O cardiologista Rafael Kuhnen, do Hospital SOS Cárdio, explica que correr é um excelente aliado da saúde e do bem-estar, mas exige preparo e alguns cuidados.
“A corrida melhora a capacidade cardiovascular e ajuda a reduzir muitos dos fatores de risco para as doenças do coração”, afirma. Segundo o especialista, de forma geral, recomenda-se que homens acima de 35 anos e mulheres acima de 40 anos, bem como pessoas com fatores de risco cardiovascular — como hipertensão, diabetes e tabagismo —, realizem uma avaliação clínica prévia antes de iniciar os treinos.
O médico também alerta que o surgimento de sintomas como dor no peito, palpitações, falta de ar excessiva, tontura ou desmaios durante o exercício é um sinal de atenção e indica a necessidade de avaliação médica imediata.
“A corrida ajuda a proteger a saúde do coração, mas em pessoas com alguma doença prévia não diagnosticada pode desencadear um mal súbito ou até mesmo um evento grave”, reforça Kuhnen.
Por isso, ele destaca que correr é um ótimo exercício para quem deseja melhorar a saúde cardiovascular, desde que seja praticado com segurança e, preferencialmente, após uma avaliação clínica criteriosa.
Atenção também às articulações
Além do coração, o sistema musculoesquelético precisa estar preparado para o impacto repetitivo da corrida. O ortopedista do SOS Cárdio, Dr. Gustavo Carriço, ressalta que a prevenção é o melhor caminho para evitar afastamentos e dores.
“A corrida é um esporte democrático, mas de impacto. Avaliar postura, histórico de lesões e força muscular é essencial para evitar sobrecarga nas articulações”, orienta.
Estudos apontam que entre 50% e 75% das lesões em corredores são causadas por uso excessivo, resultado da repetição constante dos mesmos movimentos. Uma pesquisa com 616 corredores revelou que 84,4% já sofreram alguma lesão, sendo que 44,6% ocorreram no último ano. Os locais mais afetados são joelhos, tornozelos e quadris.
Entre os fatores de risco estão desequilíbrios de força e mobilidade, que interferem no padrão da técnica de corrida, no padrão de impacto e na marcha, além de alterações no calçado e mudanças abruptas no volume de treino, especialmente excessos no período inicial de prática.
“O ideal é que o atleta seja acompanhado por um ortopedista, um fisioterapeuta e um educador físico desde o início, com um plano de fortalecimento e aumento gradual de carga”, acrescenta o especialista.
O fisioterapeuta tem papel fundamental tanto na avaliação quanto no acompanhamento do atleta, auxiliando na correção de desequilíbrios musculares e na recuperação adequada entre os treinos.
É importante lembrar que correr não é sinônimo de lesão: a maioria das alterações observadas em corredores são transitórias e tratáveis, e com acompanhamento adequado é possível seguir evoluindo com segurança e desempenho.






