InícioGERALINSS bate recorde: fila chega a 2,7 milhões e custa bilhões ao...
INSS bate recorde: fila chega a 2,7 milhões e custa bilhões ao governo
Greves, falta de servidores e falhas nos sistemas elevam fila de espera para benefícios como aposentadoria e auxílio-doença; impacto previsto ultrapassa R$ 14 bilhões ao ano
A fila de espera por benefícios do INSS atingiu patamar histórico no início de 2025. Em abril, 2,678 milhões de requerimentos estavam pendentes, abrangendo aposentadorias, pensões, auxílio-doença, licença maternidade e benefícios assistenciais. É um crescimento de 91% em relação a abril de 2024, quando havia cerca de 1,4 milhão de pedidos.
O pico foi registrado em março deste ano, com 2,707 milhões de solicitações represadas.
Impacto nas contas públicas
Segundo estimativas da XP Investimentos, os valores em atraso de 1,3 milhão de pedidos podem gerar um custo imediato de R$ 6 bilhões, com potencial de alcançar R$ 14 bilhões anuais, considerando apenas os benefícios aprovados.
- Continua após o anúncio -
A Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado, prevê que a despesa previdenciária ultrapasse em R$ 16 bilhões o valor orçado de R$ 1,015 trilhão em 2025.
Causas do aumento
Entre os fatores apontados estão:
Greve dos peritos médicos, que durou mais de 230 dias;
Greve dos servidores administrativos, com 80 dias de paralisação e 20% de adesão;
Falta de servidores e falhas nos sistemas da Dataprev;
Tentativas de modernização com o sistema Atestmed, que substitui perícia presencial em alguns casos, mas gerou sobrecarga.
Segundo o ex-presidente do INSS e ex-ministro do Planejamento, Valdir Moysés Simão, o uso excessivo do Atestmed levou a concessões indevidas, exigindo revisões e perícias presenciais. Ele alerta: “Quando a consulta demora mais de 60 dias, o INSS paga por períodos em que o segurado já poderia estar trabalhando”.
Resposta do governo
Para reduzir a fila, o INSS publicou uma portaria que autoriza o pagamento extra de até R$ 17,1 mil por servidor que ultrapassar a meta mensal e concluir análises de pedidos e revisões do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Cada tarefa concluída pode render R$ 68, mas só após o cumprimento da cota de produtividade.
“O maior problema hoje é estrutural. Faltam pessoas e infraestrutura para dar conta da demanda”,
disse Carlos Vinicius Lopes, do Sindisprev-RJ.
Apesar da alta demanda, houve um sinal de alívio: em abril, o número de análises de pedidos (1,072 milhão) superou o de novas solicitações (1,062 milhão), gerando leve redução na fila.