Em meio a uma sociedade perversa em suas relações, surge um espaço vertiginoso e cruel para a prática de abusos vinculados aos sentimentos, seja porque existem muitas pessoas (vítimas) fragilizadas, no anseio de, em meio aos seus problemas, encontrarem alguém que possam ter ao lado, que possam amar e ser amados, seja porque do outro lado tem alguém que inerte aos sentimentos, aproveita a chance para obter vantagens, doa a quem doer.
Não importa o nível de escolaridade, não importa a profissão, não importa o quanto evoluídas podem ser as vítimas, elas são vítimas exatamente porque ganham durante algum tempo do que elas gostariam, ganham sentimentos.
Foi-se o tempo em que discutíamos esse assunto tão somente em situações envolvendo violência doméstica, pois parecia uma situação em que só as mulheres é quem sofriam com esse tipo de violência na maioria das vezes velada, muito por terem coragem de externalizar, o que não significa dizer que não continuam sendo a maioria das vítimas quando analisados os números.
O tema ganha outras denotações também quando os homens passam a dar a cara a tapa na sociedade, abandonam o machismo extremo e admitem, “fui vítima” de uma cilada amorosa.
Os meios empregados no golpe amoroso se espalham e ganham corpo social, não é em vão que o estudo de doenças como o transtorno de personalidade narcisista, análise de psicopatas e sociopatas passam a ser temas corriqueiros nas redes sociais, entre psicólogos, psiquiatras, operadores do direito e as vítimas dos abusadores malignos.
Tais abusadores, costumam utilizar de jogos amorosos, por suas redes sociais, utilizam dos seus corpos e muitas vezes até mesmo de seus reais parceiros e coautores criminais para levar essas vítimas a investirem em relacionamento que na maior parte das vezes sequer existe. O custo é caro, a vítima investe seu sentimento, investe suas relações, a vítima investe seu financeiro, pois, iludida com a situação sente a necessidade de conquista a todo tempo e não pensa duas vezes em deixar de lado sua vida para viver a vida do abusador ou da abusadora.
A notícia importante é que, “o doa a quem doer” do golpista, do abusador, não passa em branco para a Justiça, tanto na esfera civil quanto na esfera criminal!
Na área cível, os julgamentos começam a se replicar, as mesmas notícias e estudos dedicados por aqueles que resolveram enfrentar o assunto, passam a ser do conhecimento dos Magistrados, e os abusadores deixam rastros, mensagens em aplicativos, fotografias, tudo que eles usam para aplicar o golpe fica e eles pagam com o próprio veneno. As provas que eles mesmos indiscriminadamente produzem, servem de motivação para decisões ordenando a devolução dos valores que receberam e condenado na reparação moral e material que fizeram suas vítimas acometidas. É, eles não são mais os donos da razão e do mundo.
Na área criminal eles e elas, os abusadores também devem começar a sofrer suas sanções, porque além dos efeitos que a própria violência doméstica imputa pela Lei Maria da Penha, o golpe caracteriza o crime de estelionato, o qual exige a obtenção de vantagem ilícita (valores e benefícios); emprego de meios ardilosos (uso de imagem e palavras que fazem a vítima acreditar que está vivendo uma história de amor) e induzimento ou manutenção da vítima em erro, porque sim, e, infelizmente, não é uma história de amor, é um golpe sujo na boa-fé e empatia de quem é atraído para as suas garras.
Cuidado golpistas, as vítimas e Justiça, não fecham mais os olhos para vocês!!!