Há algum tempo tenho estudo o tema do transtorno de personalidade narcisista, doença que acomete pessoas cuja origem ainda se apura, se orgânico ou viral, mas que, diagnosticado, revelam pessoas extremamente abusivas, que fazem com que as pessoas que com elas mantenham relacionamentos seja suas vítimas, transformando suas vidas em pesadelos ambulantes, pessoas se tornam muitas vezes zumbis.
Mas onde entraria o direito nisso tudo? Esses problemas são materializados em casos de direito de família e muitos casos de violência doméstica, nos seus mais variados tipos e espécies, necessitando o Poder Judiciário e quem conduz a ele o trabalho, ter a percepção desse universo para julgar as relações dele oriundas.
Diria com certeza que o grande problema para se levar uma prova a um processo acerca desse tema, esteja repousado no fato de que, uma eventual perícia demandaria da concordância daquele ou daquela que precisariam ser periciados, quais sejam, os próprios narcisistas, aqueles que por sua natureza jamais admitiriam seu problema, afinal vivem num universo perfeito.
De outro modo, entendendo as características que se revelam comuns para as pessoas que detentoras de tais síndromes e os efeitos que eles geram no mundo comportamental, é que vítimas desse transtorno poderão resguardar provas para consignar o abuso sofrido.
Pessoas com esse transtorno tendem a ter características de grandiosidade da sua própria pessoa, ninguém é melhor que eles; se preocupam com o mundo que eles entendem ser o real, mesmo que seja repleto de fantasias; possuem uma necessidade de que sejam admirados pelas outras pessoas, fazendo com que muitas vezes suas vítimas com quem mantém relação alimentem seu ego; pensam ser merecedoras das melhores coisas; exploram as demais pessoas para alcançar seu próprios objetivos, como se sempre os fins justificassem os meios; não possuem empatia, pois não tem vergonha de dizer que não tem sentimentos; agem como arrogância, excesso de soberba e; mesmo assim invejam os outros e sentem-se invejados, já que são centro de tudo.
Pessoas com tais características pessoas e sociais, acabam causando àquela pessoa que está ao seu lado, uma série de abusos que, inicialmente são de difícil percepção, as que com o tempo se revelam devastadores, culminando em litígios em que muitas vezes a maioria não consegue provar que estava submetida ao abuso.
Dentre os abusos que devem e merecem olhas das vítimas para que posteriormente consigam carregar como prova em situações processuais, há que se destacar o abuso psicológico, quando se utiliza de falsas promessas, mentiras, ameaças, críticas, traições e humilhações; o abuso moral, quando ocorre exposição da vida íntima do casal, revertendo o status de culpa, a vítima passa a se sentir culpada; o abuso sexual, em especial fazendo com que a vítima não se sinta digna sequer de estar com aquela pessoa; abuso financeiro, fazendo com que a vítima muitas vezes dispense valores para alimentar os desejos daquele que pensa a amar e; o mais grave, o abuso físico, quando o transtorno leva a agressão física.
O assunto é longo e dedicaremos mais tempo a ele em próximas oportunidades, mas, o mundo jurídico começa a se preocupar com a doença, porque os reflexos sociais são devastadores e como precisamos de provas para litigar, necessário que percebendo tais condutas, passem as vítimas a dispensar um cuidado, como arquivar mensagens, relatar os abusos sofridos e procurar um bom profissional da psicologia, pois os reflexos são fulminantes em todas as áreas de quem vive um abuso narcisista.
Arthur Losekann | ADVOGADO
@losekannadvocacia
| Diretor da OAB;
| Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina;
| Professor do Curso de Direito da Uceff Chapecó;
