sexta-feira, novembro 21, 2025
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A estranha relação entre Banco Master, Alexandre de Moraes, Michel Temer e Ricardo Lewandowski

Confira a coluna do professor Dr. Givanildo Silva

Prof. Givanildo Silva – Doutor em Ciências Contábeis e Administração.

Num país acostumado a ver o poder circular sempre pelos mesmos corredores, algumas coincidências deixam de ser coincidências — e passam a soar como um roteiro desconfortável. O caso do Banco Master é exatamente isso: um enredo onde um banco investigado por fraudes bilionárias se entrelaça, de maneira no mínimo intrigante, com nomes centrais do poder jurídico e político.

De um lado, um banco privado que cresceu rápido demais, expandiu crédito sem lastro e, como se sabe agora, acabou afundando em seu próprio castelo de areia. De outro, figuras que, por suas funções, deveriam simbolizar independência irrestrita e distância de interesses privados. E é justamente essa aproximação que causa estranhamento.

A esposa de um ministro do Supremo — no caso, Alexandre de Moraes — foi contratada para prestar serviços jurídicos ao banco. A informação não é ilegal, mas a pergunta não cala: num mercado com milhares de escritórios, por que justamente esse? Em que momento um banco prestes a naufragar decidiu que a solução passava por vínculos tão sensíveis? É coincidência demais para ser apenas uma escolha técnica.

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Do outro lado dessa mesma mesa imaginária, surge Ricardo Lewandowski, ex-ministro do Supremo, contratado para compor um conselho consultivo estratégico do próprio Banco Master. Um banco em turbulência institucional busca um ex-ministro do mais alto tribunal do país — e isso deveria ser tratado como normal? Não deveria. Ainda mais quando se observa o contexto: enquanto as autoridades financeiras já apontavam problemas graves, o banco parecia investir pesado não em estrutura, mas em prestígio.

E como se não bastasse a presença de dois gigantes do Judiciário orbitando o banco, entra em cena Michel Temer, ex-presidente da República, que admitiu ter atuado como espécie de mediador entre o banco e uma instituição pública. Um ex-chefe de Estado aparece facilitando diálogos para um banco sob suspeita — e de novo, o país deve engolir isso como casualidade?

O ponto é simples e incômodo: quando uma instituição financeira sob investigação se aproxima de figuras tão estratégicas, o cheiro é de influência, não de acaso. São relações que podem até ser legais, mas que ofendem a lógica republicana. A população olha para essas conexões e se pergunta, com razão, se o jogo é realmente igual para todos.

No fim, a questão que fica é mais ampla: quantas vezes mais veremos bancos, empresas ou grupos privados tentando se proteger com uma muralha de nomes poderosos? Quantas vezes o país aceitará, em silêncio, que cada crise financeira seja acompanhada por consultorias de luxo, escritórios estrelados e mediações presidenciais?

O colapso do Banco Master já é um escândalo por si só. Mas o entorno — as escolhas, as proximidades, os personagens — transforma o caso em algo maior e mais grave. É hora de encarar o que ninguém gosta de admitir: essas relações são desconfortáveis porque revelam muito mais do que o banco queria. Revelam, talvez, como funciona o Brasil que quase ninguém vê, mas que influencia profundamente o Brasil que todos nós vivemos.

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