
O cientista político Caleb Bentes, de Videira, enviou à esta coluna uma nova análise do cenário econômico e empregatício de Chapecó, com base nos dados do Novo CAGED do mês de setembro. Novamente colaborando com este espaço de opinião, o diretor da D’América Consultoria Geopolítica para Negócios afirma que a capital do Oeste retomou o crescimento no mercado de trabalho, com saldo positivo de 240 vagas para o mês. Por isso, estamos expondo a análise nas edições de sexta-feira (14) e de hoje (17) da coluna.
Em setembro, o setor de serviços novamente puxou o saldo positivo, com 195 vagas criadas, confirmando sua posição como principal vetor de geração de emprego urbano. A indústria também registrou um saldo expressivo de 112 vagas. A construção civil manteve estabilidade, com saldo de quatro vagas positivas. A agropecuária apresentou saldo negativo, mas Caleb acredita ser necessário considerar a alta taxa de informalidade no setor e as oscilações naturais.
O comércio teve saldo negativo de 54 vagas: “Não podemos deixar de destacar que o município não está imune à redução do consumo, ao crédito caro ou às pressões inflacionárias em determinados itens, mas possui musculatura para absorver esses fatores sem comprometer sua tendência de expansão. A musculatura decorre não apenas da base produtiva consolidada, mas também da capacidade política e institucional da cidade de articular avanços mesmo quando o ambiente macroeconômico nacional não favorece”, aponta Bentes.
A força de Chapecó está, para Caleb, tanto em sua economia quanto em sua governança: “A cidade desenvolveu mecanismos de cooperação público-privada, redes de negócios e um ecossistema produtivo capaz de sustentar crescimento contínuo. A leitura mais profunda, no entanto, deve se voltar ao longo prazo. Os dados históricos revelam um município que evoluiu muito além da média nacional”.
Chapecó teve crescimento nominal de 197,4% no nível de atividade nos últimos 10 anos e 64,6% apenas nos últimos cinco: “Esses números são resultado da ampliação da base econômica e na elevação do grau de integração da cidade com redes de comércio e produção. Chapecó é hoje um polo agroindustrial e também um centro diversificado, com influência econômica que transborda suas fronteiras municipais”, afirma Bentes.
Por outro lado, a estabilidade e o crescimento escondem desafios estruturais que exigem atenção. O principal deles é a qualificação da mão de obra: “Chapecó cresce, mas cresce sem atrair plenamente a mão de obra especializada que a nova economia demanda. A falta de trabalhadores qualificados limita o avanço tecnológico da indústria, reduz a capacidade dos serviços especializados e cria gargalos que podem se tornar mais severos à medida que a cidade intensifica a participação em cadeias de maior valor agregado”, alerta Caleb.
Sob a ótica política e econômica, Bentes entende que Chapecó está diante de uma oportunidade histórica: “O rearranjo global, a fragmentação das cadeias de suprimentos e a busca por mercados alternativos criam condições para cidades com forte base produtiva e autonomia relativa se posicionarem de maneira destacada. Chapecó reúne os elementos necessários para ocupar esse espaço, tem densidade econômica, base produtiva sólida, capacidade logística e inserção crescente em mercados não tradicionais”.
Para Caleb, o caminho futuro de Chapecó dependerá da forma como ela conduz sua transformação institucional e educacional: “A economia já se mostrou forte. Agora, é a capacidade de projetar o futuro que definirá a economia e a sociedade chapecoense daqui a 10, 15 e 20 anos. O crescimento das exportações, o saldo positivo de empregos e a consistência histórica do avanço econômico mostram uma cidade que opera acima da média brasileira, mesmo quando o país enfrenta desafios significativos”, conclui.
Recadinhos
- O número de beneficiários do programa Bolsa Família segue caindo em Chapecó, conforme dados oficiais do Governo Federal. Neste mês de novembro, 4.380 famílias, que somam 14.289 pessoas, foram beneficiadas.
- O Bolsa Família pagou R$ 2.769.911 para Chapecó em novembro, com um benefício médio de R$ 641,18 por família. Chapecó também teve 532 famílias beneficiadas pelo Auxílio Gás, totalizando R$ 57.456 pagos no município.
- Chapecó tem um total de 19.585 famílias cadastradas no Cadastro Único, dentre as quais 12.888 atualizaram seus cadastros nos últimos dois anos. Ou seja, 34,2% dos cadastrados podem estar recebendo benefícios de forma indevida.
- Atualmente, conforme o Governo Federal, mais de 1,2 mil famílias imigrantes estão cadastradas no programa na cidade, o que representa 21,7% dos beneficiários locais.







