Na tarde desta terça-feira (28), foi realizada no auditório da Prefeitura de Chapecó uma assembleia geral extraordinária do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Meio Ambiente (Cidema), onde todos os prefeitos dos 36 municípios do Oeste Catarinense consorciados foram convocados para tratar das suspeitas de irregularidades na gestão do Consórcio que foram levantadas pela Controladoria-Geral da Prefeitura de Chapecó, e que motivaram a contratação de uma auditoria por parte das prefeituras consorciadas.
Uma fonte interna do Cidema procurou o jornalismo da Condá FM para afirmar que os números apresentados aos prefeitos durante a assembleia devem mostrar um esquema de venda de licenças ambientais e de poços artesianos mediante propina, por parte do ex-secretário executivo do Cidema, Morciel de Araujo Faraum, médico veterinário de formação que também já foi secretário executivo da Amosc, na época da pandemia de Covid-19. Tanto ele quanto o setor jurídico do Cidema estão afastados do consórcio há 60 dias.
Conforme a fonte, o esquema teria causado um rombo de R$ 12 milhões, suficiente para desestabilizar as finanças do consórcio: “O camarada (Morciel) andava de Fiat Uno antigo. Hoje, tem seis apartamentos, fazenda e carros de luxo. E esnobava, gostava de beber e falar o quanto tinha, mas dizia que era uma herança. Presenteou um filho de 16 anos com uma moto de R$ 120 mil e um carro de R$ 300 mil”.
Ainda de acordo com o informado, as prefeituras consorciadas devem fazer uma chamada de capital para recuperar o Cidema: “Tem muitas empresas cobrando faturas do consórcio. Por exemplo, um posto de combustível de Caxambu do Sul tem R$ 400 mil a receber”. A fonte afirma que a usina de asfalto da Prefeitura de Chapecó, que tinha um convênio assinado com o Cidema para produção de asfalto aos pequenos municípios consorciados desde setembro de 2023, estaria “financeiramente quebrada”.
O que diz o Cidema
O prefeito de Cordilheira Alta, Wilson da Silva, que é presidente do Cidema, atendeu à reportagem por telefone, e afirmou que o parecer da autoria ainda não está concluído: “É errado afirmar que o rombo foi de R$ 12 milhões, porque precisamos ver quais foram os erros administrativos registrados em cada um dos quatro programas que o consórcio atende”. Estes programas são o de Licenciamento Ambiental, o Prosuasa, para a sanidade agropecuária; o Propoços, para perfuração de poços artesianos; e o Proasfalto, que era executado pela usina de asfalto da Prefeitura de Chapecó.
Wilson também afirmou que, assim que o parecer da auditoria for concluído, haverá ampla divulgação do resultado final das apurações, e a avaliação com os prefeitos integrantes do consórcio de possível pedido de denúncia contra possíveis envolvidos nas irregularidades junto ao Ministério Público. Cabe ressaltar que, em nenhum momento, houve suspeita de participação de algum prefeito nas ações que estão sob suspeita no Cidema. A reportagem não conseguiu uma forma de contato com Morciel Faraum.
Novo endereço do Cidema
Apesar da instabilidade, o consórcio continua trabalhando. Nesta quinta-feira (30), iniciará o processo de mudança para a nova sede do Cidema, que funcionará junto à Secretaria de Agricultura da Prefeitura de Chapecó, no antigo Mercado Público, próximo à Rodoviária, no bairro Passo dos Fortes. Hoje (28), foi o último dia de funcionamento na antiga sede, que funcionava na Avenida Nereu Ramos, no bairro Universitário, em sala locada pela CRM Gases.
