
Em pleno outubro de 2025, Santa Catarina celebra mais do que uma data: comemora uma trajetória de empenho, ciência e compromisso com o campo e com as pessoas. A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina — Epagri — completa cinco décadas de pesquisa desde a fundação da Empasc, sua antecessora, em 1975, e acumula hoje histórias que merecem não só registro, mas aplauso entusiasmado.
Um legado que germinou
Quando, há 50 anos, se instaurou a Empasc, era difícil prever o grau de transformação que seus projetos e pesquisadores dariam ao agro catarinense. A consagração da maçã nacional como produto de exportação, o avanço na genética de arroz e feijão, o fortalecimento da extensão rural, a pesquisa e a tecnologia numa escala regional — tudo isso nasceu de passos que, à época, pareciam apenas a sementinha de um trabalho de formiguinha.
Hoje, é inequívoco que o solo de Santa Catarina se beneficiou desse trabalho: a produtividade aumentou, a qualificação dos produtores cresceu, o risco climático passou a ter mais antídotos, e as tecnologias ambientais caíram no dia a dia das famílias e das cidades. A instituição tornou-se ponte entre a academia, o governo, o produtor e o cidadão urbano que come, bem ou mal, frutas, grãos ou verduras.
Pesquisa com rosto humano
Não se trata apenas de cultivar plantas ou medir safras — trata-se de tocar vidas. A pesquisa da Epagri — e há de se dizer, desde seus primórdios como Empasc — sempre esteve voltada a dois eixos inseparáveis: ciência e impacto social. Quando um cultivar resistente à praga chega à roça, ele não só evita perdas, mas garante o pão na mesa de uma família. Quando um alerta meteorológico evita enchente ou geada numa lavoura, ele não apenas salva produção, mas preserva renda e tranquilidade.
Nesse sentido, a Epagri fez um movimento raro: uniu a ponta fina da pesquisa (laboratórios, genética, solo, clima) com a ponta grossa da vida real, da agricultura familiar, da economia rural e da vida urbana que depende dessa base.
Santa Catarina como polo de inovação agro
Quantos estados brasileiros podem se orgulhar de dizer que deixaram de importar maçã para exportar? Esse é apenas um dos simbolismos desse meio-século. A maçã de Santa Catarina hoje carrega em si o selo de “feita com ciência”, de “feita com apoio técnico”, de “feita com metodologia”. O Estado tornou-se um polo: não apenas pela extensão de terra ou pelo clima favorável, mas pelo tecido de pesquisa que se instalou — e que se instalou de verdade.
Além disso, essa força não está apagada nas grandes lavouras. A micropropagação, os manejos de precisão, os insumos adaptados, a irrigação inteligente — tudo isso começou a ganhar escala local via Epagri. Ou seja: a inovação deixou de ser promessa para virar prática.
O desafio do futuro — e o convite à Epagri
Mas comemorar os 50 anos não significa apenas olhar para o retrovisor. Significa olhar para frente — e o horizonte é instigante. O mundo e o agro enfrentam grandes desafios: mudanças climáticas, recursos hídricos escassos, pressões por sustentabilidade, cadeias curtas, mercados exigentes, consumidores conscientes. É aí que a Epagri tem papel ainda mais estratégico.
Precisamos que ela se reafirme como hub regional de inovação aberta, conectando não apenas pesquisa interna, mas parcerias com universidades, empresas, startups, cooperativas — trazendo ao centro o agricultor, a cidade e as cadeias produtivas. Precisamos que ela traduza em soluções reais a adaptação ao clima, a transição agroecológica, a agregação de valor no rural. Precisamos que o protagonismo que já é dela se torne referência nacional.
Uma chamada ao reconhecimento coletivo
E cabe aqui um convite: como sociedade — produtores, consumidores, gestores públicos, acadêmicos, mídia — temos de reconhecer e apoiar essa jornada da Epagri. Isso não é elogio vazio: é reconhecimento de que, em 50 anos, a instituição construiu bases sólidas para o agro catarinense — e isso reverbera fora do campo, nas cidades, na economia, no meio ambiente.
Parabenizo, portanto, a Epagri. Pelo passado que realizou. Pelo presente que transforma. E pelo futuro que promete. Que os próximos 50 anos sejam não apenas de continuidade — mas de salto, de impacto ampliado e visível para cada cidadão de Santa Catarina.
Que essa celebração seja mais do que festa — seja compromisso renovado. E que, a cada maçã colhida, a cada alerta climático, a cada safra bem-sucedida, nós digamos: obrigado, Epagri — e que você continue a plantar saber-fazer, para colher progresso.