
Há tempos o Brasil vive uma inversão perigosa de valores. O criminoso virou “vítima da sociedade”, e o empresário, que gera empregos e paga impostos, passou a ser tratado como vilão. O caso da Havan e sua campanha “Amostradinhos do Mês” é o retrato perfeito dessa distorção moral e institucional que se instalou no país.
A ação criada pela empresa era simples: divulgar, em suas redes, vídeos de pessoas flagradas furtando dentro das lojas. Sem manipulação, sem invenção — apenas as imagens de câmeras de segurança mostrando o que realmente aconteceu. O resultado foi imediato: os furtos despencaram. Funcionava. As pessoas pensavam duas vezes antes de tentar roubar.
Mas, no Brasil, tudo o que funciona e exige responsabilidade individual costuma incomodar. O Ministério Público e a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) decidiram intervir, alegando violação de “direitos de imagem” e da LGPD. Resultado: os vídeos foram retirados do ar e, pouco tempo depois, os furtos voltaram a bater recordes nas lojas da rede.
A pergunta é inevitável: quem protege quem? A legislação deveria proteger o cidadão honesto, o trabalhador que acorda cedo e paga imposto, não o ladrão que entra em uma loja e sai com produtos escondidos na mochila. Quando o Estado falha na sua função mais básica — garantir segurança — e ainda pune quem tenta se defender, cria-se o terreno fértil da impunidade.
A Havan não estava fazendo justiça com as próprias mãos. Estava apenas expondo um fato — e, mais importante, mostrando à sociedade a cara de um problema real: o furto virou rotina. Milhares de comerciantes em todo o país enfrentam prejuízos diários com o chamado “crime de formiguinha”. O pequeno comerciante não tem o alcance da Havan para mostrar o que sofre. Mas todos compartilham da mesma revolta: a sensação de abandono.
O argumento de que divulgar imagens de criminosos “viola a privacidade” é, no mínimo, um contrassenso. Quem escolhe roubar em público abre mão voluntariamente do direito à privacidade naquele ato. O que está em jogo não é a imagem do criminoso, mas o direito da sociedade de se proteger e de saber o que acontece dentro de seus próprios muros.
A deputada Bia Kicis entendeu isso e apresentou um projeto de lei para corrigir essa distorção, permitindo que estabelecimentos comerciais possam divulgar imagens de criminosos flagrados em ação. É um passo importante rumo ao óbvio: quem comete crime deve temer a exposição, não se esconder atrás de brechas legais.
O empresário Luciano Hang, fundador da Havan, pode até ser polêmico, mas ninguém pode negar que ele faz o que o Estado não faz — enfrenta a criminalidade com coragem. E, ao contrário do que dizem alguns, não se trata de espetáculo, mas de autodefesa legítima.
Quando a sociedade inverte o senso de certo e errado, o criminoso agradece. E é por isso que campanhas como “Amostradinhos do Mês” não deveriam ser proibidas, mas replicadas. Porque expor o crime não é desrespeitar ninguém — é defender quem trabalha, quem produz, e quem mantém esse país de pé.
Enquanto o Estado fecha os olhos, a Havan acende a luz.