
Essa edição da coluna traz, provavelmente, uma das opiniões mais polêmicas que você vai ler sobre a Efapi do Brasil, porque ela vai muito além do que está dando errado na feira. Esta opinião fala de nós, da nossa cultura enquanto chapecoenses e oestinos, e o quanto isso prejudica o andamento da exposição, que está em alerta vermelho em termos de público: para uma meta de 500 mil visitantes até domingo (19), foram registrados até ontem (14) apenas 140,5 mil passagens pelo Parque Valmor Lunardi.
A cultura calcificada de nosso povo, em relação à busca pela independência e conforto financeiro, corroborado pelo fato de termos praticamente um veículo por pessoa em Chapecó, faz com que muitas pessoas, pura e simplesmente, colocando o conforto acima do senso de comunidade, se recusam a ir à Efapi de ônibus porque preferem ir de carro. Seja em uma ou mais pessoas, a maioria dos casos é injustificável. O que está sendo proposto aqui é algo extraordinário, um passeio que você só faz uma vez a cada dois anos.
Não percebo flexibilidade por parte da população, e mais, esta feira revela a frouxidão da educação e da autoridade dos pais de família desta cidade e do Oeste Catarinense. No programa Primeira Hora, da Condá FM, de hoje (15), muitos ouvintes afirmaram que não irão à Efapi porque sentiriam pena em não atender os pedidos das crianças por comida e atrações do Parque de Diversões. Faça-me o favor! Cadê o pulso para, com amor, orientar a gurizada que não será comprado nada dentro do parque, e manter a palavra?
O preço do estacionamento está abusivo? Sim! Aumento de 25% de uma Efapi à outra, uma vergonha! O mesmo aconteceu com parte dos alimentos. Mas existem alternativas, a feira está imperdível, e repito, é algo que a gente vive apenas uma vez a cada dois anos. A Efapi é amplamente divulgada, o planejamento financeiro para aproveitar a exposição podia ser feito com meses de antecedência. Os grupos de idosos podem visitar a feira com transporte gratuito cedido pela Prefeitura de Chapecó, entre outras facilidades.
Na edição de 1988 da Efapi, conforme o colunista João Vieira, do extinto jornal Diário da Manhã, a reclamação sobre os altos custos da alimentação no parque não são de hoje: “Expositores da VIII EFAPI reclamavam ontem (11/10/1988) contra a legítima exploração que está acontecendo no preço da comida. Tem gente cobrando 2 mil cruzados (R$ 70 de hoje) por um simples espeto corrido, e 400 e até 500 cruzados (R$ 14 a R$ 17,50 de hoje) por uma cerveja”.
A ‘facada’ pegou para pobres e ricos: “Um empresário pagou pelo almoço dele e da esposa quase 5 mil cruzados (R$ 175). Isto ele não pagaria nem pelo prato mais caro do Restaurante do Hotel Bertaso, que é o melhor da cidade. Outra reclamação é contra a cobrança de 25 cruzados (RS 0,90) por pessoa para uso dos sanitários internos (onde não havia nem papel higiênico)”. As correções foram realizadas pela Calculadora do Cidadão do Banco Central.
- Que fique muito claro: cada caso é um caso, mas eu tenho certeza que a maioria dos leitores tem condições de ir à Efapi por transporte coletivo, sem gastar nada e desfrutando de diversos brindes entregues por vários dos expositores.
- Entretanto, a Comissão Central Organizadora da feira urge em lançar ações, conjuntamente com os fornecedores de alimentação e estacionamento, para que os preços caiam ainda hoje, se possível, e o povo seja puxado para a Efapi.
- Hoje e sexta-feira (17), o programa Sala de Debates, da Condá FM, celebrará seus 35 anos no ar. A partir das 19h, Raquel Lang apresenta o espaço de entrevistas direto do estande do Grupo Condá no Pavilhão 1 do Parque Valmor Lunardi.
- A todos os professores, meu profundo desejo de que vossa autoridade em sala de aula seja incentivada e restabelecida, para que no futuro não tenhamos que enfrentar problemas como os relatados nesta edição da coluna.