
A Polícia Civil de Chapecó concluiu o inquérito sobre o assassinato do fisiculturista Valter de Vargas Aita, de 41 anos, ocorrido em 7 de setembro de 2025. A investigação revelou que a autora do crime, companheira da vítima, mantinha um sistema de vigilância improvisado no apartamento onde o casal morava, observando Valter por buracos feitos na parede entre os cômodos, com o objetivo de flagrar uma possível traição.
De acordo com o relatório final da Delegacia de Homicídios, a mulher instalou o sistema de espionagem semanas antes do crime e chegou a gravar vídeos escondida enquanto o companheiro usava o celular sozinho no quarto. O comportamento obsessivo se intensificou com a troca de mensagens com uma amiga, nas quais ela manifestava a intenção de matá-lo por ciúmes. Prints de conversas e áudios revelaram ameaças como “ele vai pagar pelo que estava fazendo comigo”, algumas acompanhadas de emojis de faca.
No dia do crime, a vítima foi surpreendida com uma facada profunda na região do pescoço enquanto acordava. Mesmo ferido mortalmente, Valter tentou fugir pela escada do prédio, onde caiu e foi novamente golpeado, inclusive no rosto — indicativo, segundo a polícia, de que a agressora queria “expiar sua raiva”.
Laudos periciais demonstraram que ao menos três facadas poderiam ter causado a morte de forma isolada. O corpo apresentava sinais de luta, com cortes nas mãos e mordidas humanas. A autora, por sua vez, apresentava apenas lesões superficiais, incompatíveis com uma suposta legítima defesa.
A mulher foi presa em flagrante e teve a prisão preventiva decretada. Além disso, havia contra ela um mandado de prisão por latrocínio ocorrido em 2019 no Rio Grande do Sul, com condenação superior a 15 anos.
O inquérito conclui que o crime foi cometido por motivo fútil e com impossibilidade de defesa da vítima — duas qualificadoras do homicídio. Se condenada, a autora pode pegar de 12 a 30 anos de reclusão, além da pena anterior.
Valter Aita era personal trainer, natural de Santa Maria (RS), e tinha destaque no fisiculturismo regional. A Polícia Civil encerra o inquérito nos próximos dias, encaminhando o caso ao Ministério Público.