
Fonte: Agência Brasil
O Brasil ainda enfrenta um grande desafio educacional: 4,2 milhões de estudantes estão dois anos ou mais atrasados na escola, segundo análise do Censo Escolar 2024 realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Os dados, divulgados nesta quinta-feira (25), apontam que esses alunos representam 12,5% de todas as matrículas no país.
Apesar do número expressivo, houve uma melhora em relação a 2023, quando o índice de atraso escolar era de 13,4%. Ainda assim, o Unicef ressalta que persistem desigualdades relacionadas a raça, gênero e contexto social.
De acordo com o levantamento, a distorção idade-série entre estudantes negros da educação básica é quase o dobro da registrada entre brancos — 15,2% contra 8,1%. O problema também é mais frequente entre meninos (14,6%) do que entre meninas (10,3%).
Para a especialista em educação do Unicef no Brasil, Julia Ribeiro, o atraso escolar não deve ser encarado apenas como responsabilidade do estudante, mas como resultado de uma série de fatores sociais. Segundo ela, compreender as causas individuais e territoriais é essencial para combater o problema.
Outro ponto de alerta é o abandono escolar, uma das principais consequências da distorção idade-série. Dados do IBGE mostram que, embora tenha crescido o número de adultos com ensino médio completo — passando de 46,2% em 2016 para 56% em 2024 —, milhões de brasileiros ainda deixam a escola antes de concluir os estudos.
Além de limitar oportunidades de emprego e melhores salários, a baixa escolaridade compromete a participação cidadã. A OCDE aponta que, no Brasil, ter diploma de ensino superior pode mais que dobrar a renda de um trabalhador.
Para enfrentar esse cenário, o Unicef, em parceria com o Instituto Claro e apoio da Fundação Itaú, desenvolve a estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar, voltada ao apoio de governos e escolas na criação de políticas públicas contra o fracasso escolar.







