
Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, participou de uma audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado na terça-feira (2), em que fez denúncias consideradas escandalosas pela oposição ao governo Lula no Congresso Nacional. Conforme o jornalista Alexandre Garcia, o atual Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, também estaria envolvido na acusação de fraude feita por Tagliaferro.
A intenção da oposição no Senado é levar a denúncia aos Conselhos Nacionais de Justiça e do Ministério Público, além do próprio STF. Tagliaferro era o ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e trabalhou diretamente com Moraes durante o seu período na presidência da corte eleitoral, entre 2022 e 2024.
Conforme a Agência Senado, Tagliaferro disse aos senadores que Moraes teria tentado direcionar o levantamento de informações para abastecer os inquéritos do STF relacionados a ataques e disseminação de notícias falsas contra a Corte e seus ministros, dos quais era relator. Após mais de sete horas de conversas com Eduardo, vários senadores pediram a instalação de uma CPI para apurar as denúncias feitas pelo ex-assessor, incluindo os parlamentares catarinenses Jorge Seif (PL) e Esperidião Amin (PP).
Conforme Alexandre Garcia, ofícios sobre a audiência da terça-feira também devem ser enviados à Organização dos Estados Americanos, à União Europeia e às embaixadas dos “países amigos” da oposição, qualificando as denúncias de Tagliaferro como o relato de uma fraude eleitoral. O veterano jornalista criticou a “omissão” da Folha de S. Paulo e do jornal O Globo sobre a audiência do ex-assessor no Senado: “se tornam cúmplices da tentativa de assassinato da democracia no Brasil”, afirma Garcia.
Tagliaferro acusou Moraes de fraude processual, manipulação de investigações, e contatos impróprios entre o ministro, a Polícia Federal e Paulo Gonet, durante a campanha eleitoral de 2022. Com a saída da federação União Progressista da base do governo, composta pelos partidos União Brasil e Progressistas, a oposição cresce e está mais confiante do que nunca que irá emplacar a anistia e a abertura de uma CPI na Câmara dos Deputados sobre as denúncias de Eduardo, mesmo que a audiência tenha sido no Senado.
A audiência de terça-feira mostra que Tagliaferro não tem testa de ferro. Colocou seu CPF para o jogo e assumiu a autoria completa da denúncia que fez ao Senado, e alegou estar arriscando a própria vida ao fazê-lo. Mesmo que isso não dê o efeito político desejado pela oposição ao governo Lula, as afirmações realizadas pelo ex-assessor precisam abrir os olhos dos brasileiros para a função que o sistema tem de proteger-se a si mesmo, sob qualquer custo, orgulhando-se de seus interesses e sua burocracia.
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