segunda-feira, agosto 11, 2025
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Felca denuncia o roubo da infância: o peso invisível do adultismo e da adultização

Confira a coluna do professor Dr. Givanildo Silva

Prof. Givanildo Silva – Doutor em Ciências Contábeis e Administração.

Há uma violência silenciosa que não deixa hematomas na pele, mas marca fundo na alma. Ela não acontece em becos escuros, mas nas salas de estar, nas escolas e, hoje, com intensidade brutal, nas redes sociais. Chama-se adultismo — a crença de que a voz de uma criança vale menos que a de um adulto — e adultização, quando a infância é sequestrada por pressões e papéis que não lhe pertencem.

O recente vídeo do youtuber Felca, que escancarou a exploração e sexualização precoce de menores na internet, expôs uma ferida aberta. Milhões assistiram, se indignaram, compartilharam. Mas a pergunta incômoda permanece: quantas dessas crianças e adolescentes, fora das câmeras, continuam carregando nas costas um fardo emocional que não escolheram?

O adultismo é sutil. Está na frase “quando você crescer, vai entender”, no olhar que desautoriza um sentimento infantil como “drama” ou “manha”. É o sistema dizendo que ser jovem é ser menos capaz, menos digno de escuta. A adultização, por sua vez, é o atalho forçado para a vida adulta — seja pela imposição de responsabilidades familiares, pela cobrança por desempenho ou pela exposição midiática que transforma meninas e meninos em produtos de consumo visual.

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O preço psicológico é alto: ansiedade, baixa autoestima, culpa e solidão. E não se trata apenas de estatísticas acadêmicas. São histórias reais de gente que cresceu sem brincar, que aprendeu a sorrir para a câmera enquanto engolia o choro, que acreditou que seu valor estava no quanto podia agradar ou impressionar.

Como sociedade, precisamos parar de romantizar a “maturidade precoce” e entender que ela, muitas vezes, é só sobrevivência disfarçada. Criança não é miniadulto. Adolescente não é adulto em treinamento. São fases da vida com direitos e necessidades próprias, protegidas não por capricho, mas porque o desenvolvimento humano exige tempo e cuidado.

Se o vídeo do Felca serviu para acender um alerta, que ele não seja só mais um viral esquecido. Que seja o ponto de virada para ouvirmos mais, respeitarmos mais e deixarmos as crianças viverem o que é delas por direito: a infância. Porque quando se rouba essa fase, não é só o presente que se perde — é a capacidade de ser plenamente humano no futuro.

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