quarta-feira, julho 30, 2025
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Quando a conta não fecha: o peso dos juros na vida das famílias brasileiras

Confira a coluna do professor Dr. Givanildo Silva

Prof. Givanildo Silva – Doutor em Ciências Contábeis e Administração.

O Banco Central divulgou que o endividamento das famílias brasileiras alcançou 49,0% da renda em maio. Um número frio, mas que revela uma realidade quente: a vida financeira da maioria dos brasileiros está por um fio. E o fio que corta o orçamento chama-se taxa de juros.

A Selic, mantida em 15% ao ano, é a espinha dorsal dessa equação. Defendida como remédio contra a inflação, ela vem se comportando como veneno para a economia real. Enquanto o índice de preços recua lentamente, o custo do crédito continua sufocando quem precisa de um empréstimo para pagar as contas, financiar a casa própria ou manter um pequeno negócio funcionando.

Os dados do Banco Central mostram um quadro alarmante: além do aumento do endividamento, o comprometimento de renda com dívidas chegou a 27,8%. Isso significa que, para cada R$ 1.000 que uma família ganha, quase R$ 280 já está reservado para pagar bancos e financeiras antes mesmo de colocar comida na mesa ou pagar o aluguel.

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O discurso oficial repete o mantra da prudência fiscal e do controle inflacionário. Mas até quando vamos aceitar que milhões de brasileiros paguem a conta desse modelo? É razoável manter juros tão altos quando boa parte do mundo desenvolvido opera em patamares bem menores? É justo sufocar consumo e investimento num país em que 60% do PIB depende justamente do gasto das famílias?

O efeito colateral é óbvio: o consumo cai, o comércio encolhe, o setor imobiliário adia lançamentos, empresas freiam contratações. O país entra num ciclo vicioso em que o medo da inadimplência trava o crédito e a falta de crédito derruba a economia.

É hora de repensar a política monetária. Combater a inflação é fundamental, mas precisa ser equilibrado com a necessidade de crescimento e geração de renda. Do contrário, corremos o risco de controlar preços à custa de uma sociedade cada vez mais endividada e exausta.

Mais do que números, estamos falando de famílias que vivem sob tensão constante, negociando boletos, adiando sonhos e, muitas vezes, vendo no crédito caro a única saída para não parar. Se o país quer prosperar, precisa aliviar esse peso. E isso começa com coragem para encarar o custo social de juros que já não cabem no bolso do brasileiro.

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