Por Larissa Dal Berto
“Mais um caso de violência contra a mulher”. Normal ouvir isso, não é? Mas não deveria ser. Quando decidimos fazer algo sobre o tema, não imaginávamos que o número fosse tão alto – aliás, até o delegado demonstrou preocupação com número de casos relacionados a essa violência. Notamos que nos relatórios da polícia, durante os primeiros 15 dias de janeiro, o número de casos de ‘Violação da Lei Maria da Penha’ foram constantes. Os períodos comparados são 01 a 15.01.2018 e 01 a 15.01.2019, foram 299% agressões a mais.
O delegado titular da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) José Airton Stang, que atua na área há sete anos, explica algumas características da violência. “A violência doméstica, é cíclica e progressiva. Inicialmente ela começa com agressões verbais, depois se tornam agressões físicas e às vezes acaba em morte”, esclareceu.
Ainda de acordo com Stang, a maioria dos casos são reincidentes. “Geralmente na primeira agressão, quando a mulher registra, o agressor já se afasta”. Para ele, a forma mais fácil para acabar com as agressões é no início ainda, para o que o ciclo seja rompido. Ser dependente financeira ou sentimental, é outro fator que contribui para o silêncio das vítimas. O que faz a violência se tornar algo crônico.
Dados
Agressor
As agressões só tem uma característica em comum: elas ocorrem dentro de casa, onde ninguém consegue ver. “Normalmente os agressores físicos são homens que trabalham com o corpo, que usam a força no trabalho por exemplo, e na hora do embate dentro de casa, acham que tem de resolver isso com força”, explicou o delegado.
Outra constatação feita por Stang, é que a provavelmente o agressor ter crescido em meio a violência e agressões. O que torna ele uma pessoa agressiva. Ele ainda disse que não tem como ‘traçar um perfil’ de quem agride, os casos são muito distintos.
DPCAMI
A DPCAMI está localizada na rua Assis Brasil, no bairro Maria Goretti. O atendimento acontece de segunda à sexta-feira das 12h às 19h. O prédio está no mesmo endereço há sete anos já, e de acordo com o delegado a estrutura não é a apropriada para atender às vítimas.
Segundo o delegado, o número de ocorrências só tende a aumentar e o efetivo não consegue dar conta de todos os casos.
Denúncias
As denúncias podem ser feitas para a Central de atendimento à Mulher – 180. Pelo disque denúncia da Polícia Civil – 181 e até mesmo pelo 190 da Polícia Militar.
Stang, relata que a maioria das vítimas faz a denúncia em terceira pessoa, porque o medo ainda assombra elas. E ele garante o sigilo absoluto. “Recebemos muitas ligações que as pessoas dizem que ficaram sabendo que a vizinha está sofrendo agressões – quando na verdade é a própria vítima – mas é o jeito que elas encontram para fazer a denúncia.”