
O preço da carne bovina subiu 21% nos últimos 12 meses nos supermercados do Brasil, ultrapassando a inflação oficial no período. O principal fator por trás da disparada é o crescimento nas exportações, que somaram US$ 2,9 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2025, pressionando a oferta no mercado interno e encarecendo o produto para o consumidor final.
A demanda externa aumentou após queda na produção de carne em países concorrentes, como Argentina e Austrália, o que abriu espaço para o Brasil suprir parte desse mercado. Com isso, parte significativa da produção nacional foi direcionada ao exterior, reduzindo a disponibilidade interna e colaborando para o aumento nos preços.
Mas o cenário não se limita à alta nas exportações. O atual ciclo pecuário, marcado pela menor disponibilidade de bezerros e retenção de fêmeas, também reduz o número de animais prontos para o abate. Além disso, os custos com insumos como ração, energia, transporte, vacinas e combustíveis vêm pesando no bolso do produtor, que repassa esses aumentos ao consumidor.
Com previsão de queda de 4,9% na produção de carne bovina ao longo de 2025, o impacto já é sentido na mesa dos brasileiros. Muitos têm trocado a carne vermelha por proteínas mais baratas, como frango, ovos e peixe, ou adotado estratégias como visitar diferentes mercados e açougues em busca de melhores preços. A mudança nos hábitos alimentares reflete diretamente no orçamento das famílias.
Enquanto isso, especialistas e representantes do setor buscam soluções para equilibrar o volume exportado com o abastecimento interno. O desafio está em atender à demanda internacional crescente sem comprometer o poder de compra e a alimentação da população brasileira.