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Outubro de 2026 parece longe para você? Pois não é para Michel Temer (MDB). O ex-presidente está se movimentando nos bastidores para dar as cartas da próxima eleição. Conforme a newsletter The News, tem trabalhado para unir cinco governadores em uma aliança capaz de enfrentar a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O projeto, chamado “Movimento Brasil”, visa formar uma candidatura sólida de centro-direita, com nomes como Eduardo Leite (PSDB), Ratinho Junior (PSD), Romeu Zema (NOVO), Ronaldo Caiado (União) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ex-presidente tem defendido que, antes de definir o candidato, os partidos de centro-direita devem trabalhar juntos na construção de um programa de governo unificado.
A relevância da proposta é que Bolsonaro e Lula, ao mesmo tempo em que são as figuras políticas mais populares do país, são também os com maior rejeição: hoje, 55% do país rejeita tanto um quanto o outro. Uma suposta terceira alternativa, composta por diferentes políticos, poderia pegar uma fatia dos eleitores que votariam em um ou outro por “falta de uma opção com real possibilidade de vitória”, ainda mais envolvendo nomes relevantes, incluindo governadores.
Temer ainda traz na sua tese dois pontos importantes: Bolsonaro estar inelegível até 2030 e a atual baixa aprovação do governo Lula. Entretanto, esse movimento também aconteceu em 2018 e 2022, mas, em ambos os casos, a tentativa de aliança não se materializou, fazendo com que nenhum candidato mais de centro tivesse chance real de vitória.
A tendência é de que, novamente, esse movimento não prospere. Primeiramente, porque Zema, Tarcísio e Ratinho Jr. declaram apoio ao ex-presidente Bolsonaro, mesmo que inelegível, para que ele seja candidato no ano que vem, o que pode fazer que venhamos a viver algo parecido com 2018, quando Lula forçou uma candidatura ilegal à presidência até enquanto pôde.
Eduardo Leite, enquanto governador do Rio Grande do Sul, está em um partido fraco perante o que o PSDB já foi. Em entrevista ao programa Sala de Debates, no dia 4 de abril, o deputado estadual e pré-candidato a governador de Santa Catarina pelo partido, Marcos Vieira, alega que a Social Democracia foi ‘vítima’ de pessoas que priorizaram projetos pessoais em detrimento do partido, a exemplo do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Ainda, Ronaldo Caiado é pré-candidato à Presidência da República, tem apoio dentro do partido e pode contar com o cantor Gusttavo Lima como marqueteiro. O problema é que ele também está inelegível, apesar de poder reverter a situação no TSE, situação que para Bolsonaro não existe. Este cenário de viabilidade da centro-direita não é impossível, mas facilmente pode se deteriorar novamente. Temos um Michel Temer seguindo sua característica de estar remando contra a maré. Espero que dê certo!
Recadinhos
- * Reportagem do programa Fantástico de ontem (27), da TV Globo, mostra que enquanto o governo do RS injetou R$ 6,4 bilhões na reconstrução do Estado devido às enchentes do ano passado, o Governo Federal colocou R$ 111,6 bilhões.
*Entretanto, temos que ver as proporções de aporte em relação aos orçamentos de despesas previstas para o ano em cada uma das esferas: para o governo gaúcho, R$ 83 bilhões, enquanto para o Governo Federal, R$ 5,5 trilhões.
* Logo, o Governo do Rio Grande do Sul comprometeu 7,7% do orçamento para a reconstrução do Estado, enquanto a administração nacional comprometeu 2% do orçamento.
* Apoiadores do Governo Lula prontamente usaram as redes sociais para defender as ações federais, mas acredito que, apesar do bom volume de recursos dispostos ou renunciados, o grande problema é a falta de agilidade na reconstrução do RS.
