A nova temporada da coluna começou forte. Ontem (24) conversamos sobre a denúncia apresentada pela deputada federal Caroline de Toni (PL), do Oeste de Santa Catarina, que pode sustentar um processo de impeachment contra o presidente Lula (PT). Recebemos mais de 300 comentários, e muitos deles criticaram este jornalista. Entre xingamentos e desqualificações, entendi a indignação de muitos dos internautas, e portanto, vamos esclarecer alguns pontos.
Primeiramente, um eventual impedimento do atual presidente não significa, em absoluto, a volta de Jair Bolsonaro (PL) ao poder. Ele está inelegível, independentemente de quantas pesquisas eleitorais colocarem o ex-presidente em primeiro lugar, não importando também a influência que ele ainda possui sobre a direita nacional.
A excelente apuração realizada pela equipe do programa Fantástico da TV Globo no domingo (23) demonstra que Bolsonaro tem muito o que explicar à Justiça. As frequentes citações a ele nos áudios divulgados mostram que, se for analisado com prudência o material pelo eleitor e pela ciência política, o ex-presidente já deveria ser totalmente desconsiderado na corrida eleitoral de 2026, por puro bom senso.
Os áudios demonstram que a tentativa de golpe está mais perto de ser comprovada do que de ser desmentida, e com provas robustas. Essa situação me remete à tentativa de golpe de Estado ocorrida em 23 de fevereiro de 1981, na Espanha. Na ocasião, guardas civis tomaram o Congresso no dia da definição do novo primeiro-ministro, só que os “combinados” com as Forças Armadas deram quase todos errados. As facções golpistas foram detidas e parcialmente punidas, e a democracia segue firme naquele país.
A Antena 3, primeiro canal de TV privada da Espanha, criada anos depois do fato, em 1990, denominou em um documentário a tentativa como um “golpe de opereta”, ou seja, uma ópera leve, um teatro para a família toda. Nesse documento, foram divulgados áudios de conversas telefônicas entre o guarda civil líder da tentativa de golpe e o líder de um movimento de extrema-direita apoiador do movimento e partícipe do núcleo de organização da tentativa.
Qualquer semelhança com dezembro de 2022 não é mera coincidência. Em vez de marchas militares nas rádios, gritos de “apenas mais 72 horas” nos quarteis. Em vez de um Congresso sitiado, civis e militares infiltrados. O objetivo era o mesmo, a mecânica era mais moderna e “popular” no nosso caso, conforme os áudios divulgados pela Globo.
Entretanto, o fanatismo e a idolatria a figuras políticas, coisa típica do ser humano, fez com que nossa coluna de ontem fosse resumida a uma torcida para que Bolsonaro volte ao poder. Mesmo que alguns me aconselhem a desconsiderar esses comentários, eles são a razão de continuar abordando e esclarecendo temas que, mesmo parecendo insolúveis ou petrificados, precisam ser analisados de uma forma diferente, provocativa e opinativa.
Desejo muito uma reciclagem no nosso sistema político, sou alguém que é favorável a renovação e a ocupação do espaço político por pessoas preparadas, estudiosas e com bons projetos para a comunidade. Mas pelo que vejo, muitos eleitores estão enganados, pensando que a atual polarização lhe trará algum lucro, que é mais fácil idolatrar um político do que pensar bem no voto.
Recadinhos
Alguém duvida que o PL da Anistia não vai ser aprovado após o que foi divulgado pelo Fantástico? A oposição afirma ter 230 votos na Câmara dos Deputados, mas duvido muito
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Não sei se tem alguém que concorde comigo nisso, mas reforço: precisamos pensar que podemos ter gente melhor na presidência da República, e não que temos apenas duas opções
