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A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma taxação de 25% sobre o aço brasileiro traz incertezas e desafios para a indústria nacional. O presidente do Sindicato Empresarial das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico da Região de Chapecó (Simec), Carlos José Martinelli, alerta para as consequências dessa medida, que vão desde a queda dos preços internos até possíveis dificuldades no abastecimento do mercado nacional.
Efeito imediato: queda de preços no mercado interno
De acordo com Martinelli, que além de empresário é economista, a primeira consequência dessa taxação será um aumento da oferta de aço no Brasil, o que pode gerar uma redução dos preços internos no curto prazo. Isso acontece porque as siderúrgicas terão de redirecionar parte da produção que antes era exportada para os Estados Unidos.
A região de Chapecó, um dos principais polos consumidores de aço no Brasil devido à força da indústria eletrometalmecânica e da construção civil, poderá sentir esse impacto rapidamente. O setor metalmecânico, por exemplo, pode adquirir aço com descontos temporários, o que contribuiria para a redução dos preços dos produtos finais. No entanto, essa queda não será proporcional, já que os custos operacionais continuam elevados.
Risco de desabastecimento e alta nos custos a longo prazo
O que parece uma vantagem no início pode se tornar um problema maior adiante. Martinelli aponta que, se os preços do aço permanecerem baixos por muito tempo, as siderúrgicas podem ser forçadas a reduzir a produção. Isso pode levar a um futuro desabastecimento no mercado interno, forçando as indústrias a recorrerem à importação — um processo que também enfrenta taxação de 25% no Brasil.
Além disso, o economista destaca que algumas siderúrgicas brasileiras possuem unidades nos Estados Unidos, o que pode permitir que continuem operando sem impacto direto da taxação. Isso, no entanto, pode significar uma vantagem para essas empresas, enquanto as indústrias que dependem do aço nacional enfrentam incertezas.
Pressão sobre o governo brasileiro para reverter a decisão
Diante desse cenário, Martinelli ressalta que o governo brasileiro precisa intensificar esforços diplomáticos para minimizar os impactos da medida imposta pelo governo dos Estados Unidos. Ele sugere que o Brasil siga o exemplo de Canadá e México, que negociaram condições especiais e conseguiram quotas de exportação livres da taxa extra.
No complexo “tabuleiro de xadrez” do comércio internacional, boas relações entre os países podem ser decisivas para garantir condições mais favoráveis. A indústria nacional aguarda respostas rápidas do governo, pois os efeitos da taxação já começam a ser sentidos — e podem se agravar caso não haja uma solução estratégica para contornar essa nova barreira econômica.