quinta-feira, fevereiro 6, 2025
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Quinta da Opinião: Governo Lula I, II E III

Leia a coluna de Írio Grolli no Quinta da Opinião

Irio Grolli
Foto: Irio Grolli | Ex-promotor de justiça, juiz de direito aposentado, mestre em direito pela UFSC e advogado

Nos governos Lula I e II, no campo econômico, Lula colocou em prática uma política econômica que trouxe resultados positivos para o Brasil em diferentes aspectos, como o controle da inflação e a garantia da estabilidade do Real. O PIB brasileiro teve um crescimento médio de 4% ao ano. Esse cenário de crescimento econômico ancorou-se, sobretudo, no crescimento das exportações de matérias-primas e commodities do Brasil para nações em vertiginoso crescimento, como a China. Os três principais produtos de exportação do Brasil tiveram como principal comprador a China, sendo a soja responsável por 78,9% de todas as exportações do Brasil.

O governo I e II ficou marcado por ser um período de intenso crescimento econômico, mas teve sua credibilidade abalada por escândalos de corrupção instalados na cúpula do governo, que realizava compra de parlamentares a partir de Caixa 2 para que apoiassem no Legislativo as pautas de interesse do governo. A partir de tais fatos, os parlamentares, para financiar suas despesas de campanha e garantir sua reeleição, criaram as chamadas emendas parlamentares, sendo elas impositivas, individuais e de bancada, que objetivam destinar recursos para suas bases parlamentares e garantir sua reeleição.

O orçamento de 2025 prevê 38,9 bilhões para emendas impositivas, fora as emendas individuais e de bancada. O parlamento, atuando como um sindicato em defesa de seus interesses, colocou a mão em uma grande fatia do orçamento. Afora isso, criou-se o Fundo Eleitoral, principal fonte de receita para a realização das campanhas eleitorais. Percebe-se com isso que o parlamentar não precisa mais do executivo para pagar suas campanhas e garantir sua reeleição. Portanto, o parlamentar não precisa mais do mensalão ou outras formas de submissão aos interesses do executivo, surgiu assim o Centrão, que se parece com um sindicato.

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No terceiro mandato (Lula III), as coisas mudaram muito. O Judiciário passou a legislar, investigar e condenar. O Congresso tomou para si grande parte do orçamento. Jair Bolsonaro organizou a extrema direita popular. As redes sociais se tornaram a fonte de informação. As igrejas evangélicas assumiram que querem ditar em lei o comportamento de todos os brasileiros. O mercado financeiro e o agronegócio viraram os mais poderosos eixos da economia. O Centrão voltou mais forte do que nunca. No mesmo período, perderam poder os sindicatos de trabalhadores, a indústria, a mídia e a presidência da República. O Lula III tem se tornado um governo ausente.

No ano de 2023, Lula passou boa parte do tempo fora do País. Lula está menos disposto a receber seus ministros e ouvir más notícias. Ele recebe poucos empresários e, quando o faz, se autoelogia mais do que escuta. Os políticos de situação são unânimes em comparar suas dificuldades de acesso em relação aos mandatos passados – embora muito dessa distância seja uma forma de Lula se preservar de pedidos que não quer ter o desgaste de negar. Os próximos dois anos vão exigir mais de Lula do que os últimos dois. O mercado financeiro, desconfiado, e a economia sofrendo com juros altos, exigem um grande esforço do governo. O sucesso de Lula em lidar com esses desafios vai depender de qual Lula estará no comando.

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