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Permito-me parafrasear o Dr. Alfredo Lang, quando ele fundamentava seus comentários no programa Linha Direta, da Condá FM, nos jornais impressos que circulam em Chapecó: “Chega neste instante na redação do meu quarto o jornal Folha Universal, editado em São Paulo, com ampla abrangência na área de cobertura do ClicRDC. Destaque de capa: ‘Dívidas, separação e tentativa de suicídio. Por negligenciar tudo que é sagrado, Roberto da Silva viu sua vida quase ser destruída”.
Quando eu peguei a atual edição do semanário da Igreja Universal do Reino de Deus, tomei um susto. se eu publicasse uma manchete como essa na época em que trabalhei em jornal impresso, ia para o olho da rua no mesmo dia. Alguém pensa que essa foi uma proposta inteligente para o principal destaque da capa de uma publicação evangélica com cerca de 5 milhões de leitores semanais? Eu, não.
Estou lendo o livro Afirma Pereira, de Antonio Tabucchi, que conta a história de um jornalista português que, em agosto de 1938, era editor da página cultural do jornal Lisboa. No meio do salazarismo português, do Fascismo italiano, da Guerra Civil Espanhola e do Nazismo alemão, este jornalista recusava do estagiário um e outro obituário, justamente porque o jovem se deixava levar pelas paixões que a censura não permitia expressar. Mesmo que os textos fossem bons e com cunho jornalístico, o destino era a lata do lixo.
Abordando esses dois exemplos, gostaria de expressar ao internauta a importância da comunicação de forma eficaz e abrangente, sem aventuras. Chegar a um nível de excelência neste tema é difícil para qualquer um, inclusive para mim. Eu tenho interesses a defender dentro e fora da profissão, e isso faz parte do jogo. No entanto, o jogo possui regras, e muitas vezes a isonomia e a cautela buscadas na hora de comunicar informação e opinião simplesmente somem, por causa da paixão ou do sentimento do momento, do fato.
Isso é muito perigoso e entendo que esse foi um dos motivos pelos quais a imprensa estadunidense, juntamente com os institutos de pesquisa, erraram de maneira grave nas eleições de ontem (5). A Polling Data, aqui no Brasil, errou a previsão matemática da disputa porque as pesquisas erraram. Costumo me basear em dados e informações, e muitas vezes esqueço de que muitas delas, nesta cobertura, estão enviesadas, inclusive nos números.
É uma vergonha para a democracia e o jornalismo mundial ver tanta falha na imprensa do maior país do mundo. Donald Trump obteve uma vitória expressiva, sem muitos apertos, ao contrário do que fizeram o mundo inteiro esperar. Colocou 5 milhões de votos de diferença em Kamala Harris. Vai abrir espaço no mandato que inicia em 20 de janeiro para propostas de paz mundial jamais vistas antes, e terá facilidade para governar, já que tem maioria na Câmara dos Deputados e do Senado. Tudo isso vai mexer com o Brasil também.
Recadinhos
. O Porto Rico fez referendo para que o povo manifestasse formalmente, e de novo, o desejo de se tornar o estado número 51 da União Americana. Quase 60% dos votos são a favor da incorporação do estado livre associado aos Estados Unidos.
. Na Flórida, foi a referendo a legalização do consumo recreativo de maconha, e a proposta foi rejeitada. Para uma possível vitória, era necessário que a opção Sim chegasse a 60%, mas ela acabou parando nos 56%.
. Todos os estados tiveram referendos ontem. Um que considerei interessante foi no Arkansas. Os eleitores decidiram que deverá ser expandido o uso do fundo das loterias para fornecimento de bolsas de estudo em escolas profissionais e técnicas.
. A participação popular nas eleições de ontem pode ser menor do que em 2020. Até às 11h25 de hoje (6), tinham sido computados cerca de 140 milhões de votos, contra 158 milhões da eleição presidencial passada.
