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Vitória de Trump: Escalada comercial entre EUA e China abre oportunidades estratégicas para o agronegócio e a indústria brasileira

Confira a coluna do Doutor em Ciências Contábeis e Administração, Givanildo Silva

Foto: Givanildo Silva | Doutor em Ciências Contábeis e Administração

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A reeleição de Donald Trump em 2024 sinaliza um cenário econômico global com desafios e oportunidades para o Brasil. A continuidade das políticas protecionistas e a intensificação das tensões comerciais com a China podem redefinir os fluxos de exportação e investimento, criando condições para que o Brasil amplie sua atuação em mercados internacionais e atraia novos investimentos. Abaixo, são detalhados os principais impactos econômicos que a reeleição de Trump pode trazer para o Brasil.

Expansão das exportações agrícolas para a China

Uma das repercussões mais imediatas e promissoras para o Brasil diz respeito ao setor de agronegócio. Durante a primeira gestão de Trump, a guerra comercial com a China resultou em uma maior procura chinesa por fornecedores alternativos de commodities agrícolas. Naquela época, o Brasil foi um dos maiores beneficiados, aumentando suas exportações de soja e carne bovina para o mercado chinês.

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Com o retorno de Trump, é provável que as tensões comerciais se intensifiquem novamente, o que poderá solidificar ainda mais o papel do Brasil como fornecedor de produtos agrícolas para a China. Ao se distanciar ainda mais dos Estados Unidos, a China poderá fortalecer suas relações comerciais com o Brasil, buscando suprir a crescente demanda por alimentos e produtos agrícolas, particularmente soja e carne bovina.

Por outro lado, a China vem implementando estratégias de diversificação de fornecedores e investindo na segurança alimentar, com políticas que incentivam a autossuficiência. Esse movimento indica que, apesar das oportunidades de curto prazo, o Brasil precisa estar atento às mudanças estruturais nas políticas de importação chinesas para manter sua relevância no mercado.

Redução da concorrência americana em mercados internacionais

As políticas protecionistas de Trump tendem a reduzir a presença de produtos norte-americanos em algumas regiões estratégicas, o que abre espaço para o avanço brasileiro em mercados como a América Latina e a África. No caso da América Latina, a saída dos EUA da Parceria Transpacífica (TPP) e a renegociação de acordos comerciais geraram incertezas que enfraqueceram a presença americana em setores-chave.

Para o Brasil, essa ausência de concorrência direta com os produtos norte-americanos cria uma janela de oportunidade para aumentar sua influência na América Latina, especialmente em setores como veículos, máquinas agrícolas e bens de consumo. O comércio entre Brasil e Argentina, por exemplo, registrou um aumento significativo nas exportações brasileiras, reforçando o potencial de expansão.

Na África, a menor presença norte-americana também possibilitou que empresas brasileiras, principalmente dos setores de infraestrutura e agronegócio, ampliem suas operações no continente. Corporações como a Vale e a Odebrecht têm aumentado seus investimentos em países africanos, fortalecendo as exportações brasileiras de bens e serviços para a região.

Brasil como destino de investimentos em setores estratégicos

A reorganização das cadeias globais de valor, impulsionada por políticas comerciais americanas, pode consolidar o Brasil como um destino atrativo para investimentos estrangeiros em setores estratégicos, como tecnologia e manufatura. A pandemia de COVID-19 evidenciou as vulnerabilidades nas cadeias de suprimentos globais, fazendo com que muitas empresas busquem diversificar suas operações e diminuir a dependência de poucos fornecedores.

O Brasil, com sua abundância de recursos naturais, como petróleo, água e terras férteis, e um setor agrícola altamente competitivo, apresenta vantagens competitivas que podem atrair esses investimentos. Além disso, o governo brasileiro tem incentivado o setor industrial, oferecendo financiamentos e benefícios fiscais para projetos de inovação e modernização.

Porém, há desafios a serem enfrentados. O ambiente de negócios no Brasil ainda apresenta complexidades e burocracias que, segundo analistas, precisam ser resolvidas para que o país aproveite o potencial de atração de investimentos. A comparação com o México, que atrai muitos investimentos graças à proximidade com os EUA, exemplifica a necessidade de reformas que tornem o Brasil mais atrativo aos investidores estrangeiros.

Outro ponto crítico é a infraestrutura. O setor de transporte e logística requer investimentos robustos para melhorar a competitividade brasileira. Segundo especialistas, o Brasil precisa direcionar cerca de 4,31% de seu PIB anual para o desenvolvimento de infraestrutura ao longo da próxima década para garantir que o país ofereça condições adequadas para receber grandes investimentos internacionais.

Desafios e perspectivas

A reeleição de Trump oferece ao Brasil oportunidades concretas para expansão econômica, mas essas vantagens dependem de uma série de fatores estruturais e políticas que precisam ser implementadas internamente. A diversificação de mercados e o fortalecimento das relações comerciais com a América Latina, África e Ásia são passos fundamentais para consolidar uma posição de destaque no cenário internacional.

No entanto, o país precisa equilibrar essa expansão com a resolução de desafios internos. Melhorias no ambiente de negócios e investimentos em infraestrutura são essenciais para que o Brasil consiga aproveitar ao máximo as oportunidades criadas pelas mudanças no comércio global.

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