O levantamento do Banco Central que foi solicitado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) é o atestado de que, primeiramente, o Brasil nunca foi tão comunista. Sim, esse país é comunista, sem precisar ter comunistas no poder. A ideologia veio pelo sistema cultural e educacional do nosso país, reformulado nas últimas cinco décadas. E essa ideologia tirou espaço dos conceitos de planejamento financeiro nos currículos escolares, e até universitários.
É inconcebível que uma pessoa pobre, que recebe o Bolsa Família para sustentar a família, e que sem esse recurso estatal ficaria provavelmente sem recursos, gaste uma média de R$ 147 ao mês em apostas online. O pior é que mesmo com um pente-fino que corte o benefício de 9 milhões de beneficiários que foram identificados pelo Banco Central, ainda assim, o problema não estará resolvido.
O motivo é a mentalidade do brasileiro. A indolência, a desorganização da nossa sociedade quando o assunto é gastar menos do que se ganha, priorizar o atendimento das necessidades básicas, entender que tem pessoas debaixo do mesmo teto em que você dorme que dependem de você para ter o que comer todos os dias. Esses são conceitos que, provavelmente, não estão na cabeça destes 9 milhões de brasileiros.
Fomos ensinados, doutrinados de maneira espúria a depender do Estado, do establishment, do que está posto na estrutura social, política, econômica e cultural do país, muitas vezes sem o direito de questionar ou sugerir melhorias. Nosso país vive uma pseudo-democracia. Uma constatação de desastre financeiro nas famílias de baixa renda do Brasil como a que temos em mãos é apenas a ponta do iceberg.
Papai Estado vai ter que agir
O Governo Federal, que bebe do leite proveniente do voto da grande maioria daqueles que recebem benefícios estatais, não pode ficar “jogando fruta”, só falando que tem uma proposta para regulamentação das bets, que tem outra para combater o crime organizado que se infiltrou em algumas das empresas de apostas online, que a taxação das apostas vai ajudar na saúde financeira da União, que vai, que vem, que vai. É hora de agir.
O que pode ser feito via medida provisória ou decreto está atrasado. O Congresso Nacional não tem mais a Reforma Tributária como pauta urgente, logo, pode colocar outra prioridade, certo? Está errado. Antes das eleições, não vão fazer nada, atendendo à conveniência dos poucos congressistas suspeitos de terem envolvimento nesse rolo.
Isso acontece sem contar os conflitos entre base e oposição que envolvem, principalmente, as pautas envolvendo a abertura de processo de impeachment contra Alexandre de Moraes e a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Aqui, confio piamente na desesperança do cenário político atual. Cada um, joga pelos “interesses” que lhe convém, como diria o Dr. Alfredo Lang.
Recadinhos
Infelizmente, o caminho mais fácil para, ao menos, diminuir esse desastre nacional, em que há mea culpa entre as bets e os apostadores, é uma regulamentação rápida e rígida das casas de apostas online.
A urgência que precisa ser aplicada, na minha opinião, para a tramitação dessa legislação, tira a vontade de muitos em ver debates entre as empresas, o governo e o Congresso Nacional.
É visível o estrago, é inegável. O que mais precisa ser discutido antes de taxar exemplarmente as casas de apostas e buscar a diminuição do déficit fiscal da União com os impostos que forem arrecadados?
Se somarmos o corte dos benefícios de quem apostou e os R$ 12 bilhões previstos com o imposto sobre as bets, o Governo Federal vai poder respirar bem tranquilo, sem precisar aumentar uma vírgula de tributo sobre todo o resto da economia.
