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Política e religião: experiências e perspectivas

Confira a coluna do jornalista André de Lazzari

Foto: Jornalista André Lazzari

Hoje relembro experiências pessoais. Nesta discussão da relação perigosa, desde sempre, entre política e religião, recordo os vários momentos em que vi discursos eleitorais e eleitoreiros em palcos de igrejas evangélicas e católicas, gravados em vídeo ou presencialmente. A vivência e o tempo nos permitem estudar melhor esta relação, e analisá-la de forma aplicada às eleições municipais de 6 de outubro.

Começo com a postura de muitas igrejas darem palanque a candidatos membros destas denominações, “encampando” pessoas da comunidade para serem os representantes de um CNPJ, sem se preocupar muito com a comunidade cristã como um todo, que chega a compor 86% da população brasileira, conforme o IBGE. Para ficar mais compreensível ao internauta, vamos a um exemplo que está repercutindo muito.

Faz o M

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Antes de Pablo Marçal, membro da Igreja Videira de Goiânia, que comemorou 25 anos na semana passada, sair da cidade natal para se destacar nacionalmente em São Paulo; o candidato a prefeito da maior cidade do país criou o conceito de fé que defende, com doutrinas não fundamentais absolutamente debatíveis, à capital do Estado de Goiás.

Se a forma como os líderes eclesiásticos entendem a fé e pregam doutrinas não interfere na forma como se entende a política dentro de muitas igrejas neste país, eu paro de fazer a coluna. Isso é visível na atitude de Marçal, que na fala dele durante a festa de aniversário da Videira no Estádio Serra Dourada, agiu como pregador evangélico e líder bastante afinado ao que a congregação prega. Em nenhum momento você vê um Pablo candidato.

Essa é uma situação diferente da de quem não vem de uma congregação específica, e recorre ao ecumenismo para conquistar o voto de toda a comunidade cristã, o que é nojento. Isso é o que Ricardo Nunes (MDB) está fazendo em São Paulo, logrando o apoio de diversas denominações evangélicas e parte da Igreja Católica. Com Marçal é diferente. Ele já demonstrou visível interesse pelos votos de toda a comunidade cristã, se mostrando como alguém da casa, comprometido com as pautas comuns desse eleitorado.

Estratégia eclesiástica

A forma como uma igreja se manifesta política e eleitoralmente é decidida, sempre, dentro das quatro paredes da congregação. Mesmo as paróquias católicas, e igrejas das comunidades, definem isso por si, apesar das orientações diocesanas e de organizações maiores, como a CNBB, ou as diretorias nacionais das grandes denominações evangélicas. Os partidos só recebem os efeitos dessas decisões, já que até hoje, não vi agremiação partidária nem candidato recusar oração durante uma campanha eleitoral.

Observada essa independência, analise você como cada congregação vem se posicionando nessas eleições no seu bairro, na sua cidade. Um candidato só terá palanque onde deixarem. Antes de tudo, uma organização cristã deve ter como atividade-fim a propagação do Evangelho de Jesus, e fazer com que Ele ganhe todas as eleições possíveis na mente e no coração de cada pessoa alcançado pelo trabalho de cada congregação.

Se você é cristão de fato, e vê um candidato sendo aceito em uma congregação que não cresce, que não está atuante o ano todo, que não causa repercussão na sociedade, desconfie. Talvez você vá votar em alguém que não defenda os princípios cristãos, e esteja utilizando tal local como massa de manobra.

Recadinhos

  • Em Chapecó, várias denominações evangélicas, e a própria Igreja Católica, possuem membros candidatos a vereador. Nem todos recebem o apoio expresso das igrejas que frequentam, no formato explicado anteriormente.
  • Já vi exemplos bem estapafúrdios de apoio. Um deles foi em 2006, quando um conhecido ex-deputado estadual de Chapecó apoiou Antônio Carlos Sontag (PSB) ao Governo do Estado, em vez de apoiar a reeleição de Luiz Henrique da Silveira.
  • Isso quase custou a reeleição dele à Assembleia Legislativa. Já o Sontag, coitado, teve apenas 2,4% dos votos.
  • Como diria Luiz Henrique, “política não se faz com o fígado”. E, sinceramente, o que mais vejo dentro do meio cristão em Chapecó são pastores, padres e adjacentes, fazendo justamente o contrário da frase do ex-governador.
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