
Para ajudar, orientar e instruir quem deseja adotar ou mesmo promover o compartilhamento de experiências para quem já adotou ou está em processo de estágio de convivência, foi criado em Chapeco o Grupo de Apoio à Adoção do Oeste/SC. Trata-se de uma entidade privada, sem fins lucrativos e apartidária com foco no incentivo a adoção tardia e que conta com o apoio do Juizado da Infância e da Juventude de Comarca de Chapecó.
A inciativa surgiu da dificuldade de encontrar profissionais familiarizados com o tema e da busca por um espaço de compartilhamento de ideias.
De acordo com o jornalista Luis Fernando Lopes Levay de 43 anos, membro do grupo;
“Depois que você passa por todo o processo necessário, incluindo o curso de adoção, pesquisa muito, enfrenta a espera e amadurece no processo, entendendo o que significa de fato adotar, é o momento em que provavelmente você já estudou muito e percebe que a maioria das pessoas não está familiarizada com o tema. É muito comum as pessoas terem ideias muito distorcidas sobre a adoção. Assim como também é comum que mesmo em locais onde deveria haver um certo preparo (como na escola por exemplo) a gente se depara com pessoas que desconhecem o básico sobre a adoção.”
Os encontros do grupo são online e ocorrem quinzenalmente, aos sábados às 14h30, tem duração de uma hora e contam com a participação de profissionais como psicólogos, advogados, assistentes sociais, professores, especialistas e pesquisadores em adoção. Todos voluntários. Durante os encontros pais adotivos e pretendentes compartilham o dia a dia da adoção, direitos/deveres e novidades sobre o tema. Além de conscientizar sobre a adoção responsável que diz respeito aos motivos concretos que levam uma pessoa a adotar.
O objetivo é através da informação, do debate e do compartilhamento de experiências orientar e capacitar pretendentes a adoção e também prestar apoio psicológico e jurídico para famílias que já adotaram ou estão em processo de estágio de convivência.
Quem quiser participar (inclusive como voluntário ou ouvinte), pode entrar em contato pelo telefone 49 991541750(WhatsApp).
O próximo encontro será realizado no dia 11 de junho e vai contar com a participação da psicóloga Patrícia Pérego Supervisora do Acolhimento Institucional Casulo de Xanxerê. Será um bate-papo sobre como é a vida dentro de um abrigo, as expectativas e a preparação para a adoção.
Relatos de adoção
O desejo pela adoção surgiu ainda na infância. Foi aos sete anos de idade que o jornalista Luis Fernando Lopes Levay de 43 anos, soube que era adotado por parte de pai.
“Foi algo muito natural, meu pai adotivo nunca escondeu o fato de eu ter sido adotado e sempre me falou a verdade sobre a minha família biológica. Isso foi fundamental para o meu processo de construção de identidade” diz Luís.
Por vários anos a ideia de repetir o gesto do pai adotivo esteve presente. Mas foi depois dos quarenta anos que Luís decidiu adotar. Logo de início, não teve dúvida, a escolha foi pela chamada adoção tardia de um menino com 12 anos de idade.
Hoje o pai solteiro, diz que está aprendendo com os desafios (que são diários) e não imagina mais como seria a vida sem o filho do coração.
“É como se ele sempre estivesse aqui. Não da pra imaginar a vida sem ele. Claro que existem desafios e preocupações, a rotina muda radicalmente, mas tudo é compensado por muitos sorrisos e abraços apertados acompanhados por sonoros “Eu te Amo Pai”.
A opção pela adoção tardia fez com que o processo de adoção se desse de forma rápida. Entre o pedido para habilitação no Fórum e a chegada do filho, passaram-se nove meses, tempo considerado curto em processos de adoção.
Já a cirurgião dentista Deise Zanata Tormem de 44 anos e o marido entraram com o pedido em 2016 mas só foram considerados habilitados para adoção em 2017. De início, a opção foi por uma criança na faixa etária de até 7 anos e aceitavam grupo de irmãos.
“Tivemos muito tempo para buscar informação, eu li bastante, vi filmes, assisti entrevistas, conversei com amigos que também adotaram… mas a nossa vez nunca chegava… mesmo tendo um cadastro com poucas restrições.” Afirma Deise.
A solução parecia estar no cadastro Busca Ativa criado pelo judiciário catarinense para incentivar a adoção de crianças e adolescentes acima dos 9 anos.
“Fizemos atualização do cadastro e ampliamos a faixa etária. Para nossa surpresa, fomos chamados na mesma semana: era um grupo de irmãos, optamos por recusar porque não queríamos separar o grupo. Na segunda ligação nos apresentaram o Mateus. Na semana seguinte já conhecemos ele por vídeo chamada e fomos conhecê-lo pessoalmente no final de semana (passamos 2 dias com ele). Semana seguinte fomos novamente… em 15 dias (desde q o conhecemos) ele já veio morar conosco” conta.
Preconceito x Falta de informação
Segundo Luís a falta de informação, muitas vezes impede que pessoas que tem vontade de adotar busquem essa opção.
“Quando digo que sou solteiro, e que adotei um menino as pessoas perguntam: “Como assim? Não precisa ser casado para adotar uma criança? Como você conseguiu?” Quando na verdade não há qualquer impedimento legal para que pessoas solteiras adotem. O mesmo ocorre com com idosos e casais homossexuais por exemplo.