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Com mais de 200 mil seguidores, auxiliar médico-legal de Chapecó divide rotina de trabalho no TikTok

O vídeo mais assistido pelos seguidores, possui mais de dois milhões de visualizações


Por: Alessandra Bagattini

Foto: Arquivo Pessoal

Encarar diversos plantões e a correria de ocorrências nunca foi uma tarefa fácil. Mas atuar na linha de frente de investigações, principalmente criminais, gera muitas curiosidades. E foi buscando sanar isso, mas também incentivar pessoas que compartilham do mesmo sonho de profissão, que Aline Kardauke, auxiliar médico-legal, começou a dividir parte de sua rotina em vídeos, no aplicativo TikTok. Atualmente, ela já coleciona mais de 201 mil seguidores e ultrapassa 958 mil curtidas. 

A jovem é natural de Blumenau (SC), mas Chapecó é sua segunda casa. É na Capital do Oeste, que Aline idealiza o sonho profissional. Tudo começou em 2009, durante um curso técnico em radiologia. O amor pela atuação veio à tona, juntamente com a abertura do concurso, foi então que ela aceitou o desafio de “tentar” uma vaga. 

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“No curso eu descobri a radiologia forense e me interessei muito pela área, ainda desconhecida para mim. Pesquisei tanto que até meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi sobre o assunto, inclusive fui visitar o IML de Floripa para saber mais sobre. No segundo semestre de 2010, período em que eu estava encerrando o curso de radiologia, aconteceu o concurso pro Instituto Médico Legal (IML) e por sorte, fui abençoada com essa vaga. Hoje eu sinto que é uma mistura de dom com missão. Não acho que é qualquer um que vai gostar, logo, que é capaz de fazer. Estudei bastante anatomia no curso e isso me ajudou muito a passar no concurso, as demais matérias que caíram eu li apostilas, que eram mais comuns na época. Hoje os vídeos no YouTube são as apostilas”, comenta Aline. 

Com o passar do tempo, Aline percebeu a curiosidade da população quanto a sua profissão, foi então que usou de suas redes sociais para mostrar a realidade. O que ela não pensava é que daria certo e que com a iniciativa ela ganharia tantas curtidas. 

“A ideia de fazer vídeos pro TikTok eu posso dizer que começou assim: já expusemos nosso trabalho naqueles eventos da Polícia Militar, de Quartel Aberto, e sempre coloquei o rabecão (carro do IML) à disposição de todos para matar a curiosidade e sempre vi muito interesse de pessoas de todas as idades, mas confesso que as mulheres se mostraram mais corajosas. Foi aí que postei um vídeo, justamente para mostrar como era o carro e isso gerou muitas curtidas, vi que havia realmente um grande interesse”, cita. 

Mesmo com a grande repercussão, Aline deu uma pausa na divulgação dos vídeos. A continuação só veio com o anúncio da abertura de um novo concurso para a área. O intuito foi o mesmo: incentivar novos concurseiros. 

“Com a abertura do concurso para o meu cargo, que ficou 11 anos sem e com baixíssimo efetivo, resolvi falar sobre a rotina, para clarear a ideia de quem ia prestar o concurso, e para termos um mínimo de desistências. Se a pessoa souber o que realmente vai fazer antes, isso ajuda muito. Tem muita gente que pensa que por causa de série como CSI, que vai ficar apenas no necrotério, ou quem vê meu trabalho na rua acha que eu apenas dirijo o rabecão e por aí vão as dúvidas, e depois para quem passa no concurso, fica aquela coisa “é tudo isso?”. Então, o intuito é mostrar a realidade da rotina e falar sobre curiosidades em geral. Sempre respeitando o que pode e o que não pode ser dito, lógico. Trabalhamos com perícia criminal, então sempre tem que ter esse cuidado”, salienta Aline. 

Explosão de curtidas e seguidores

Aos poucos, a vergonha foi deixada de lado, novas ideias para a produção dos vídeos foram surgindo e consequentemente o número de curtidas e seguidores aumentaram.

“No geral, há muito que pode ser dito, até para quem apenas tem curiosidade. Também faço com o intuito de tirar essa visão de que o IML é composto por pessoas frias e sem coração. Tenho que ter muita empatia e amor ao próximo para tocar um plantão no IML e assim as ideias dos vídeos vão surgindo. Tudo conforme as dúvidas que as pessoas mandam nos comentários e coisas que vou pensando”, diz.

O vídeo mais assistido pelos seguidores, possui mais de dois milhões de visualizações e quase dois mil compartilhamentos. O sucesso, segundo a jovem, era inesperado. 

“Eu não esperava esse alcance, até porque a ideia era atingir o pessoal que vai fazer o concurso e esses não passaram de 12 mil, mas, estou feliz em desmistificar o IML para tanta gente. Eu penso assim: há tantos escritores que depois de anos aposentados publicam suas rotinas e histórias sobre Perícia Criminal, então, por que não fazer isso antes? Uma vez que o IML me ensina a cada plantão, sobre o quanto nossa vida é sensível e pode ser perdida em um piscar de olhos. Podemos nos perfumar para sair de casa e terminar o dia com odor de necrotério”, frisa. 

Uma rotina inesperada dando voz para quem não pode falar

Questionada sobre a permanência na profissão, Aline salienta que não pretende desistir, pelo contrário, se diz feliz e realizada com os serviços que executa. 

“Amo muito minha rotina, por saber o quão importante é meu trabalho para sociedade, o quanto um gesto de carinho pode ser importante para uma família enlutada, o quanto facilitar a comunicação de coisas complicadas pode ser gratificante para quem precisa. Meu dia a dia é composto por atendimento de vivos e diversas rotinas administrativas, isso enquanto o telefone não toca com algum policial me informando de alguma ocorrência”, conta. 

E são nas ocorrências que o lado humano fica ainda mais frágil. 

“Quando acionada, a qualquer hora do dia ou da noite, visto meu uniforme e não sei o que me espera. Dirijo o rabecão até o local do fato, ajudo a equipe do Instituto de Criminalística no local, carrego o corpo com a ajuda dele e demais policiais que estão na cena, vou para o necrotério onde o legista me aguarda para a necropsia, e começamos a rotina para dar voz a vítima que não pode falar. Desde despir o cadáver até o último ponto de sutura. Faço com respeito e sempre antes de começar meu trabalho, peço mentalmente licença para trabalhar. Talvez entre aí algo de cunho religioso, mas ao meu ver isso é apenas um respeito, independentemente do motivo que aquele corpo ali está. Conversar com a família nunca é tarefa fácil, assim como cada caso é único, as famílias também, e cada uma pode reagir de uma forma. Isso só o tempo de profissão te dá essa experiência, não existe receita de bolo. Quando temos que dar a notícia, procuro sempre cuidar se a pessoa não está sozinha. São detalhes que podem fazer toda a diferença. Antes de ser uma Auxiliar de Medicina Legal, sou um ser humano”, comenta Aline. 

Mensagens que Aline recebe de seus seguidores. (Foto: Reprodução).

Para saber mais, acompanhe Aline nas redes sociais:

Instagram e TikTok

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