quinta-feira, agosto 28, 2025
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Saiba como foi o primeiro dia do julgamento da tragédia na Boate Kiss

Foram ouvidos vítimas que estavam no interior da boate no dia do ocorrido

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Informações TJRS e Gaúcha ZH

No primeiro dia do júri da boate Kiss, que aconteceu na quarta-feira (01), foram ouvidos, depoimentos de sobreviventes do trágico 27 de janeiro de 2013, quando as fagulhas de um fogo de artifício atingiram a espuma que revestia o teto do palco, o que ocasionou um incêndio e o espraiamento de fumaça tóxica, matou 242 pessoas e feriu outras 636 em Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul.

O primeiro depoimento foi de uma das vítimas,  Kátia Giane Pacheco Siqueira, que é ex-funcionária da cozinha da casa de festas. Em uma das falas ela afirmou que com todas as coisas feitas, os réus tentaram sim matar que estava no local. 

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“Com todas as coisas que eles fizeram, com a colocação da espuma, eles tentaram matar a gente”, afirmou a testemunha Kátia. 

Reprodução TJRS

Pessoas que saíram vivas da boate foram ouvidas como sobreviventes no Foro Central I, em Porto Alegre, e responderam às perguntas do Ministério Público, órgão de acusação, e dos advogados de defesa dos réus Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, sócios da Kiss, e Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, da banda Gurizada Fandangueira.

Em cinco horas de depoimento, Kátia relatou que, na madrugada do sinistro, custou a entender o que estava ocorrendo. Alguns gritaram “fogo” e outros “briga”, no início do tumulto, com frequentadores que se já se empurravam. 

A ex-funcionária, relatou que desmaiou no interior da Kiss e, ao acordar, recorda que duas pessoas perguntavam se tinha alguém ali para ser resgatado. Ela narrou ter se “agarrado nas pernas” de quem estava mais próximo. Depois de ser salva, foi levada a um hospital, em Santa Maria. 

“Apaguei ali e acordei 21 dias depois, em Porto Alegre, em outro hospital”, contou a testemunha. 

A ex-funcionária que teve 40% do corpo queimado no incêndio, disse que realizou cinco cirurgias de enxerto de pele. Kátia relatou que a boate tinha apenas uma saída, obstaculizada por barreiras metálicas. Também disse que jamais teve treinamento para evacuação em caso de incêndio, destacou que a casa estava lotada no dia da tragédia, com cerca de um mil clientes, e que o local era um “labirinto”, e isso que teria dificultado a evacuação. 

“Eu mesma trabalhava lá e quase não consegui sair”, afirmou a sobrevivente. 

Tanto o Ministério Público quanto às defesas, ao questionar as testemunhas, fizeram a apresentação de reproduções da boate em terceira dimensão, além de vídeos do dia do incêndio e fotos da Kiss. Nas manifestações das defesas, havia duas linhas mais claras em execução. 

Já a defesa dos integrantes da banda, Santos e Leão, apontavam que itens como espuma inflamável no teto e ausência de extintores foram importantes para a tragédia. Para a advogada Tatiana Borsa, defensora do réu Santos, Kátia confirmou que eram frequentes shows pirotécnicos no interior da boate.    

Já as defesas dos sócios da Kiss, Spohr e Hoffmann, adotaram linhas distintas. O advogado Jader Marques, de Spohr, investiu em diversas questões sobre os extintores de incêndio. 

A testemunha disse que “ouviu falar que havia orientação para não deixar extintores em locais visíveis para não atrapalhar”. O defensor perguntou reiteradamente se ela tinha recebido diretamente essa recomendação e quem exatamente havia citado essa norma. 

“Para mim, não tinha essa ordem”, respondeu Kátia.

A defesa de Hoffmann, seguindo a estratégia de dizer que ele era apenas investidor da casa, e não gestor, questionou se a testemunha teve convivência profissional com o sócio da Kiss. 

“Ele nunca fez reunião com a gente”, respondeu a ex-funcionária. 

A defesa de Spohr ainda apresentou a versão de que ele teria sido o responsável por retirar Kátia de dentro da boate, o que a testemunha disse desconhecer. O advogado questionou se esse suposto resgate feito por Spohr era relevante para a sobrevivente. Ela respondeu que “não”.

A segunda depoente foi Kellen Giovana Leite Ferreira, 28 anos, que era uma das frequentadoras da Boate Kiss. A mulher ficou 78 dias internada no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, e queimou 18% do corpo. 

Foto: Juliano Verardi

A vítima ainda perdeu um pé no incêndio e hoje em dia usa uma prótese. Ela foi à boate com sete amigos, dos quais três morreram naquela madrugada. Ela conta ter ficado com trauma psicológico, além de físicos. 

“Vivemos numa sociedade que exige corpo perfeito. Eu comecei um processo de aceitação do ano passado para cá. Eu tinha medo de sair nas ruas e as pessoas me julgarem. Só ano passado passei a usar short. Eu usava calça jeans até no calorão de 40 graus”, afirmou Kellen. 

O ambiente transcorreu em certo clima de normalidade, apesar das circunstâncias dramáticas do episódio em julgamento. Pela manhã, o juiz Orlando Faccini Neto, que preside o júri, conduziu o procedimento de sorteio dos sete jurados que irão decidir, ao final, pela culpa ou absolvição dos réus. 

Ao chegar ao local do júri, o réu Leão chorou e gritou ao alcançar a porta: (Assista a baixo)

“Eu não sou assassino”, disse. 

Ele passou mal, teve um pico de pressão alta e precisou de atendimento médico. Depois, foi liberado para ir ao plenário do júri.

Em momento em que houve mais debates acalorados, o juiz que preside o júri admoestou com veemência um dos advogados de Leão por entender que ele fazia reiteradas perguntas sobre extintores que não tinham relação com a testemunha. 

ASSISTA O JÚRI COMPLETO

PERIODO DA MANHÃ

PERIODO DA TARDE

PERIODO DA NOITE

SEGUNDO DIA

O júri foi retomado nesta quinta-feira (2), às 9h, e a previsão para o dia é de que sejam ouvidos mais cinco sobreviventes. 

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