Por Yago Ourique
Desde 1984 o mercado volta sua atenção para um novo tipo de postura empresarial: mudanças rápidas e contrastes acentuados. A nova revolução industrial coloca o foco no consumidor e na experiência do usuário, através da tecnologia que apresenta soluções para problemas recorrentes e até mesmo para questões que surgem a cada inovação. Em Chapecó esta mentalidade futurista da indústria, que conecta pessoas e dispositivos com empresas ágeis, majoritariamente composta por profissionais jovens e com grande escalabilidade passa por um momento incrível. Hoje, a capital do oeste se apresenta como um campo fértil para novas soluções e um expoente no mercado que movimenta bilhões anualmente.
Note que o mundo offline e online estão cada vez mais se conectando. Nesta publicação, por exemplo, feita nos moldes tradicionais, em papel e tinta, como há 419 anos, você pode se conectar com conteúdos exclusivos e multimídia no ambiente digital. A extensão do consumo coloca leitor e cliente no centro de decisões para as empresas. A mudança na forma do consumo transformou o meio digital e a relação comercial entre cliente e marca. Os empreendedores que entenderam o novo momento da economia voltam sua atenção para um tipo de negócio que transforma os produtos em serviços e utiliza da tecnologia para ganhar escalabilidade, movimentando, junto às outras corporações que compartilham desta cultura, um universo promissor que dita a relação atual entre indústria e economia.
Podemos afirmar que você já utilizou serviços oferecidos por startups, talvez sem mesmo saber. Uber, Airbnb, Instagram, NuBank são apenas alguns exemplos de empresas multimilionárias, que iniciaram suas atividades como startups. Empresas novas, que não necessariamente tem plano de negócios ou até mesmo produto definido, mas apresentam algo novo para o mercado. E, talvez você também não saiba, Chapecó é celeiro de várias destas, que bem assessoradas, ganham notoriedade nacional e atuam internacionalmente.
A importância desse mercado de inovação e tecnologia e a necessidade de estarmos atentos se prova em números. De acordo com o Tech Report 2020, organizado pelo Observatório da Associação Catarinense de Tecnologia, o estado de Santa Catarina é o 4º maior do país em faturamento. São mais de R$ 17,7 bilhões faturados, representando 5,9% do PIB de SC. São mais de 12 mil empresas, que empregam mais de 56 mil pessoas, crescendo 7,7% ao ano. Ao levar em consideração a capacitação dos profissionais, Santa Catarina é o estado mais especializado do Brasil, com o segundo maior número percentual de profissionais formados para atuar no ramo de tecnologia. Inclusive vale destacar que, por conta da evolução rápida do setor e o crescimento econômico, o mercado clama por novos profissionais. Forme-se e tenha ocupação praticamente garantida.
O mercado da inovação em Chapecó
Para que Chapecó ganhasse destaque como um polo de inovação no estado, o movimento de profissionais interessados na indústria 4.0 iniciou em 2012. O diretor do Pollen Parque Científico e Tecnológico, Professor Rodrigo Barrichello, relembra que nesta época as universidades capitanearam o movimento. A Unochapecó, por exemplo, deu seus primeiros passos com a criação de uma rede de inovação, com a exposição de novos tipos de negócios, a criação da Incubadora Tecnológica e o Núcleo de Inovação de Ciência e Tecnologia, e com uma cultura de inovação adotada dentro da academia. Este foi o período de plantação.
Com tempo de maturação e desenvolvimento, em 2016 um grupo de voluntários organizou em Chapecó a primeira edição do Startup Weekend. Uma maratona que tem como objetivo criar, em 54 horas, soluções para “dores” de consumo que os participantes possuem. Este foi o divisor de águas para que as entidades e universidades discutissem e vislumbrassem um futuro promissor no ramo da inovação. Hoje o pólo de inovação e tecnologia no oeste se apresenta como uma grande potência no setor. Apenas na Incubadora Tecnológica da Unochapecó são 21 startups, com origem na universidade e também na comunidade.
A linguagem startuppeira
Por se tratar de um meio inovador, novas situações acontecem no mercado e precisam ser batizadas. A própria terminologia “Startup”, vem da expressão em inglês “começar algo novo”. O modelo de negócio é bastante específico, e segundo Barrichello, é composto por um grupo multidisciplinar de pessoas, com habilidades e competências diferentes, que se reúne para resolver uma dor da sociedade, ou do próprio meio, e que buscam um modelo de negócio para monetizar ou resolver os problemas de maneira mais prática. A agilidade no processo é marcante, com a cultura de testes e reparos rápidos para que a solução chegue ao mercado rapidamente. Outro fator importantíssimo é a escalabilidade. A solução deve servir para muitos indivíduos, possibilitando que uma empresa possa ter em um dia apenas um cliente e no outro milhares, sem adaptar tanto a estrutura do negócio.
Agora que você já sabe o que é uma startup, vamos a um pequeno dicionário de inovação:
Angels: Pessoas físicas ou jurídicas que investem diretamente nas startups em troca de participação. Normalmente auxiliam no desenvolvimento da mesma com experiência ou rede de contatos;
Benchmarking: Comparação entre produtos/serviços/empresas realizado para extrair informações e implementar melhorias;
Core Business: Produto ou serviço principal da empresa;
Design Thinking: Metodologia utilizada para entender um determinado problema de forma ampla, gerar ideias e testá-las sabendo se são viáveis ou não;
Ecossistema: Grupo de agentes que atuam em conjunto;
Fintech: Empresa de tecnologia que atua voltado para o mercado financeiro. Ex: Nubank, Pagseguro;
Gamification: Técnica que utiliza elementos de jogos em atividades não-lúdicas, para aumentar o engajamento dos participantes da ação;
Highlights: Pontos altos do negócio. Define as coisas que foram validadas em certo espaço de tempo;
Incubadora: Um local para que empresas trabalhem, normalmente com benefícios por meio de parceiros ou uma rede de contatos;
Jornada do cliente: Caminho que o cliente percorre desde quando conhece a solução até a última interação com a empresa;
Know-how: Conhecimento específico e especializado em um assunto;
Lead: Contato de um potencial cliente;
Meetup: Encontro para discutir determinado tema, seja por meio de palestras, treinamentos, bate-papo, etc;
Networking: Rede de contatos, composta por conhecidos de determinada pessoa;
Officeless: Movimento de pessoas que não possuem escritórios físicos fixos;
Pitch: Apresentação curta sobre o negócio em si, normalmente usado para vendas ou captação de investimento;
Quick Win: Momento em que o cliente obtém rapidamente um sucesso na execução de uma ou mais ações-chave;
Round: Rodada de investimento;
Spin-off: Empresa/Startup que se originou dentro de outra e depois tornou-se uma empresa independente;
Tração: É o modo de atingir um maior número de usuários;
Unicórnio: Empresa avaliada em mais de US$ 1 Bilhão antes da abertura de capital em bolsa de valores;
Valuation: Avaliação da empresa realizada normalmente para definir o valor acionário para um investimento;
Wow Moment: Momento em que o usuário se surpreende com determinado serviço ou produto, superando suas expectativas;
Zone to win: Metodologia utilizada por empresas tradicionais para implementação de inovação. Termo original por Geoffrey Moore.
A inovação,excelente possibilidade de investimento e retorno
As ideias nascem, são prototipadas, testadas e validadas, mas como essas soluções viram negócios? Como o mercado de inovação e tecnologia movimenta tanto dinheiro? No processo evolutivo dessas empresas existe um momento crucial: a captação de investimento. Para que a empresa atinja um mercado maior, ela precisa contratar profissionais, investir em tecnologias e então um grupo cada vez maior de pessoas se envolve com o meio. As startups precisam de investidores, que aportam recursos financeiros, um capital de alto risco, e dão subsídios para que as startups se desenvolvam e alcancem o máximo de sua performance e o maior mercado possível em pouco tempo. Em Chapecó já existem aceleradoras, como você vai ler mais a frente nesta reportagem, que investem dinheiro e ajudam a desvendar o mundo em que a empresa está trabalhando. Além disso, empresários e grupos empresariais, ao invés de injetar capital em investimentos tradicionais, como no ramo imobiliário ou aplicações, direcionam recursos para a nova economia, arriscando alto para faturar tão alto quanto.
Para que um polo de inovação amadureça existe uma terminologia, que você leu em nosso dicionário, e é indispensável: ecossistema. Chapecó, seguindo o exemplo de Florianópolis, a cidade do estado mais madura neste mercado, que já movimenta mais investimentos em inovação do que no turismo, de acordo com Barrichello, agora tem um espaço voltado para centralizar os grandes negócios do mercado de inovação e tecnologia.
A casa das empresas inovadoras em Chapecó: Pollen Parque Científico e Tecnológico
A obra, idealizada pelo Governo de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, e pela Prefeitura de Chapecó, é imponente. O prédio de 5 andares abriga hoje 45 empresas de vários segmentos e formatos, passando pelo agronegócio, tecnologia, energia solar, logística, saúde e até o mundo esportivo. O habitat de inovação foi entregue em dezembro de 2020 e tem a missão de potencializar o crescimento econômico, produzir e disseminar conhecimento, agregar valor à produção local e qualificar a mão de obra.
O espaço é integrativo e abriga startups que se provam diariamente, novos profissionais e até empresas tradicionais que já alocam células de inovação de suas corporações para manter a cultura do negócio atualizada e construir novos projetos e negócios.
De todas as empresas do parque tecnológico escolhemos cinco negócios de segmentos completamente diferentes, mas que já ganharam seu espaço no cenário nacional e atuam levando soluções também para fora do país. Mas antes, vamos conhecer as nomenclaturas do meio que segmentam os níveis específicos da diretoria de uma empresa desta espécie:
CEO (Chief of Executive Officer): Diretor Executivo ou Presidente da empresa.
COO (Chief of Operation Officer): Diretor de Operações, normalmente responsável pela equipe que opera a startup/empresa.
CFO (Chief of Financial Officer): Diretor Financeiro.
CIO (Chief of Information Officer): Diretor responsável pelo gerenciamento da infraestrutura tecnológica.
CTO (Chief of Technology Officer): Diretor de Tecnologia.
CMO (Chief of Marketing Officer): Diretor de Marketing.
BEATSCODE
Área de atuação: Software para esportes;
Site: beatscode.com
Fundação: 2012
E-mail: [email protected]
CEO: Rodrigo A. Juko
Descrição: Uma SPORTECH que desenvolve soluções para simplificar e otimizar a gestão técnica de Clubes de Futebol. O objetivo é que os clientes possam fazer os controles do departamento de futebol, desde a captação até a profissionalização de talentos, garantindo legado e histórico de dados ao clube.
Dentro de uma sala temática, com piso de grama artificial e várias camisas de clubes tradicionais expostas, encontramos Juko e sua equipe. Ao observar a parede repleta de lindas camisas autografadas, o CEO da Beatscode nos apresenta um problema: “Está faltando parede para expor as camisas dos parceiros”. O problema bom é reflexo do crescimento da Beatscode, que atende clubes de todas as séries da elite do futebol, gigantes como o Palmeiras, Santos e Internacional, assim como clubes menores, como Marcílio Dias, Esportivo de Bento e outros.
Numa conversa bem humorada e esclarecedora sobre o meio do esporte, Juko conta que a Beatscode já existia, atuando como uma fábrica de aplicativos, desde 2013 marcando presença no mundo digital. Foi em 2015, através de um acordo com a Associação Chapecoense de Futebol que tudo mudou. A parceria já havia iniciado, quando o empreendedor percebeu que as informações básicas, sobre saúde e desempenho dos atletas, a gestão técnica e administrativa dos clubes eram arquivadas manualmente, dando muito trabalho e abrindo brecha para que o legado do clube se perdesse. Em uma negociação bastante transparente e utilizando a Chape como protótipo a empresa descobriu um vácuo no mercado. “Olhando estes grandes clubes a gente não tem nem ideia das dificuldades na organização. Do formato tradicional de armazenamento de banco de dados, analógico, que fazia com que as informações se perdessem”, aponta Juko. A empresa se especializou no meio esportivo e neste momento passa por um processo de atualização no sistema, para expandir o atendimento ao mundo, visto que clubes estrangeiros já buscaram pela plataforma para aplicação em suas realidades.
O momento mais tenso: A Beatscode fechou, quase por acaso, seu segundo contrato no segmento, tendo como novo cliente a Sociedade Esportiva Palmeiras. Por um atraso no voo de retorno da comissão técnica do Palmeiras, Juko conseguiu a aproximação com o clube e ofereceu o sistema que operava na Chapecoense. A venda foi feita, porém o frio na barriga, para operar uma criação própria em um dos maiores times do país, foi inevitável. Mas como diz a máxima “Se tem medo, vai com medo mesmo”, Juko deu o segundo passo para se consolidar em seu nicho, mostrando que sorte nada mais é que a oportunidade encontrando o preparo.
O sonho grande: “Sermos reconhecidos como a empresa que mudou a gestão do futebol brasileiro, talvez mundial”.
HUB2B
Área de atuação: e-commerce
Site: hub2b.com.br
Fundação: 2014
E-mail: [email protected]
Fundadores: Ricardo Sponchiado e Sergio Venicius Vanin
Descrição: Um hub de marketplaces que conecta marcas com os maiores marketplaces do Brasil, automatizando o cadastro de produtos, fazendo atualização de preço e estoque e gestão de pedidos, tudo em um só lugar.
Experiências internacionais fizeram com que dois amigos encontrassem uma oportunidade enorme no mercado brasileiro. Ricardo Sponchiado, fundador e um dos diretores, responsável pelo suporte e experiência do cliente, me atendeu em uma das áreas comuns do Pollen. De fala serena, o empreendedor deste negócio que atende mais de 500 clientes recuperou a caminhada da HUB2B de sua criação, em 2010, até a virada de chave. A empresa é uma das primeiras a participar da Incubadora Tecnológica da Unochapecó. Junto com seu sócio e também fundador, Ricardo é um especialista da área da tecnologia. No início da última década, ambos participaram da AIESEC, um dos principais movimentos de liderança jovem do mundo, e por meio do programa viajou para a Rússia, já seu sócio teve como destino a Índia. Ambos experimentaram mercados avançados no que se trata de integração de sistemas. Ao retornarem para o Brasil a ideia estava na mesa. Inicialmente sem um nicho específico, a empresa trabalhava com integração de uma maneira geral, mas com o avanço do acesso à tecnologia, as compras no meio digital cresceram e os empresários precisavam se colocar neste espaço.
Em 2015 vem a grande sacada. Ao venderem nos marketplaces, as marcas enfrentam vários desafios, pois precisam cadastrar os produtos em cada marketplace, manter o preço e estoque atualizados, além de gerenciar as vendas. Assim é praticamente impossível gerenciá-los de forma manual. A HUB2B encontrou aí seu espaço no mercado, pois através de suas soluções as marcas conseguem escalar a operação em vários canais de venda, com qualidade, menos trabalho e menos custo. Ao integrar os sistemas de gestão que a marca já utiliza em sua operação, com os marketplaces, a empresa automatiza toda a operação, desde o cadastro de produtos até a atualização de pedido como “entregue”.
A investida destes jovens especialistas foi tão certeira, que hoje na carteira de clientes se encontram marcas expressivas como Nike, Ray-Ban, Oakley e tantos outros negócios que comercializam produtos na internet.
O momento mais tenso: Certamente, o início da operação, quando o mercado ainda não se interessava pelo produto e não sentia a dor que o sistema resolvia. O primeiro ano de empresa foi marcado pela insegurança e ainda assim insistência dos fundadores, mas depois de um programa de aceleração, o segmento foi escolhido para atuação. “Quando você tem algo genérico você atira para todos os lados. Você não conhece o seu cliente. O seu cliente não se identifica contigo. Ao nichar você encontra o mundo que se identifica com seu negócio, consegue se comunicar melhor e o crescimento se torna orgânico, pois o cliente nos acha” registra Sponchiado.
O sonho grande: “São vários caminhos. A empresa é sustentável, tem um caixa interessante, mesmo sem dinheiro de investidores. Ou vamos insistir nesse formato, aumentando o faturamento de X para 5.X. Podemos agregar um outro produto ou serviço, talvez expandir para outras áreas. Sempre tivemos sorte com a equipe e muito mais que os produtos e os negócios, são as pessoas. Com elas podemos criar um novo braço. Outro caminho é fazer um exit, vender a empresa para alguém do nosso ecossistema. Já tivemos várias conversas nesse sentido, mas até então não fomos convencidos.” projeta Ricardo.
CosmoSystem
Área de atuação: insurtech
Site: cosmosystem.com.br
Fundação: 2019
E-mail: [email protected]
CEO: Wagner Titom
Descrição: Startup com soluções web/mobile, atuando com seguradoras e parceiros de negócios. A missão é apresentar e desenvolver soluções de tecnologias de informação, que transformem e agilizem os processos na indústria de seguros nacional e internacional.
Para ouvir sobre a CosmoSystem, fomos muito bem recebidos por Wagner, em uma das mesas das áreas de convivência do Pollen. Por atuar no ramo de seguros, nosso primeiro questionamento foi justamente sobre qual seria a inovação, em um mercado tão tradicional? A empresa apresenta uma ferramenta de gestão para sinistros, tanto em ramos que envolvem casas, empresas e o que é não veicular. Além disso, na área de transporte e inspeções prévias. A ferramenta é utilizada na pré-contratação dos seguros e na constatação de sinistros. Atualmente tem como maior cliente uma organização de Chapecó, que atua no país todo, atendendo vários bancos como Bradesco, Liberty, Banco Safra e Banco do Brasil. O negócio capitaneado por Wagner é muito jovem, nasceu em 2019, pouco antes da pandemia. A dor de uma empresa local impulsionou a criação da solução oferecida pela CosmoSystem, que passou a atuar no mercado nacional e já com negociações no exterior. Todo o processo, desde o agendamento, controle de metas, de performance e a possibilidade do segurado poder fazer seu próprio atendimento está dentro da plataforma. Pelo celular, o indivíduo que passou por algum sinistro recebe um formulário, preenche e encaminha fotos, para a análise dos peritos (essa ferramenta foi feita do zero em apenas duas semanas). Inclusive, com o distanciamento social durante a pandemia, uma atualização foi criada. O cliente que precisa relatar um sinistro e acionar a seguradora pode entrar em contato ao vivo, em vídeo, para conversar com um perito e mostrar o problema que está enfrentando. A ferramenta atende tanto os segurados, quanto as seguradoras e os peritos responsáveis pelas vistorias.
Um dos pontos mais importantes sobre essa startup de Chapecó é a rápida adaptação à pandemia, que quebrou tantos negócios. No caso da CosmoSystem, analisando apenas a questão financeira e comercial, foi um tempo de ótimos resultados. “Para nós a pandemia foi um impulsionador; foi a gasolina para o nosso negócio, pois enquanto todos pararam, nós desenvolvemos duas ferramentas, que por conta do período pandêmico se tornaram necessárias” analisa o CEO da empresa. O ciclone bomba em Santa Catarina, registrado de 30 de junho a 3 de julho de 2020, também foi um ponto de virada, quando a CosmoSystem atendeu mais de quatro mil sinistros, totalizando R$ 300 milhões em prejuízos pagos. Isso somente foi possível pela integração entre a startup e as seguradoras.
O momento mais tenso: Essa foi uma questão levantada para todos os entrevistados, e acabou pegando o Wagner de surpresa. Alguns segundos resultaram na seguinte reflexão: “Te confesso que a gente só vem crescendo. Nós não tivemos nenhum momento de instabilidade, sempre com novas ferramentas e novas entregas. O mercado securitário avança rapidamente. Hoje temos novas seguradoras que atendem seguro de celular, equipamentos de home office, meios que ninguém atendia, abrindo assim o mercado”. E a lógica é interessantíssima, pois quanto maior o número de contratação de apólices, maior será o número de sinistros e quanto mais variado o atendimento, mais variado será o ramo de atuação para os prestadores e seguradoras.
O sonho grande: “O nosso grande objetivo é focar no mercado internacional com clientes e grandes seguradoras. Os primeiros passos já começamos a dar”.
PackID
Área de atuação: Monitoramento em tempo real
Site: packid.com.br
Fundação: 2016
E-mail: [email protected]
CEO: Caroline Dallacorte
Descrição: Solução de monitoramento da temperatura e umidade em tempo real com foco em auxiliar empresas a reduzirem perdas e garantirem a qualidade, segurança e eficácia de produtos perecíveis ao longo de toda a cadeia de distribuição. A inteligência é aplicada para contribuir na tomada de ação preventiva, aumento da produtividade e redução de custos.
A PackID é uma popstar no meio das startups chapecoenses. Presente com alguma frequência na mídia especializada já passou por rodadas importantes de investimento. Participou do reality show da Band chamado Planeta Startup, em 2019, indo muito bem e a partir de lá ganhando inúmeras oportunidades de crescimento. Quem nos fala sobre a PackID, é sua CEO Caroline Dallacorte.
Como e quando começou a PackID?
R: Ela surgiu no ano de 2016, após uma experiência na indústria. Percebi a carência de informações ao longo de toda a cadeia de distribuição de produtos perecíveis. Busquei junto a um dos meus atuais sócios uma solução para poder sanar o problema e auxiliar as empresas a garantirem cada vez mais a qualidade de seus produtos e a reduzirem custos através do monitoramento de temperatura e umidade em tempo real.
Atualmente, como é a atuação da empresa?
R: Hoje atendemos toda a cadeia de distribuição de produtos perecíveis. Alimentos, medicamentos, vacinas… Monitoramos qualquer ambiente, desde uma indústria, uma câmara fria, um baú de caminhão, um armazém, até o destino final, seja um supermercado até a própria clínica, laboratórios, restaurantes. A PackID serve para ajudar todos esses elos a evitar perdas de produtos. Hoje são mais de 1500 equipamentos instalados e até o final do ano teremos mais de 2100 equipamentos. Estamos com mais de 100 clientes, atuando em todas as regiões do país. Existem cargas sendo transportadas com mais de 1 milhão de reais em produtos e nós ajudamos as empresas a evitar perdas.
Como é a experiência de participar das rodadas de investimento?
R: É muito bacana, porque a gente consegue aprender muito nestes processos. São empresários, pessoas que têm uma trajetória muito interessante e conseguimos fazer conexões, conversar, trocar ideias, fazer mentorias… isso ajuda muito no negócio. Assim como recurso financeiro também ajuda, quando conseguimos ter interação com os investidores. Isso muda totalmente nossa visão sobre o negócio, nossa curva de aprendizado e facilita muito para que a gente consiga conduzir o negócio com excelência.
De todas as empresas entrevistadas até aqui, a PackID é a única com uma mulher na cadeira de CEO. Como você vê isso? E nos conte sobre o investimento da Microsoft, justamente direcionada a empresas comandadas por mulheres.
R: Sem dúvida ser uma mulher à frente de uma empresa de tecnologia é um desafio diário, mas também uma experiência única. Espero que a minha posição seja uma inspiração para que outras mulheres busquem os seus negócios, entendam que podemos estar presentes em qualquer tipo de área, que possam se desafiar cada dia mais e que possam lutar e buscar cada vez mais por essas posições. Todas temos condições de chegar ao cargo que desejamos. Acredito que isso trás muita relevância no momento em que estamos vivendo, onde cada vez mais teremos mulheres inseridas em diferentes áreas. Sobre os investimentos, principalmente da última rodada, que foi através do fundo We Ventures, que é focado em startups que tenham mulheres como sócias e que estejam atuantes e na liderança do negócio. Empresas como Microsoft, Flextronic e outras que apoiam essa causa… da diversidade e da inclusão.
A PackID apareceu no mainstream nacional através do reality show. Como foi a experiência?
R: O reality show foi muito importante para visibilidade, networking, conexões… Foi através dele que conhecemos os responsáveis pelo Fundo We Ventures, e através daí captamos a rodada do ano passado. É nesse sentido que buscamos sempre participar e criar conexões em todos os eventos possíveis, porque quanto mais pessoas conhecemos mais expandimos nossa mente e conseguimos novas oportunidades.
Onde foi a virada de chave?
R: Foi a estruturação. De forma sólida na gestão, focando no comercial e trazendo pessoas qualificadas para cumprirem seus papéis. Atenção também na análise de posicionamento no mercado, nossas demandas e o que realmente nosso público está buscando.
Qual foi o ponto mais tenso até aqui?
R: Com certeza é pensar em um modelo de escalabilidade de negócios, envolvendo hardware. Quando o modelo envolve software é muito mais claro em nossa mente, mas quando falamos em escalabilidade envolvendo equipamentos, maquinários e hardwares isso acaba sendo um desafio muito maior.
Qual o sonho grande da empresa?
R: Ser a maior empresa de fonte de dados na cadeia de distribuição de produtos, para todas as áreas e todos os elos da cadeia.
SeedCap
Área de atuação: Investimentos em inovação
Site: seedcap.com.br
Fundação: 2011
E-mail: [email protected]
CEO: William Suzin
Descrição: É uma empresa chapecoense formada por sócios com vasta experiência em negócios e investimentos. Pioneira no oeste catarinense, a Seedcap nasceu com o propósito de construir inovação através dos seus programas de aceleração de startups, inovação corporativa e investimentos.
Assim como as startups entraram no mercado brasileiro há relativamente pouco tempo, o modelo de negócio de uma aceleradora, como é a Seedcap também é novo. Ela serve para fazer com que uma startup avance de um estágio para outro em muito menos tempo. Como se faz? Com injeção de dinheiro ou com um suporte de rede de contatos e outras ferramentas. Conversamos com Thales Akimoto, COO e co-founder da Pack ID e Head de inovação da Seedcap.
Como e quando começou a Seedcap?
R: A atuação da Seedcap como investidora e aceleradora de negócios e startups iniciou no começo de 2021, com a união de mais de 10 investidores da região, Willian Suzin diretor da Seedcap e eu como Head de Aceleração.
Atualmente como está atuação da empresa? Quantos negócios já foram acelerados?
R: Hoje estamos avaliando startups para a primeira rodada de investimento, captando startups para a segunda turma de pré-aceleração e estruturando um programa de capacitação para investidores locais investirem em startups para futuramente compor um pool de investimento Seedcap. Já pré-aceleramos 5 startups e avaliamos cerca de 30 negócios para investimento.
Você é uma figura de referência no meio da inovação em Chapecó, por conta da aceleradora, da PackID e da atuação no ecossistema. E uma coisa muito legal é que seu pai, Nelson Akimoto, também é uma referência no meio empresarial da cidade. Você sente que mantém essa característica empreendedora da família?
R: Muito obrigado! Com certeza, é algo que eu trago sempre comigo, Meu pai ser referência nesse meio só aumenta a minha responsabilidade e estou trabalhando todos os dias para honrar esse legado que minha família traz. Empreendo há 5 anos na PackID e agora também junto à Seedcap e a cada dia tenho certeza que esse é o meio que eu tenho que estar.
O que é analisado para acelerar uma startup ou não?
R: Tanto para acelerar quanto para investimento de fato temos alguns critérios base: Ideia; Tamanho do mercado; Solução; Inovação; Time; Fit com a tese e com os investidores da Seedcap.
Qual foi a melhor e a pior ideia que você se deparou atuando pela Seed Cap?
R: Costumo dizer que toda ideia pode resultar em um negócio de sucesso, o que faz isso acontecer ou não é a execução, por isso o time que vai fazer essa ideia sair da cabeça e do papel é fundamental.
Qual foi o ponto mais tenso até aqui?
R:Não temos pontos tensos não (risos), nessa etapa que estamos é uma fase de conhecer bons negócios, pessoas e ideias, estamos abertos sempre!
Qual o sonho grande da empresa?
R: Ser referência em investimento em startups começando pela região oeste, fomentar o empreendedorismo em inovação e ajudar empresas de sucesso a terem mais sucesso ainda.
Como você pôde notar até aqui, o polo de inovação e tecnologia é muito promissor no oeste catarinense. Universidade, empreendedores, investidores e profissionais qualificados apresentam para todo o país, e até mesmo para o mundo, o potencial de Chapecó para solucionar problemas. A cultura da inovação já é apresentada para as novas gerações, abrindo a cabeça dos jovens à novas possibilidades de carreiras. A indústria 4.0 está madura em Chapecó e por conta disso já podemos constatar que em breve o mercado da inovação será responsável por uma fatia ainda maior na economia da cidade e do estado. Você que leu até aqui tem uma boa ideia? Sabe como acabar com as dores da população ou de algum nicho específico? Procure o Pollen Parque Científico e Tecnológico , pois todo o suporte que você precisa para o desenvolvimento está lá. Já você empresário, que tal investir em um dos mercados mais promissores do mundo? Pense nisso!