O furto de fios e cabos está causando enormes prejuízos e gerando transtornos para a população de Chapecó. Como apontamos na coluna passada, os prejuízos em uma única ocorrência ultrapassaram os R$ 50 mil. Quem pagou o pato foi um comerciante do Centro. A crescente procura pelo cobre tornou- se mais frequente porque o produto é supervalorizado no mercado. Em 2019, por exemplo, um quilo custava cerca de R$ 13,00. Hoje, bate a marca dos R$ 40,00.
Em Chapecó, a Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos da Polícia Civil já identificou 58 pessoas responsáveis por esses crimes. Destes, 42, em algum momento, já passaram pelas grades da penitenciária. Os demais – abordados fora da condição de flagrante –, foram inicialmente identificados e indiciados. Porém, no final das contas, respondem em liberdade.
Perfil dos ladrões
Todos os ladrões de cobre são velhos conhecidos dos policiais. Geralmente, já possuem ficha por outros tipos de crimes, não hediondos. Além de tudo, o cenário escancara um problema social muito maior: 98% deles são dependentes químicos, ou seja, utilizam o dinheiro dos furtos para adquirir drogas. É um ciclo vicioso, composto, neste caso, por chapecoenses ou pessoas que vêm do Rio Grande do Sul.
Receptação
Bom, se os ladrões vendem, é porque existem pontos de compra desses produtos. A partir deste momento a “receptação” também começa a ser monitorada pela Polícia Civil através de um trabalho conjunto com a Guarda Municipal. A troca de informações tem sido uma estratégia fundamental para identificar os infratores. Geralmente, estes “receptadores” são pessoas que estão em ferros-velhos da região. Muitos deles já foram presos em flagrante.
Legislação é o problema
Mesmo com um trabalho enorme desempenhado pelas autoridades para prender os criminosos em flagrante, elaborar relatórios minuciosos e demonstrar prejuízos milionários aos chapecoenses, os criminosos ficam pouquíssimo tempo atrás das grades. Acontece que, para os crimes cometidos sem o uso da força física, existem brechas na lei e os ladrões ficam livres em questão de dias. Depois, ao voltarem para as ruas, cometem novos crimes. Resumindo: a legislação vigente, o código penal, as nossas leis, são uma verdadeira piada. Até que isso não seja alterado, a Polícia seguirá “enxugando gelo” e os moradores continuarão levando enormes prejuízos.
Números assustadores
Os dados divulgados nesta coluna foram repassados pelo delegado Elder Arruda Chaves, da Delegacia de Roubos e Furtos da Polícia Civil. Em um âmbito geral, o número de furtos tem crescido na cidade. O ClicRDC apurou nesta semana que a polícia atende 120 ocorrências por semana. Média de 17 por dia. É muito alto para o nosso município. Por outro lado, conforme Chaves, os roubos – quando é utilizado violência ou ameaça – contra comércio ou pessoas, diminuiu neste ano de 2021.
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