Estiagem, falta de conscientização e fornecimento de água precário, são alguns dos fatores que comprometem o abastecimento em Chapecó. A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), responsável pelo abastecimento no município, organizou uma forma de rodízio para distribuir a água entre os bairros chapecoenses. Apesar disso, moradores reclamam da falta de água e da ineficiência do sistema adotado pela Companhia.
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No domingo (9), moradores do loteamento Vila Esperança, no bairro Efapi chegaram a realizar uma manifestação, na tentativa de chamar a atenção, por conta da falta de água. Os moradores do loteamento relatam que estão sem água em casa há cerca de 4 dias. “Liga na Casan e dizem que está vindo água normal, mas não está. Circulei pelo loteamento e conversei com os moradores e a maioria – aqui do loteamento Vila Esperança, não tem uma gota de água, desde quarta-feira (4)“, contou a moradora Paula Aparecida Ferreira.
O esposo de Paula, que trabalha fora, precisa levar água para casa todos os dias. A falta do líquido na torneira, afeta o consumo próprio. “A gente não está conseguindo lavar louça, não consegue lavar uma roupa, temos criança em casa, não dá para deixar sair para fora brincar, porque não tem um copo de água para se lavar. A situação está desesperadora”, desabafou.
A falta de abastecimento também tem afetado moradores de um condomínio, localizado na rua Eloi Ferreira de Souza, também no bairro Efapi. “Está muito complicado aqui onde moramos, fazem dois dias que não temos água nas torneiras. Foi aberto mais de 100 protocolos registrando a falta de água junto a Casan e sempre que é ligado lá eles falam que não há nenhum registro de reclamação por falta de água“, contou Everton.
De acordo com o Everton, são mais de 200 famílias sem água no condomínio. “São famílias com bebês pequenos, idosos, e a Casan tratando a situação com descaso”, indignou-se. Everton ainda contou que outros moradores de condomínios próximos também enfrentam a mesma situação. “Foi simplesmente cortado o fornecimento de água e ninguém resolve nada”, destacou.
Outra moradora do condomínio também reclamou que já fez várias chamadas para informar a falta de abastecimento, mas que a resposta da Companhia é que não foi registrado nenhum caso no local. O mesmo problema é relatado por Osiel de Moras, que disse são feitas diversas ligações para a Companhia, mas eles são informados que não há nenhum protocolo em aberto no local.
Pablo Rosset, que reside no loteamento Tiago – em uma parte alta do bairro – também reclama que há dois dias a água não chega até as torneiras da casa dele. Ele inclusive tem caixa d’água na residência, mas sofre com o desabastecimento. O problema no fornecimento, que é intensificado pela estiagem, é recorrente, segundo o morador. “Nosso problema não é só quando tem estiagem, o problema ocorre durante todo o ano. Água nas torneiras da rua somente a noite, durante o dia é raro ter água na torneira”, relata.
Desabastecimento
De acordo com atualizações feitas no site da Casan, no domingo (8), bairro Efapi, Engenho Braun, Jardins, São Cristóvão, Boa Vista, Bom Pastor, São Pedro, Bela Vista, Líder, Vila Real, Esplanada, Paraíso, Monte Belo, Santa Maria, São Lucas e Jardim América registraram problemas no abastecimento.
Nesta segunda-feira (9), segundo o site, foram registrado problemas de abastecimento nos bairros: Engenho Brun, Jardins, São Cristóvão, Bela Vista, Bom Pastor, São Pedro , Bela Vista, Líder, Vila Real, Esplanada, Monte Belo, São Lucas, Jardim América, Paraíso e Santa Maria. O restabelecimento do abastecimento deve ocorrer de forma gradual a partir das 16h, com previsão de normalização até as 19h.
Tanto nos casos de domingo, quanto de hoje, a empresa destacou que a falta do fornecimento é em decorrência da estiagem. “Devido ao período de estiagem prolongada, o volume de água no sistema de captação continua comprometido. Dessa forma, o fornecimento pode ficar prejudicado em parte dos bairros acima informados”, consta no site.
Além da questão da estiagem, no site consta que os bairros Maria Goretti, Presidente Médici e Pinheirinho também tiveram o fornecimento comprometido hoje, devido ao rompimento de uma adutora. O restabelecimento se dará de forma gradual a partir das 12h, com previsão de normalização do fornecimento de água até às 14h.
Sistema de Rodízio
Na última semana, a Casan informou que realizaria uma série de medidas para garantir o abastecimento. Entre elas, estava a distribuição de água no sistema de abastecimento do munícipio. A Companhia informou que iria passar a interromper o abastecimentos em alguns bairros.
O ClicRDC procurou a Casan para saber se o sistema de rodízio está funcionando. Também questionou referente a outros pontos levantados pelos moradores. No entanto, até a publicação desta matéria não teve resposta.
Decreto de situação de emergência
No último dia 28 de outubro, a Administração Municipal de Chapecó decretou situação de emergência, pela falta de chuva. Conforme a nota, foi decretada ” situação de emergência na cidade e no interior, em decorrência do comprometimento no abastecimento de água”. Segundo a prefeitura, a situação também é crítica para as agroindústrias – que para manter os trabalhos captam água diretamente do Rio Uruguai.
Administração informou que tem auxiliado todas as demandas que chegam das áreas rurais. Já “no perímetro urbano a Concessão é da Casan”.
Situação em Chapecó
A Administração informou, no último dia 28, que o município tem sido afetado desde o mês de julho, como apontam dados da Efagri. No mês de setembro a situação se agravou- neste mês foi “registrada a menor precipitação do mês dos últimos 51 anos, com apenas 40 mm de chuva em Chapecó”.
Em outubro o esperado era de 168 mm, mas choveu apenas 7,48% do esperado do dia 01 a 20 do mês.
Conscientização
Quando foi decretada a situação de emergência, que tem validade de 180 dias, a Administração Municipal destacou que é necessário a conscientização da população sobre o uso racional de água neste período.
No site da Casan, a Companhia também orienta para que, além do uso racional para evitar desperdícios, que cada imóvel tenha uma caixa d’água de pelo menos 500 litros. Outras orientações são para que o morador:
– Não lave casas, pátios, calçadas, hall de prédios com mangueira e carros em hipótese alguma.
– Ao lavar louças ou escovar os dentes, feche a torneira.
– Junte a roupa até encher a máquina de lavar e acioná-la somente com capacidade máxima: uma lavagem pode consumir até 150 litros;
– Não tome banhos demorados. O chuveiro é um grande consumidor de água, ainda mais agora que é recomendado aumentar a frequência dos banhos.
Apesar disso, alguns flagras de desperdícios nesse momento são feitos no município. Como o caso registrado no bairro Pinheirinho, por uma pessoa que não quis se identificar. Ela fez imagens de um morador, enquanto ele lavava o carro, no domingo (8), pela manhã.
Outro caso flagrado foi de uma moradora que usava uma mangueira com água para fazer a limpeza de janelas. O caso aconteceu, nesta manhã de segunda-feira (9), na rua São Pedro, no bairro Pinheirinho. Não há informações se água usada é da Casan ou de fonte própria.