Um grave acidente ocorrido por volta das 13h37 do domingo, 6 de abril de 2025, no km 233,7 da BR-101, em Palhoça (SC), resultou em sete pessoas feridas, 25 veículos envolvidos, diversos incêndios e a interdição total da rodovia por quase 16 horas. O laudo técnico do sinistro, divulgado nesta quarta-feira (14) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), detalha a complexa sequência de eventos no trecho conhecido como Morro dos Cavalos.
Segundo o relatório, o acidente teve início quando uma combinação de veículos – o caminhão-trator IVECO/STRALIS 600S44T (V1), que trafegava no sentido norte-sul (Florianópolis/SC a Porto Alegre/RS) – colidiu com a barreira de concreto na margem da pista após passar por um redutor de velocidade. O veículo tombou e, ainda tombado, atingiu a barreira central da rodovia, espalhando combustível inflamável sobre a via, o que deu origem a um incêndio de grandes proporções.
As chamas rapidamente se alastraram e atingiram veículos que trafegavam no sentido contrário (sul-norte), os quais estavam parados devido a um congestionamento causado por outro acidente ocorrido minutos antes, no km 232. Um veículo Renault Clio (V23), foi o primeiro a parar sobre o combustível em chamas, seguido pelos demais, totalizando 24 veículos atingidos pelas labaredas.
No momento do acidente, V1 trafegava a 57 km/h, velocidade compatível com o limite de 60 km/h estabelecido pela lombada eletrônica localizada no local. Ainda assim, a PRF concluiu que o fator determinante foi a perda de controle da direção por parte do condutor de V1 após o redutor de velocidade. A hipótese de embriaguez foi descartada após teste do etilômetro, que deu resultado negativo. O cronotacógrafo do caminhão foi destruído no incêndio, impossibilitando sua inspeção.
A operação de resgate envolveu diversas instituições, incluindo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, Defesa Civil, Polícia Militar, SAMU, Instituto do Meio Ambiente (IMA), Secretaria Municipal de Obras de Palhoça e a empresa AMBIPAR. Os ocupantes de V1 foram socorridos inicialmente por terceiros à UPA Sul de Palhoça e, em seguida, transferidos ao Hospital Regional de São José.
A rodovia foi completamente interditada às 13h38 do dia 6 e só teve o tráfego restabelecido às 5h05 da manhã de segunda-feira (7), após liberação da pista. Durante o trabalho das equipes, foi necessário remover trechos da barreira de concreto do canteiro central para dar passagem aos veículos de emergência.
O laudo também aponta irregularidades na operação do V1, que transportava produto perigoso inflamável e levava uma passageira não auxiliar, em desacordo com a Resolução 5998/2022 da ANTT. A empresa AMBIPAR, responsável por gerenciar emergências ambientais, chegou ao local somente às 18h10 – mais de quatro horas após o acidente – e sem os equipamentos necessários, o que atrasou o controle da situação. A operação de destombamento e limpeza do caminhão V1 só foi iniciada por volta da meia-noite.
Além do V1, as cargas dos caminhões V7, V8 e V11 também foram atingidas. As cargas de V7 e V11 foram completamente perdidas, enquanto parte da carga de V8 foi salva, já que apenas um dos semirreboques foi incendiado. O restante do combustível transportado por V1 foi transbordado com auxílio de um caminhão-tanque providenciado pelo Corpo de Bombeiros.
As imagens e vídeos do acidente, registrados por câmeras de videomonitoramento da concessionária que administra a BR-101, serão disponibilizados no processo SEI 08666.016714/2025-84. O laudo reforça a complexidade do episódio e o impacto causado na principal rodovia do litoral catarinense.
