

Os ciclones extratropicais são sistemas atmosféricos de baixa pressão, comuns no outono e inverno no Sul do Brasil. Diferentes dos furacões, que ocorrem em regiões tropicais, esses ciclones se formam em latitudes médias, quando massas de ar quente e frio se encontram, provocando mudanças rápidas na atmosfera e no comportamento do mar.
Como eles afetam o tempo em Santa Catarina?
Causam chuva e ventos fortes. Ao se intensificarem na costa, as rajadas podem ultrapassar os 60km/h nas regiões litorâneas e sul do estado. A queda de temperatura é favorecida pela massa de ar frio que acompanha os ciclones.
Impactos no mar
No primeiro momento da passagem do ciclone, quando está posicionado mais próximo da costa, o mar fica bastante agitado, com altas ondas e ressaca, que podem gerar riscos para a navegação, pescadores e banhistas. Esse período requer atenção redobrada para evitar acidentes. Também contribui no aumento do nível do mar e provoca alagamentos em municípios no litoral do estado.
Ciclone extratropical no dia 28/07 (segunda-feira), indicado na imagem de satélite pela presença de nuvens em espiral na costa sul do Brasil Em SC, as rajadas de vento chegaram a 80km/h neste dia, em Tubarão e Rancho Queimado. Fonte: NOAA/Epagri.
Previsão de ventos na madrugada do dia 29/07 (terça-feira), indicando a presença do ciclone extratropical mais afastado da costa sul do Brasil. As rajadas de vento diminuíram para 60km/h em Tubarão/SC, neste dia. Fonte: GFS25.
Benefícios para o surf
Depois dessa fase inicial, quando o ciclone vai se afastando em direção mar, os ventos enfraquecem nas cidades litorâneas. Mas permanece a formação de ondas maiores, geradas pelo ciclone em alto mar, só que mais “organizadas”, criando excelentes condições para os surfistas.
A visão de quem vive o mar: Kauan Damásio, surfista da Guarda do Embaú
Natural da Guarda do Embaú, em Florianópolis, o surfista Kauan Damásio cresceu convivendo com o mar e aprendendo com o pai desde pequeno. Ele explica como percebe as mudanças trazidas pelos ciclones extratropicais: “Percebemos que o mar fica extremamente bravo, as ondas costumam vir de forma aleatória, além das correntes que puxam muito. Depois disso, começa a ficar bom de surfar quando o vento vira para Nordeste, aí temos ondas mais consistentes e alinhadas.”
Os desafios também são muitos. Segundo Kauan, a experiência local faz toda a diferença: “O problema é a força do mar, as correntes puxando… Especificamente com os ciclones, têm também as mudanças climáticas, que variam muito. O que pode te salvar é o conhecimento do local, saber os canais de saída e tudo mais. Mas isso você só ganha com o tempo de mar. Já vi muito caldo aqui na Guarda.”
Para ele, os ciclones são essenciais na geração de boas ondas:“Eu acho esses ciclones essenciais para termos um swell mais sólido e longo, criando ondas mais fortes. Quando isso acontece, temos as melhores ondas do ano. Foi nesses dias pós-ciclone que peguei o maior tubo da minha vida.”
Monitoramento e orientações da Epagri/Ciram
A Epagri/Ciram acompanha constantemente esses ciclones para alertar a população sobre condições de risco e oportunidades, como os dias propícios para o surf. É fundamental que a população acompanhe as atualizações meteorológicas e de mar, respeite os avisos e tome cuidados durante os períodos de ventania e ressaca.