A sessão de julgamento ocorrida na comarca de São Miguel do Oeste, Extremo-Oeste, na quarta-feira (18), encerrou a pauta de júris da região. Tratava-se de mais um dos muitos casos de feminicídio registrados na comarca. Inconformado com a crescente demanda, o magistrado que presidia a sessão desabafou após a leitura da sentença. “Mulher não é objeto. Não pertence ao homem”.
O réu foi condenado a 12 anos de reclusão, em regime fechado, por tentativa de homicídio qualificada por motivo torpe, tentativa de feminicídio e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele teve negado o direito de recorrer em liberdade. A sentença ainda determina o pagamento de indenização por danos morais à vítima no valor de R$ 50 mil.
“Tem que acabar com esse negócio de achar que problema de relacionamento se resolve com faca. Que ‘se não for minha, não vai ser de mais ninguém’ ou ‘só vai sair daqui se for morta’. Agora vai passar 12 anos da vida na prisão por causa de uma bobagem que fez e, ainda, quase matou alguém”, apontou o juiz.
Conforme a denúncia, o acusado desferiu dois golpes de faca no peito da então companheira, após uma discussão por ciúmes. O crime aconteceu em outubro de 2023, em Guaraciaba. “É inadmissível que, em pleno século 21, briga de casal seja resolvida com duas facadas no peito. Não se pode resolver problema de relacionamento com faca. Tem que ser com tratamento. Vá procurar ajuda! Se não consegue deixar a mulher trabalhar e tem que ir lá três vezes por dia para ver se ela está lá, então é melhor ficar sem mulher.”
O juiz da Vara Criminal de São Miguel do Oeste é conhecido pela maneira coerente e firme com que conduz os processos. As palavras direcionadas ao réu, no final do julgamento, demonstrou, mais uma vez, o compromisso com a prestação efetiva da Justiça. O magistrado ainda desejou ao acusado que continue apresentando bom comportamento no complexo prisional, expressando o arrependimento pelo crime cometido.
Vídeo: Marcos de Lima / Cristian Lösch
