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Grupo de Cavaleiros Xapecó e os 10 anos do transporte da Chama Crioula em Chapecó: Uma jornada de tradição e história

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Em 2024, o Acampamento Farroupilha de Chapecó celebra duas décadas de existência, consolidando-se como um dos principais eventos culturais da região. Para Lélio Marcos Zuffo, Diretor de Cavalgada da 12ª Região Tradicionalista de Santa Catarina, este ano é especial por um motivo a mais: completam-se 10 anos do transporte da Chama Crioula para o Parque Farroupilha, um marco que começou em 2015 e que reflete a dedicação e o comprometimento dos tradicionalistas em manter viva a essência da cultura gaúcha.

A Chama Crioula é gerada no Rio Grande do Sul há 75 anos, sendo acesa pela primeira vez em 1947 por Paixão Côrtes, que a levou do Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, para outros pontos de celebração, dando origem aos festejos farroupilhas. O transporte da chama para Chapecó começou em 2015, quando quatro cavaleiros da cidade viajaram até Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, para buscar a chama que havia percorrido mais de 1.000 km desde a Colônia de Sacramento, no Uruguai. Com os apoios, responsáveis por todo suporte aos animais e alimentação, os cavaleiros iniciaram o que se tornaria uma tradição anual.

Nos anos seguintes, o grupo seguiu em sua missão, sempre com o aval dos patrões da 12ª Região Tradicionalista. Em 2016, a chama foi trazida de Itatiba, e, em 2017, um momento histórico foi repetido: assim como Paixão Côrtes em 1947, os cavaleiros atravessaram a cidade de Passo Fundo e pegaram a chama na Brigada Militar local, vindo em seguida para Chapecó.

Em 2018, o grupo foi a Iraí, onde a chama foi acesa no Rio Uruguai, num evento de grande significado simbólico. Em 2019, foi acesa a primeira Chama Crioula catarinense foi gerada e mantida acesa no Parque Farroupilha de Chapecó, onde permanece desde então. Com a pandemia em 2020, o evento estadual foi cancelado.

A tradição continuou nos anos seguintes, com a chama sendo trazida de Sarandi (2021), Canguçu (2022) e Cristal (2023), na Casa de Bento Gonçalves, cenário da minissérie “A Casa das Sete Mulheres”. Em 2024, o grupo viajou até Alegrete, a terceira capital farroupilha, para buscar a chama que foi denominada “Chama da Reconstrução”, em homenagem às vítimas das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no início do ano.

Esses 10 anos de transporte da Chama Crioula para Chapecó representam mais do que uma celebração da cultura tradicionalista; eles são um testemunho de resiliência e união, conectando gerações de gaúchos e catarinenses em torno de valores comuns, como o respeito às tradições e à história.

A chama que arde no Parque Farroupilha de Chapecó desde 2019 simboliza essa continuidade, um elo entre passado, presente e futuro que, ano após ano, é renovado com cada novo ciclo de festividades farroupilhas. Para Lélio Marcos Zuffo e os cavaleiros da 12ª Região Tradicionalista, o orgulho de transportar a chama é um tributo ao legado deixado por Paixão Côrtes e pelos pioneiros que iniciaram essa jornada há mais de sete décadas.


2015: A Primeira Cavalgada da Chama Crioula de Chapecó – Uma Jornada de Tradição e Reencontros

Em 2015, a Chama Crioula foi acesa na cidade de Sacramento, no Uruguai, e pela primeira vez chegou a Chapecó, marcando o início de uma tradição que perdura até hoje. A jornada foi realizada por quatro cavaleiros – Evandro Klein, Eudes de Oliveira, Ademir Schultz e o professor Bastião, que, aos quase 80 anos, participou bravamente a cavalo. Com o apoio fundamental de Carraro, que dirigia a camionete, e Antônio, responsável pela alimentação, o grupo iniciou uma aventura marcada por amizade, superação e reencontros emocionantes.

A cavalgada começou em Passo Fundo, percorrendo estradas de chão e atravessando a balsa na Água Amarela, num trajeto hoje inexistente. Sem rotas definidas, os cavaleiros seguiam à moda antiga, descansando onde podiam após percorrer 30 ou 40 quilômetros por dia. O espírito de aventura dos antigos tropeiros estava presente em cada etapa da jornada, com a equipe de apoio sempre à frente, preparando os locais de pouso ou, na falta de abrigos, dormindo à beira da estrada.

Um dos momentos mais memoráveis da cavalgada foi o reencontro inesperado do professor Bastião com um primo que não via há mais de 30 anos. Ao passar pela região onde cresceu, Bastião avistou um homem arrumando uma cerca, e ao pararem para conversar, descobriram que eram parentes distantes. Esse reencontro simbolizou a essência das cavalgadas: não apenas o transporte da chama, mas também o resgate de memórias e o fortalecimento de laços. A chama que hoje permanece acesa no Parque Farroupilha de Chapecó continua a inspirar gerações, carregando consigo essas histórias de emoção e tradição.


2016: Ampliação do Grupo com Honra e Tradição

Em 2016, um episódio marcante na história do Acampamento Farroupilha de Chapecó consolidou o espírito de união e tradição dos cavalarianos da região. Um grupo de cerca de dez cavaleiros tomou a nobre missão de buscar a chama crioula na cidade de Itatiba, perpetuando o legado dos festejos farroupilhas. A jornada não foi apenas uma viagem, mas um resgate de tradições que reforçaram o laço cultural entre os envolvidos.

Na travessia do rio Uruguai, um momento especial ficou marcado na memória: uma calorosa recepção aguardava os cavalarianos de Chapecó, com amigos e familiares reunidos para celebrar o retorno dos heróis. Na barranca do rio, uma autêntica churrascada simbolizou o reencontro, regada a muita camaradagem e celebração.

Com a chama farroupilha em mãos, os cavalarianos trouxeram consigo mais do que o símbolo da tradição gaúcha: carregaram a essência da perseverança e do orgulho de suas raízes. A chegada da chama aos festeiros de Farroupilha foi motivo de grande comemoração, reforçando o valor da cultura e o respeito às tradições que atravessam gerações.


2017: A Reedição Histórica dos 70 Anos da Chama Crioula em Chapecó

Em 2017, a cavalgada da Chama Crioula de Chapecó realizou um feito histórico ao reviver um dos momentos mais icônicos da cultura gaúcha. No dia 6 de setembro, os cavaleiros da 12ª Região Tradicionalista repetiram o gesto de Paixão Côrtes, de 1947, ao acender a chama dentro da Brigada Militar em Passo Fundo, que naquele ano era a Guardiã Oficial do fogo simbólico, marcando 70 anos dessa tradição.

A celebração dos 70 anos do acendimento da Chama Crioula teve início em Passo Fundo, onde o grupo de cavaleiros percorreu o mesmo trajeto simbólico feito por Paixão Côrtes. Após atravessarem a cidade à noite, a chama foi acesa no quartel da Brigada Militar, de onde começou a jornada de retorno a Chapecó. Durante o trajeto, os cavaleiros fizeram paradas em locais significativos, entregando a chama a chapecoenses que vivem em diferentes cidades, como Barão de Cotegipe, reforçando o laço entre gaúchos e catarinenses.

A cavalgada de 2017 foi um marco, não só pelo seu valor simbólico, mas também por reafirmar o compromisso de Chapecó com as tradições farroupilhas. Ao chegar ao Acampamento Farroupilha de Chapecó, a chama foi recebida com grande entusiasmo, iluminando mais uma vez os festejos que celebram a história e a cultura gaúcha.


2018: A Primeira Cavalgada Oficial da 12ª Região Tradicionalista Marcada por Desafios e Luto

O ano de 2018 foi um marco para a 12ª Região Tradicionalista de Chapecó, quando realizou sua primeira cavalgada oficial representando a região no transporte da Chama Crioula. Diferente dos anos anteriores, o trajeto começou e terminou em Chapecó, repleto de desafios e significados especiais para o grupo de cavaleiros.

A cavalgada teve início com cavaleiros de Chapecó e dos Cavaleiros do Planalto Médio, do Rio Grande do Sul, mas foi marcada por um episódio trágico. Juca, um dos cavaleiros do Planalto Médio, que iniciou a jornada ao lado dos chapecoenses, cavalgou até Alpestre, no Rio Grande do Sul, onde começou a se sentir mal. Infelizmente, após procurar o hospital local, o grupo recebeu a triste notícia de seu falecimento, o que trouxe grande comoção a todos.

Mesmo abalados, os cavaleiros seguiram em frente, honrando a tradição e a memória de Juca. A foto da cavalgada de 2018 tornou-se um símbolo de resiliência e união, capturando o espírito de perseverança dos cavaleiros em meio ao luto. Ao retornarem a Chapecó, a chama foi recebida com profunda emoção, marcando essa jornada como uma homenagem à vida, à tradição e ao esforço coletivo diante das adversidades.


2019: A Cavalgada da Chama Crioula em Tenente Portela e a Imponência da Tradição

Em 2019, a Chama Crioula foi acesa em Tenente Portela, Rio Grande do Sul, marcando mais um emocionante capítulo na história da cavalgada da 12ª Região Tradicionalista de Chapecó. A chama, transportada em um candeeiro especialmente reforçado para suportar as longas horas de cavalgada, simbolizava o esforço e a dedicação dos cavaleiros e suas equipes de apoio. A grandiosidade da estrutura envolvida, que incluía caminhões para os cavalos e ônibus para o descanso dos cavaleiros, destacou a seriedade e o compromisso com essa tradição.

Durante o trajeto, a comitiva fez paradas em locais importantes, como o parque de rodeio de Frederico Westphalen, reafirmando o papel da cavalgada em unir as comunidades em torno da cultura gaúcha. Cada parada era uma oportunidade para compartilhar histórias e memórias, enquanto a chama, que não podia apagar, continuava sua jornada. A estrutura de apoio, com a presença de veterinários e equipes de logística, garantiu que tudo corresse conforme o planejado, fortalecendo o elo entre tradição e modernidade.

A chegada da chama em Chapecó, no Parque Farroupilha, em setembro, foi recebida com grande emoção pelos patrões dos CTGs locais e pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que ofereceu suporte técnico ao longo da cavalgada. O evento não foi apenas uma celebração cultural, mas uma demonstração de respeito à tradição, unindo passado, presente e futuro. A partir daquele ano, a Associação Parque Farroupilha assumiu a responsabilidade de manter a chama permanentemente acesa no parque, homenageando os cavaleiros que participaram dessa jornada.


2020: A Primeira Chama Crioula Catarinense e a Distribuição em Chapecó em Meio à Pandemia

Em 2020, a pandemia da Covid-19 impactou profundamente as tradições gaúchas, cancelando pela primeira vez em anos a geração estadual da Chama Crioula no Rio Grande do Sul. Diante desse cenário, a Associação Parque Farroupilha de Chapecó assumiu a responsabilidade de manter a tradição viva, gerando a primeira Chama Crioula catarinense, marcando um momento histórico para a região.

Os cavaleiros de Chapecó tiveram um papel fundamental na distribuição da chama aos CTGs locais, enfrentando os desafios e restrições impostos pela pandemia. Com todas as medidas de segurança necessárias, a chama foi entregue a entidades como o Estância Velha, Herança Gaúcha, Índio Condá e Vaqueanos do Oeste, mantendo vivo o espírito das tradições farroupilhas, mesmo em tempos difíceis.

No dia 7 de setembro de 2020, uma data histórica, os cavaleiros, acompanhados pela cavalaria da Polícia Militar, realizaram a entrega final da chama aos CTGs Sangue de Farrapos, Coxilha do Quero-Quero e Porteira do Paraíso. A cavalgada daquele ano simbolizou a resiliência da comunidade tradicionalista, que, apesar das adversidades, mostrou que a cultura e a tradição são elementos essenciais para manter as comunidades unidas.


2021: A Travessia Histórica da Chama Crioula pela Ponte sobre o Rio Uruguai

Em 2021, apesar dos desafios contínuos da pandemia, a tradição do transporte da Chama Crioula foi mantida com adaptações. A chama foi gerada em Sarandi, Rio Grande do Sul, como parte das atividades organizadas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Representando a 12ª Região Tradicionalista de Santa Catarina, os cavaleiros de Chapecó percorreram 350 km a cavalo, cruzando o interior gaúcho para trazer a chama de volta a Chapecó.

Um dos momentos mais marcantes da cavalgada de 2021 foi a travessia da ponte sobre o Rio Uruguai, a primeira vez que essa rota foi utilizada pelos cavaleiros. Nos anos anteriores, a travessia era feita por balsa ou pela barragem de Águas de Chapecó. Em 2021, com o apoio das polícias rodoviárias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a ponte foi fechada exclusivamente para a passagem dos cavaleiros, simbolizando a segurança e o respeito com que a tradição é tratada pelas autoridades.

Desde 2016, a organização da cavalgada passou a ser cuidadosamente planejada, com demarcações prévias de quilometragem, pontos de descanso e contatos com órgãos como DNIT, DAER e Deinfra para garantir as autorizações e a segurança. A cavalgada de 2021 destacou-se não só pela manutenção da tradição, mas também pela travessia simbólica da ponte do Rio Uruguai, reforçando o orgulho e a conexão entre as tradições gaúchas e catarinenses.


2022: A Cavalgada Histórica de 700 km para Trazer a Chama Crioula de Canguçu a Chapecó

Em 2022, a Chama Crioula foi gerada em Canguçu, Rio Grande do Sul, durante um evento estadual que reuniu mais de 1.500 cavalos e centenas de cavaleiros de várias regiões. A cavalgada de Chapecó, organizada pela 12ª Região Tradicionalista de Santa Catarina, foi uma das mais desafiadoras, com um percurso de 700 km, dos quais 350 foram feitos a cavalo. Esse evento destacou a importância da chama para a cultura gaúcha, transcendente fronteiras e marcando a história da tradição.

A cerimônia de geração da chama contou com a presença de autoridades como o vice-governador do Rio Grande do Sul e o presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que entregaram a chama aos cavaleiros de Chapecó, reforçando o valor cultural do evento. Para realizar a cavalgada, uma grande estrutura logística foi montada, envolvendo três Grupos de Cavaleiros: o Grupo de Cavaleiros Xapecó, o CTG Galpão da Amizade de Saudades (SC) e o CTG Amizade Sem Fronteiras de São Lourenço do Oeste (SC), cada um contribuindo com recursos essenciais, como transporte, descanso e alimentação.

Com 16 cavaleiros e um total de 30 pessoas envolvidas, a cavalgada de 2022 foi uma das maiores já registradas, representando um verdadeiro tributo à tradição farroupilha. A chegada da chama em Chapecó foi celebrada com grande orgulho, e todos os participantes foram certificados pela jornada, que simbolizou o compromisso com a preservação da cultura gaúcha e a união entre os gaúchos e catarinenses.


2023: A Chama Crioula Honra o Centenário da Revolução Federalista com Geração em Cristal e Travessia Histórica

Em 2023, a Chama Crioula foi gerada na cidade de Cristal, Rio Grande do Sul, em um evento que reuniu 1.800 cavalos, destacando-se pela sua magnitude e significado histórico. A cerimônia ocorreu na réplica da casa de Bento Gonçalves, ícone da Revolução Farroupilha, e teve uma importância especial ao ser dedicada ao centenário da Revolução Federalista, evocando um capítulo marcante da história gaúcha.

A cavalgada deste ano percorreu mais de 10 km, do acampamento até o local da geração, pela BR-116, com o apoio da Polícia Rodoviária Federal para garantir a segurança dos cavaleiros. A jornada contou com a participação dos cavaleiros da 19ª Região Tradicionalista de Erechim, reforçando o espírito de união entre as regiões gaúchas e catarinenses. Um momento especial ocorreu no Cemitério de Combate, em Erebango, onde a chama foi redistribuída em homenagem ao centenário da Revolução Federalista, dando um tom solene à cavalgada.

A travessia até Chapecó incluiu importantes registros, como a passagem pelos CTGs locais, como o CTG Sangue de Farrapos e a abertura do rodeio no CTG Recanto dos Tropeiros, onde a chama foi recebida com grande celebração. A cavalgada de 2023 não foi apenas sobre o transporte da chama, mas uma jornada de resgate histórico, unindo tradições e relembrando os sacrifícios da Revolução Federalista. A chegada da chama em Chapecó simbolizou resistência e continuidade, encerrando mais um capítulo de dedicação às tradições farroupilhas.


2024: A Chama da Reconstrução – Alegrete e a Comemoração de 75 Anos da Chama Crioula

Em 2024, a Chama Crioula foi gerada na cidade de Alegrete, em um dos eventos mais simbólicos da história farroupilha recente. Em sua 75ª edição, a chama recebeu o nome “Chama da Reconstrução”, em homenagem à resiliência do povo gaúcho após as enchentes devastadoras de 2023 e 2024. Organizado pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), o evento contou com a presença da presidente do MTG, que entregou a chama aos cavaleiros de Chapecó em uma cerimônia repleta de emoção e simbolismo.

A geração da chama incluiu uma encenação teatral da Batalha do Seival, conectando a tradição com a história de Alegrete. Durante dois dias de celebração, os participantes foram imersos na cultura e nos valores gaúchos, reforçando o simbolismo da chama como um elo de reconstrução e união. Após a cerimônia, os cavaleiros de Chapecó iniciaram sua jornada de retorno, passando por cidades históricas como São Miguel das Missões e Santo Ângelo, até atravessarem o Rio Uruguai pela barragem de Águas de Chapecó e chegarem à cidade no dia 24 de agosto.

A chegada da chama coincidiu com as comemorações do aniversário de Chapecó, onde foi entregue à cavalaria montada da Polícia Militar durante um desfile oficial. A chama foi então distribuída para os CTGs da região, como o CTG Galpão da Amizade e o CTG Índio Condá. Além de seu percurso por Santa Catarina, a “Chama da Reconstrução” também cruzou fronteiras, sendo entregue ao CTG Carreteando de Pato Branco, no Paraná, ampliando o alcance dessa tradição e simbolizando a força e a união do povo gaúcho e catarinense.

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