
Seis pessoas suspeitas de cometer quatro homicídios no mês de janeiro, em Joinville, no Norte de Santa Catarina foram denunciadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A 23ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville quer que elas sejam julgadas e condenadas pelo Tribunal do Júri por quatro homicídios duplamente qualificados – motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas – e pelos crimes conexos de cárcere privado, organização criminosa e ocultação de cadáver. A Justiça recebeu a denúncia na terça-feira (16).
Os crimes ocorrerram no dia 6 de janeiro de 2023. Os denunciados Alisson Vítor Silveira Borges, Brendo Felipe Rohricht, Caroline Brizola, Igor Willian Alves Tavares, Ariana Cordeiro Monney, João Vítor Santa Rosa e outros indivíduos ainda não identificados, todos supostamente integrantes de uma organização criminosa, teriam mantido seis vítimas, entre elas uma menina menor de 18 anos em cárcere privado durante algumas horas no interior de uma ONG no bairro Ulysses Guimarães, em Joinville.
Conforme consta na denúncia do MPSC, “os denunciados mantiveram as vítimas em cárcere privado para confirmar se elas integravam ou não a facção criminosa rival à dos agentes criminosos, para então deliberar sobre a morte das vítimas, atuando numa espécie de Tribunal do Crime Organizado”.
Após o “julgamento” e longa negociação, duas das vítimas teriam sido libertadas e coagidas a retornar imediatamente para o estado do Paraná. A ação penal pública destaca que um dos crimes de cárcere privado foi praticado contra menor de 18 anos, pois uma das vítimas tinha 16 anos, na data dos fatos.
Em seguida, os réus Alisson e João, com comparsas não identificados e por determinação de Brendo, e de demais integrantes também não identificados, dirigiram-se até uma região de mata no bairro Ulysses Guimarães e teriam matado quatro vítimas com diversos tiros.
Os réus Caroline, Igor e Ariana também supostamente participaram do ato criminoso onde auxiliaram e participaram diretamente do “julgamento” das vítimas, sendo Caroline, em princípio, quem informava aos membros da facção o paradeiro das vítimas no bairro Ulysses Guimarães, bem como, junto aos denunciados Alisson e João, teria iniciado o interrogatório das vítimas.
Para o Promotor de Justiça Marcelo Sebastião Netto de Campos, “o motivo do crime foi torpe, em razão da guerra de facções criminosas instalada na cidade, uma vez que os denunciados entenderam que as vítimas teriam vínculos com a facção criminosa rival”.
Ele ressalta que “os homicídios foram praticados mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, pois estavam sob o domínio de seus executores, os quais se encontravam em superioridade numérica, em cárcere privado, dificultando que esboçassem válida tentativa de defesa”.
Após a suposta execução das vítimas, os denunciados Alisson e João, com os comparsas ainda não identificados, teriam ocultado os cadáveres. De acordo com a denúncia, “eles enterraram os corpos em uma região desconhecida nas proximidades do local em que foram mortos”.
Segundo consta nos autos, os cadáveres foram localizados somente no dia 22 de março de 2023, após uma denúncia anônima recebida pelas forças policiais.