
O Governo de Santa Catarina decidiu, no dia 4 de abril de 2025, aposentar compulsoriamente a major da Polícia Militar, Lumen Müller Lohn, de 45 anos — primeira oficial trans da corporação. A decisão, publicada em edição extra do Diário Oficial, gerou forte repercussão nas redes sociais e levantou acusações de discriminação e transfobia institucional.
Primeira major trans da PM é afastada da ativa
Lumen Müller Lohn ingressou na Polícia Militar em 1998. Em 2022, tornou-se publicamente a primeira oficial trans da corporação. Com uma carreira de mais de duas décadas, seu processo de transição foi um marco histórico na PM de Santa Catarina — mas também o início de um novo ciclo de desafios.
Desde que retornou do afastamento por depressão (entre 2019 e 2022), a major teve pedidos de promoção negados sob a alegação de que o tempo de afastamento impediu sua progressão. Poucos meses após iniciar sua transição de gênero, um Conselho de Justificação foi instaurado para analisar sua “capacidade moral e profissional”.
Parecer jurídico e justificativa de comportamento
Segundo os documentos oficiais, a decisão de aposentadoria compulsória se baseou em pareceres da Procuradoria-Geral do Estado e do Conselho de Justificação da PM. As alegações incluíram “inconstância laboral” e “questões de ordem comportamental”, apontando uma suposta incompatibilidade da major com a função policial na ativa.
O governador Jorginho Mello assinou o despacho, ratificando o posicionamento da corporação e determinando o afastamento imediato de Lumen para a reserva remunerada.
Lumen contesta e promete recorrer à Justiça
Em resposta à medida, Lumen afirmou que a aposentadoria compulsória representa um ato de transfobia institucional velada. Ela contesta o processo e promete acionar a Justiça para reverter a decisão, alegando que a medida fere seus direitos e está baseada em preconceito, não em critérios técnicos.
“Não é apenas sobre mim, é sobre todas as pessoas trans que sonham em ocupar um espaço de respeito nas instituições”, afirmou Lumen.
Caso gera repercussão nacional
A decisão do Governo de Santa Catarina teve ampla repercussão em portais de notícia, redes sociais e grupos de defesa dos direitos LGBTQIA+. Para muitos, o caso de Lumen simboliza uma batalha maior pela dignidade e equidade de pessoas trans no serviço público.
O afastamento de Lumen Müller Lohn se torna um marco simbólico e polêmico no debate sobre diversidade, inclusão e direitos humanos dentro das forças de segurança no Brasil.