
A Federação Internacional de Diabetes (IDF) oficializou neste ano o reconhecimento do diabetes tipo 5, uma forma da doença anteriormente conhecida como diabetes relacionado à desnutrição. A mudança foi anunciada durante o Congresso Mundial de Diabetes, realizado em Bangkok, e busca dar visibilidade a uma condição que atinge principalmente adolescentes e adultos jovens magros, em contextos de pobreza e insegurança alimentar.
O diabetes tipo 5 se diferencia das formas mais conhecidas da doença, como o tipo 1 (autoimune) e o tipo 2 (relacionado à obesidade e resistência à insulina). Nesse caso, o fator determinante é a desnutrição crônica, que compromete o desenvolvimento e a função do pâncreas, reduzindo a produção de insulina.
Sintomas e características
Segundo especialistas, pacientes com diabetes tipo 5 costumam apresentar:
- Baixo índice de massa corporal (IMC), muitas vezes abaixo de 19;
- Altos níveis de glicose no sangue, mas sem tendência à cetoacidose grave, típica do diabetes tipo 1;
- Necessidade de doses menores de insulina, em comparação a outros tipos;
- Deficiências nutricionais associadas, que agravam o quadro clínico.
Por que esse reconhecimento é importante
Até então, muitos casos eram diagnosticados erroneamente como diabetes tipo 1 ou tipo 2, o que resultava em tratamentos inadequados. A inclusão oficial do tipo 5 permite que profissionais de saúde tenham diretrizes específicas para diagnóstico e manejo, considerando não apenas o controle da glicemia, mas também a recuperação nutricional.
“Esse reconhecimento representa um avanço para populações vulneráveis, que por muito tempo ficaram invisíveis nos estudos globais sobre diabetes”, destacou a IDF em comunicado.
Tratamento
O manejo do diabetes tipo 5 envolve uma combinação de intervenção nutricional — com aumento da ingestão de proteínas e micronutrientes — e, em alguns casos, o uso de insulina em doses ajustadas ou de medicamentos orais. O objetivo é equilibrar o controle da glicose e corrigir a desnutrição de base.
O que ainda falta definir
Apesar do avanço, ainda não existem critérios diagnósticos totalmente padronizados. Um grupo de trabalho da IDF está desenvolvendo protocolos globais para identificar e tratar o tipo 5. Também são necessárias pesquisas sobre prevalência, evolução e complicações a longo prazo.
Um passo para a equidade em saúde
O reconhecimento do diabetes tipo 5 marca uma tentativa de tornar a atenção global mais inclusiva. A doença está associada a contextos de pobreza, insegurança alimentar e sistemas de saúde frágeis, especialmente em países da África, Ásia e América Latina.
Com isso, a IDF espera estimular políticas públicas e pesquisas direcionadas, de modo a garantir que milhões de pessoas afetadas possam receber diagnóstico e tratamento adequados.