
Intimado na UTI: ato judicial ou abuso de autoridade?
Internado desde o dia 13 de abril no Hospital DF Star, em Brasília, após complicações decorrentes da facada sofrida em 2018, Jair Bolsonaro foi oficialmente intimado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (23). A entrega ocorreu diretamente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde o ex-presidente se recupera de uma cirurgia intestinal de alta complexidade, realizada no início do mês.
A decisão de intimar Bolsonaro causou forte repercussão. Segundo o STF, a intimação se justifica após a realização de uma live na noite anterior, na qual o ex-presidente apareceu ao lado dos filhos e do ex-piloto Nelson Piquet, promovendo capacetes e criticando duramente o Judiciário.
Denúncia formal e defesa em contagem regressiva
A intimação refere-se ao processo penal em que Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado e outros crimes contra o Estado Democrático de Direito. A denúncia da Procuradoria-Geral da República foi aceita pela Primeira Turma do STF em março.
A partir da assinatura da intimação, o ex-presidente tem cinco dias úteis para apresentar sua defesa prévia, mesmo em recuperação hospitalar. A medida foi considerada por aliados e por juristas como desproporcional, sobretudo diante do quadro clínico delicado.
Saúde e exposição pública
De acordo com o último boletim médico, Bolsonaro apresenta boa evolução, embora siga em jejum e recebendo nutrição parenteral. A transmissão ao vivo, feita diretamente da UTI, foi utilizada pelo STF como justificativa para autorizar a visita da oficial de Justiça, que entrou no quarto por volta das 12h45.
Mesmo assim, o gesto dividiu opiniões: enquanto apoiadores do Judiciário alegam que a live demonstra lucidez e atividade política, críticos apontam para um possível constrangimento e violação de direitos básicos durante o período de internação.
Reações e próximos capítulos
A atitude do STF gerou manifestações imediatas de aliados do ex-presidente e reacendeu o debate sobre supostos abusos de autoridade e seletividade judicial. Parlamentares da base de oposição já articulam manifestações públicas e questionamentos institucionais.
Com a ação judicial em curso e o estado de saúde ainda exigindo cuidados constantes, o episódio promete intensificar ainda mais a polarização política no Brasil.