O riso fácil, o semblante simpático, o trato gentil com todos à sua volta, são definitivamente as primeiras impressões deixadas por Paulo Balancelli, ou Paulinho Balancelli, como é conhecido em Chapecó.
Mas quem conhece nosso entrevistado, sabe que Balancelli é mais do que somente sorrisos, é uma pessoa determinada que quando se trata de trabalho a ser desempenhado, imprime seriedade e comprometimento em tudo o que se propõe a fazer.
E esse chapecoense, declaradamente apaixonado pela cidade é gaúcho!
Mas, como assim?
Eis que Luiz Alberto Balancelli, o “Bota”, para os amigos, e Inês Fátima Balancelli, aqui chegaram em 1977, vindos do Rio Grande do Sul. Como tantos casais esperançosos, estavam dispostos a construir nova vida e formar família na pujante capital do oeste. Eles se instalam no bairro São Cristóvão, onde vivem até hoje. Em dezembro de 1981, D. Inês, que estava grávida, resolveu visitar a sogra na cidade de Getúlio Vargas, onde acaba dando à luz o seu segundo filho. Paulinho nasce durante a visita, e se torna um chapecoense gaúcho.
“Me orgulho de minhas raízes gaúchas, meus pais são de lá, mas Chapecó é minha identidade. Gostaria imensamente que nos meus documentos estivesse escrito Chapecó – até já estudei uma forma de alterar meu local de nascimento”.
E assim nosso “gaúcho-chapecoense” cresce na Chapecó da década de 1990, ainda com jeitão de cidade pequena. “Eu lembro que, na infância, vinha a pé com meus amigos, lá do São Cristóvão, para treinar na Arena Condá. Vínhamos chutando as pedras da rua, tomando Coca-Cola nos bares do caminho, em uma cidade pacata e acolhedora, onde conhecíamos todo mundo”.
Atleta da chapecoense?
Paulinho chegou até o sub-12 como “o melhor ponta esquerda e esquenta banco do time (risos)… Ali era muita vontade e pouco talento”. Da época de jogador infanto juvenil, ficou a paixão pelo time do coração.
Estudante de escola pública, frequentou os colégios Lourdes Lago e Geni Comel, e como D. Inês não queria que o filho estudasse à noite, fez o pré-vestibular no Colégio Exponencial. Paulinho prestou vestibular para o curso de Direito, entrando na UNOESC de Xanxerê, onde cursa os primeiros anos da faculdade, depois transferida para a UNOCHAPEÓ.
Em Xanxerê, ele concorre à presidência do DCE – o ambiente do curso de direito e sua participação como presidente do Diretório Central dos Estudantes, foi fundamental em futuras escolhas e pelo desejo de ingressar na vida pública. “Foi nesses dois anos como presidente do DCE que comecei a me familiarizar com processos eminentemente políticos, pois como se trata de uma entidade representativa, que tem o papel de organizar pautas, eleger as demandas dos alunos e representá-los junto à direção da universidade, o aprendizado é enorme, além de ser um processo eletivo, com formação de chapa e disputa pelo voto dos alunos. Foram duas eleições: a primeira, nossa chapa venceu por 31 votos; já no segundo ano, vencemos por uma diferença de 1843 votos. À época conseguimos o menor reajuste do valor da mensalidade, e mudança na política das bolsas de estudo. Aprendi que deveria trabalhar de forma a atender os alunos em vários aspectos da vida estudantil. Assim, além da parte ‘séria’, fizemos shows nacionais e eventos, conquistando dessa forma também os festeiros”.
Como presidente do DCE, Paulinho vai à Brasília e acompanha a criação do ProUni, durante o ministério de Tarso Genro. Como estava envolvido na questão de isenção de imposto de renda para universidades comunitárias, teve o microfone cortado durante sua fala e com isso aprendeu mais uma lição: a de que “nem sempre interesses legítimos são defendidos por todos.”
Em Xanxerê, em paralelo aos estudos, ocupou o cargo de gerente de Tecnologia da Informação na SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional), porém decidiu retornar a Chapecó, concluindo os últimos dois semestres do curso de Direito na UNOCHAPECÓ.

Nesse tempo, ainda antes da conclusão do curso, convidou o amigo e advogado Marcel Lerner para ser seu sócio e juntos montarem um escritório. Relutante, Lerner aceita o convite, e numa sala alugada na rua Porto Alegre, eles conseguem surpreendentes 10 clientes já nas primeiras semanas de trabalho. “Nós tínhamos, além de muitos amigos, boa conversa e uma tese bem fundamentada sobre contratos abusivos de financiamentos de veículos”.
Como o seu “Bota”, o pai de Balancelli, era caminhoneiro, ele entendia bem o modo de operação das grandes financiadoras, que realizavam contratos com cláusulas leoninas e valores de juros com características abusivas. Com essas causas, em pouco tempo eles conseguiram ampliar o escritório, mudando-se para o edifício Vitor Breda, atrás do antigo Fórum, onde Maicon Gasperin integrou-se à sociedade. “Até hoje os amigos Lerner e Gasperin mantém a parceria em um grande escritório jurídico, e me orgulho de ter sido parte do começo dessa história.”
A partir dessa época, a vida como advogado e a vida na política foram andando em paralelo. A primeira filiação partidária de Paulinho foi no PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) entre os anos de 2004 e 2016. Em seguida vieram as filiações ao PSD (Partido Social Democrático) entre 2016 e 2020 e finalmente ao PSL (Partido Social Liberal) que tornou-se o UB (União Brasil) em 2021.
Sobre as filiações partidárias, Paulinho tem uma lembrança no mínimo engraçada: em 2004, ele ajudou o amigo Bernardo Ibagy Pacheco em sua campanha para vereador pelo PP (Partido Progressista). “Eu sempre transitei em grupos de amigos que na época eram ligados ao PP e PFL, tanto que ajudei a coordenar a campanha do Bernardo. Nesse ano, o pessoal do PP fez minha filiação ao partido, pela minha ligação quando do trabalho na campanha.
“Como em 2004 o mundo não era tão digitalizado e as fichas eram manuais, eu não sabia que minha filiação havia sido efetivada. Em seguida, me filiei ao PMDB, pelo qual concorri em minha primeira eleição para vereador, em 2008 – assim, oficialmente, eu tinha duas filiações.”
Quando falamos em tantas siglas, Paulinho faz uma observação muito interessante sobre a estrutura político-partidária no Brasil. “Eu também acredito que filiação partidária, em teoria, deveria ser como time de futebol. Nunca vi um gremista passar a torcer pelo colorado quando adulto, e vice-versa. Porém, o Brasil elegeu um sistema político-partidário pluralista, que acaba por criar, muito aquém da forma genuína, partidos com ideologias ‘fracas’, por vezes com objetivos interesseiros (fundo partidário, etc). Nos bastidores, os jogos são complexos e nem sempre há espaço para quem realmente milita e ainda luta com os ‘caciques’ de cada partido em seu estado e sua cidade.


“Lembro que minha primeira mudança de sigla, a saída do PMDB, deveu-se ao fato de o partido apoiar um então candidato que vinha da esquerda e era um militante ferrenho. Eu não me via em condições de apoiar um candidato vindo da esquerda, e assim decidi deixar o PMDB.
“Já a mudança do PSD para o PSL deveu-se a uma maior identificação com as pessoas envolvidas no PSL, que me acolheram e apoiaram. Sempre estarei ligado a partidos que corroborem a filosofia liberal. Acredito que minha lealdade se deve em primeiro lugar à minha pátria e ao meu pensamento essencialmente liberal e democrático. Vocês nunca verão o Paulinho Balancelli num palanque de esquerda – minha bandeira sempre foi verde e amarela”.
Como advogado, depois de graduado, Paulinho se pós-graduou em Direito do Trabalho pela Faculdade Damásio de Jesus de São Paulo e nessa mesma instituição se especializou em Direito do Consumidor.
Na carreira paralela ao direito, ocupou cargos importantes da administração pública, sendo chefe de Gabinete da Secretaria de Estado e Desenvolvimento Regional de Chapecó nos anos de 2009 e 2010. Fundou a Ouvidoria do município de Chapecó, sendo o primeiro ouvidor da cidade nos anos de 2013 e 2014. Foi assessor especial da Casan na região nos anos de 2015 e 2016 e foi Coordenador do Procon de Chapecó entre os anos de 2017 e 2020, vindo a ser escolhido o Presidente do Fórum de Procons de Santa Catarina.
À frente do Procon, Balancelli protagonizou uma ação que se tornou case nacional: a fiscalização dos preços dos combustíveis em Chapecó. Outra ação memorável foi a que levou ao fechamento de uma agência bancária do gigante Bradesco, por desrespeitar os consumidores. “Esse período à frente do Procon foi muito realizador, pois trata-se de um trabalho onde pudemos fazer a diferença na vida quotidiana das pessoas, trazer uma melhora real, palpável, e isso não tem preço”.
Além de advogado, Balancelli é empresário: fundou um laticínio, montou um escritório compartilhado, e hoje capitaneia um empreendimento no setor imobiliário.


Sem abandonar o compromisso com Chapecó, toda semana ele participa, na Rádio Oeste Capital FM, do programa Som e Café News, respondendo e orientando os ouvintes para solucionar as dificuldades do dia a dia, esclarecendo dúvidas jurídicas nas mais diversas áreas, prestando um serviço voluntário e relevante aos chapecoenses.
Como falamos anteriormente, a vida pública, o envolvimento com a política e a carreira jurídica seguiram em paralelo e por vezes se alternando na trajetória de Paulinho. Ele lembra que, após sua candidatura em 2008, terminado o pleito, precisou levar seu escritório jurídico para o edifício CPC, onde era mais “escondido”. “Tive um choque de realidade, pois meu escritório virou uma verdadeira romaria de pedidos de ajuda e doações. As pessoas chegavam a todo momento com os pedidos mais variados, com a crença de que candidatos precisam comprar ou trocar os votos por favores”.
Mas mesmo com essa dura realidade da relação entre candidato e parte da população que acredita que uma eleição é um balcão de negócios, Balancelli seguiu firme na convicção de ocupar um cargo no legislativo chapecoense.
Como candidato, Paulinho concorreu por uma vaga na Câmara Municipal em quatro oportunidades: a primeira no ano de 2008 pelo PMDB, onde teve 346 votos; a segunda em 2012 também pelo PMDB com o total de 556 votos; a terceira em 2016, pelo PSD com a expressiva votação de 1152 votos e a última candidatura em 2020 pelo partido PSL com 1263 votos recebidos.
Ao avaliar a trajetória enquanto candidato, Paulinho faz a seguinte leitura: “Minha votação vem sempre em um bom crescente. Observando o cenário municipal, percebemos que a maioria dos candidatos vem diminuindo o número de votos a cada pleito. Por duas eleições, candidatos com votações menores acabaram sendo eleitos por conta da sigla partidária ou da coligação, mas este é o jogo, conhecemos as regras antes de nos submetermos às eleições. Minha votação vem aumentando pois a cada ano me torno mais conhecido, com mais pessoas simpáticas às bandeiras que represento. Procuro estudar, me atualizar, crescer como pessoa para que, no momento certo, possa representar a população primeiramente na Câmara Municipal e quem sabe, no futuro, em cargos do executivo – tenho total crença na minha capacidade como legislador e também como gestor de uma cidade”.
Nesse mês de agosto, Paulinho recebeu um presente, quando pode assumir temporariamente uma cadeira na Câmara de Vereadores de Chapecó, ocupando a vaga de João Marques Rosa, pelo período de dois meses. Mesmo nesse curto período, encaminhou, já na primeira semana de trabalho, a proposição de duas moções. Uma delas trata da regulamentação do Estacionamento Rotativo, sugerindo que o Auto de Infração por infração à Lei Municipal deva ser tratado como de infração administrativa municipal, com multa correspondente a 15 UFRMs.

Além das candidaturas, ainda no mundo da política, Paulinho adquiriu experiência ao trabalhar em campanhas de membros dos partidos onde era filiado. Nos anos de 2010 e de 2016, auxiliou na coordenação de candidaturas para a Câmara Estadual, dando continuidade ao trabalho que iniciou com o Bernardo lá em 2004. “Todas essas experiências no âmbito político aumentam minha bagagem. O envolvimento em campanhas, mesmo sem ser o candidato, amplia o conhecimento sobre como fazer política, como construir pontes. É altamente válido, uma verdadeira escola”.
Em 2014 Paulinho casou-se com a namorada Karoline Tiecher. Dessa união, nasceu João Paulo. “Ele é uma criança abençoada, inteligente, que traz alegrias e inspiração para continuar meu trabalho. Depois do nascimento do João, ganhei mais um motivo para deixar um legado para as futuras gerações.
“Quem escolhe ser advogado sabe que todo advogado é um combatente. Aos 18 anos decidi que esse seria meu mundo, o mundo das leis, da dedicação à causas que melhorem a sociedade em que vivemos. Hoje, aos 40 anos, sei que venho combatendo o bom combate, crescendo com resiliência, ocupando meu espaço, me firmando como uma liderança, sempre com o objetivo de tornar minha Chapecó melhor para todos os chapecoenses”.