Na edição de ontem (22) da coluna, publiquei o projeto de lei do vereador de Chapecó, Fernando Cordeiro (PL), para habilitar a possibilidade de conversão do pagamento de multas de trânsito de natureza leve, aplicadas em Chapecó, em doação de sangue ou de medula óssea. O projeto deve ser votado no mês que vem, após o recesso parlamentar iniciado ontem. Nos perfis do Facebook das empresas do Grupo Condá de Comunicação, recebemos cerca de 100 comentários, que demonstram divisão de opiniões.
Uma leitora da coluna se sentiu excluída da proposta: “Tá de brincadeira. É totalmente contra o princípio da isonomia. Já doei muito sangue. Não posso mais doar! Tive sífilis na vida! Já fui pesteada! E muita gente não pode mais doar também! Eu trabalho e pago. Não é justo alguém poder pagar de outra forma quando essa possibilidade não se estende a todos! Se esse projeto passar, quero pagar com doação de abraço e beijo no povo. Vai ser abraço e beijo de travesti pra todo canto. Ou eu pago servindo a comida para os doadores. Quero ir bem linda e cheirosa pagar minhas multas lá”.
Alguns leitores sugeriram a troca da multa por prestação de serviços comunitários ou doações de cesta básica, como sendo algo mais acessível à comunidade. Outros criticaram frontalmente a proposta, inclusive questionando sua constitucionalidade. Internautas chegaram a brincar afirmando que haveriam motoristas em Chapecó que ficariam “sem sangue”, tamanha a imprudência que registram no dia a dia do caótico trânsito da cidade.
Outros internautas também lembram que essa proposta está sendo feita por vereadores de diversos municípios no país, a exemplo de Curitiba, reduzindo o projeto apresentado por Cordeiro a uma “simples cópia”. Alguns leitores elogiaram a proposta como ela foi protocolada, elogiando a forma como o contribuinte poderá ver a forma como a punição pela infração de trânsito será aplicada.
Kassab tem três opções
O calendário pode ainda estar em 2025, mas Brasília já está com a cabeça em 2026. Nos bastidores, Gilberto Kassab (PSD) tem trabalhado para articular o nome de Romeu Zema (NOVO) como vice na chapa de Flávio Bolsonaro (PL). Conforme a newsletter The News, a conversa teria avançado após um encontro em São Paulo. O pacote inclui ainda apoio à candidatura de Mateus Simões (PSD) ao governo de Minas, o que pode enfraquecer Cleitinho (Republicanos), hoje o nome mais alinhado a Bolsonaro no estado.
Com esse arranjo, Kassab atua em três frentes ao mesmo tempo: se aproxima da candidatura de Flávio Bolsonaro, mantém apoio ao projeto presidencial de Eduardo Leite (PSD), e ao mesmo tempo, preserva sua relação com Lula (PT). O PSD, partido do qual é presidente, comanda três ministérios do governo federal (Agricultura, Minas e Energia e Pesca).
Na prática, Kassab tenta se fazer presente em todos os cenários possíveis do jogo eleitoral de 2026, minando suas chances de sair derrotado, e consequentemente, enfraquecido. Isso importa, porque Kassab é um dos maiores negociadores da política brasileira. Além disso, o movimento pode indicar que o Centrão não está tão confiante como antes na desistência de Flávio ao Planalto.
Com uma aprovação de 62%, Romeu Zema garantiria para o filho de Bolsonaro um palanque forte em Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país. Além disso, Flávio poderia contar com o forte apoio dos governadores Tarcísio de Freitas, em São Paulo, e Cláudio Castro, no Rio de Janeiro.
Recadinhos
- Falando ainda do vereador Fernando Cordeiro, o vídeo gravado por ele ontem baseado em uma opinião pessoal do colega Felipe Bastos, do SCC, afiliado ao SBT para Santa Catarina, é extremamente inoportuno.
- Defendo que jornalistas, arcando com as consequências, defendam opiniões diferentes das que suas empresas defendem em suas redes sociais pessoais, se assim desejarem.
- Para mim, a gravação de ontem não passa de uma busca pela audiência e de um cumprimento de exigência ideológica que o vereador precisa realizar a mando do PL, e que não representa sua atividade parlamentar.!
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