
Novamente, a coluna abre espaço para o professor Alexander Aragol, imigrante venezuelano morador de Chapecó, para uma opinião sobre o momento crítico do vizinho ao norte. Hoje, o assunto é o petróleo da Venezuela, que poderia estar garantindo qualidade de vida para o país, mas que atualmente é mal administrado.
Segundo Aragol, durante anos, “os ignorantes, os úteis ou os convencidos repetiram como papagaios um slogan desgastado: ‘Os Estados Unidos querem roubar o petróleo da Venezuela’. Repetem-no sem pensar, sem ler, sem verificar os fatos, como se repetir uma mentira mil vezes a tornasse verdade. E os ignorantes acreditam que sim. A tragédia não é a mentira em si, mas a complacência intelectual daqueles que a usam para evitar encarar a realidade”.
Alexander qualifica essa afirmação como uma “história infantil era contada na televisão, em marchas e nas redes sociais”, e pontua que o petróleo venezuelano foi de fato entregue, hipotecado e desperdiçado, mas não pelos Estados Unidos: “Foi entregue deliberadamente por um narco-regime, iniciado por Hugo Chávez e aperfeiçoado por Nicolás Maduro e seu círculo de cúmplices, em troca de lealdades ideológicas, silêncio diplomático e apoio político para sustentar uma ditadura moribunda”.
Conforme Aragol, Cuba recebeu petróleo praticamente de graça, enquanto hospitais venezuelanos ficaram sem eletricidade: “A China foi abastecida por meio de acordos que eram obscuros na época; Enquanto o salário mínimo na Venezuela era reduzido a uma piada, outros aliados ‘estratégicos’ lucravam enquanto venezuelanos comuns enfrentavam filas intermináveis para comprar comida, remédios ou gasolina em um país que possui uma das maiores reservas de petróleo do planeta”.
Alexander pergunta onde estavam os indignados quando a PDVSA, estatal petrolífera da Venezuela, foi “destruída por dentro”: “Onde estavam os “anti-imperialistas” quando o petróleo foi usado como moeda política e não como motor do desenvolvimento nacional? Onde estavam eles quando milhões de venezuelanos tiveram que fugir do país, não por causa de sanções, mas por causa da fome, da miséria, da perseguição e do colapso institucional?”
Para Aragol, o verdadeiro saque não veio do exterior: “O verdadeiro inimigo não falava inglês; o verdadeiro inimigo falava na televisão nacional. O verdadeiro roubo não foi militar nem econômico; foi moral, estrutural e criminoso. Hoje, isso é ofensivo; e é ainda mais obsceno que ainda haja quem tente justificar o desastre venezuelano com a desculpa esfarrapada do regime de que se trata do “império”, enquanto permanece em silêncio cúmplice sobre o fato de que o petróleo venezuelano foi usado para financiar ditaduras, comprar influência e sustentar redes de corrupção e narcotráfico”.
Alexander afirma que repetir mentiras não é patriotismo: “Fechar os olhos não é consciência política. E defender aqueles que destruíram um país não é ideologia, é ignorância, cumplicidade ou ambos. A história já foi escrita. Os fatos são públicos. As consequências são evidentes. Negar isso neste momento não é ingenuidade, é uma escolha”, conclui.
Recadinhos
- Dados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil continua convivendo com um alto patamar de mortes no trânsito. Entre 2014 e 2023, foram 355.055 óbitos por acidentes de trânsito, uma média de 35.506 mortes por ano.
- No período, a série histórica teve uma queda expressiva até 2019 (saindo de 43.780 em 2014 para uma redução de 27% em 2019, num total de 31.945 registros). Porém, a partir de 2020 a violência no trânsito voltou a crescer.
- Os dados consolidados mais recentes são de 2023, com 34.881 mortes, um aumento de 6,6% em comparação com 2020.
- No ano passado, considerando apenas o balanço da Operação Natal da PRF, houve um aumento de 10% no número de mortes registradas nas rodovias federais de todo o país entre 2023 e 2024, com 165 vítimas fatais.




