terça-feira, junho 17, 2025
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Carros híbridos e elétricos atingem 7.76% do mercado automotivo no Brasil

O BYD Dolphin Mini lidera as vendas no varejo e deixa para trás modelos tradicionais como o Hyundai HB20 e o Fiat Argo


A mobilidade elétrica se consolida como uma das grandes apostas do setor automotivo no Brasil. Aquilo que há uma década parecia uma visão futurista hoje se consolida como uma opção cada vez mais real para consumidores, governos e fabricantes. Em 2025, o país começou o ano com números animadores que reforçam a tendência à eletrificação, não apenas em veículos particulares, mas também no transporte público.

Nesse cenário, as vendas de veículos 100% elétricos e eletrificados no Brasil registraram um dinamismo nos primeiros meses, refletindo a conjunção entre políticas de incentivo, avanços tecnológicos e mudanças nas preferências dos consumidores. Os dados mais recentes revelam que o país não apenas manteve a tendência de alta observada em 2024, mas também alcançou novos marcos que o aproximam dos mercados líderes na Europa e na Ásia.

Especificamente, em maio de 2025, as matrículas de veículos elétricos a bateria (BEV) atingiram 6.969 unidades, um recorde histórico para a categoria, de acordo com a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). Esse volume representou um crescimento de 48,2% em relação a abril, quando foram vendidos 4.702 BEV, e um aumento de 34,7% em relação a maio de 2024, quando as vendas ficaram em 5.175 veículos.

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O segmento dos híbridos plug-in (PHEV) também desempenha um papel decisivo no mercado dos veículos elétricos. Em maio, foram registradas 7.581 unidades PHEV, o que representou 45,5% da quota total de veículos elétricos, contra 41,9% dos BEV. Juntos, os BEV e PHEV representam 87% das matrículas de veículos elétricos, com 14.550 unidades vendidas no total. Há um ano, em maio de 2024, a participação desses modelos no segmento de veículos elétricos era de 60,6%, enquanto em maio de 2023 representavam apenas 47%.

Considerando todas as tecnologias elétricas — veículos a bateria, híbridos plug-in, híbridos convencionais (HEV) e híbridos flexíveis (HEV Flex) —, as vendas totais de janeiro a maio somaram 71.324 unidades, um aumento de 19,5% em comparação com as 59.669 do mesmo período de 2024.

Somente em maio, foram comercializados 16.641 veículos leves elétricos, 12,7% a mais que em abril e 22,25% a mais que em maio de 2024, quando foram vendidas 13.612 unidades. Além disso, a participação desses modelos no mercado total de automóveis de passeio e veículos comerciais leves atingiu 7,76%, considerando 16.641 veículos elétricos de um total de 214.383 matrículas, de acordo com a Fenabrave.

A aceleração do mercado de veículos elétricos responde a vários fatores convergentes. Em primeiro lugar, a ampliação do portfólio de modelos foi fundamental, com a chegada de novas marcas, especialmente da Ásia, e o lançamento de versões em diferentes faixas de preço democratizou o acesso à tecnologia elétrica.

Além disso, a expansão da infraestrutura de recarga, com estações localizadas em rodovias, centros urbanos, supermercados e condomínios, reduziu a “ansiedade pela autonomia” e fortaleceu a confiança dos usuários para adotar veículos que dependem exclusivamente de tomadas.

A distribuição regional das vendas de veículos elétricos mostra uma concentração ainda predominante no Sudeste, com 48,8% do mercado, seguido pelo Sul (17,4%), Nordeste (16,8%), Centro-Oeste (13%) e Norte (4%). No entanto, a ABVE destaca que a diferença entre as regiões vem se equilibrando mês a mês, graças a incentivos estaduais como isenções ou reduções no IPVA, a expansão das redes de concessionárias e a implantação de carregadores públicos e privados em estados tradicionalmente atrasados. Em particular, as regiões Nordeste e Norte vêm aumentando gradualmente sua participação.

O comportamento dos híbridos convencionais aponta para uma tendência de queda. Os HEV e HEV Flex perderam terreno para os BEV e PHEV, uma evolução natural do amadurecimento do mercado elétrico. Essa dinâmica reforça a ideia de que a eletrificação total se perfila como o destino final do parque automotivo, substituindo progressivamente as soluções parciais.

No transporte público, a eletrificação avança com maior oscilação. Em maio, foram registrados 24 ônibus elétricos, número que representa uma queda de 73% em relação a abril (79 unidades), mas um crescimento de 167% em relação a maio de 2024. No acumulado de 2025, foram registrados 272 ônibus elétricos, 130,5% a mais do que no período de janeiro a maio de 2024. A ABVE explica que essas flutuações refletem a fase inicial de transição e apontam que os incentivos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal têm sido fundamentais para promover a adoção de frotas elétricas nos municípios.

Por sua vez, os resultados globais do mercado automotivo em maio de 2025, incluindo modelos não elétricos, também acompanharam essa tendência positiva. De acordo com a Bright Consulting, através da plataforma AutoDash, o Brasil registrou 213.479 veículos leves, 8,6% a mais que em abril e 16,6% a mais que em maio de 2024. As vendas diretas para empresas, frotas e locadoras representaram 50,1% do total, consolidando um papel cada vez mais importante desse canal.

Entre os modelos mais vendidos do mês, destacaram-se os veículos totalmente elétricos. Por exemplo, o BYD Dolphin Mini liderou as vendas no varejo com 2.578 unidades, superando modelos tradicionais como o Hyundai HB20 e o Fiat Argo. A crescente presença de marcas chinesas no ranking reflete a aceitação de veículos elétricos acessíveis e competitivos e antecipa uma maior diversificação da oferta nas concessionárias.

Expansão da rede de carregamento elétrico

Impulsionado por investimentos estrangeiros, como os 10.000 pontos de carga que a DiDi Chuxing instalará nos próximos anos, o país começou a reduzir seu atraso em relação a potências como China e Estados Unidos. Esse investimento único elevaria a infraestrutura brasileira de recarga em 67% e se soma a iniciativas locais como as da Moby e da Tupi Mobilidade, que refletem um interesse crescente em fortalecer a rede em pontos estratégicos do país.

Entre o final de 2023 e o início de 2025, o Brasil quase triplicará seu número de carregadores públicos, chegando a mais de 14.800 unidades, o que equivale a um carregador para cada 7,2 veículos elétricos, uma proporção próxima à dos Estados Unidos. No entanto, ainda existem desafios importantes, como a distribuição desigual da infraestrutura, já que enquanto São Paulo oferece um carregador para cada 6,3 carros elétricos, estados como o Acre contam com apenas meia dúzia de pontos operacionais.

É importante ressaltar que a carga doméstica continua sendo a mais utilizada e 9 em cada 10 proprietários brasileiros optam por recarregar em casa, favorecidos por promoções que incluem wallboxes gratuitos e o boom dos painéis solares. No entanto, a expansão dos carregadores de corrente contínua (CC), essenciais para viagens longas, tem sido fundamental e, somente entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025, foram instalados mais de 900, elevando o total para 2.430 estações rápidas, de acordo com a Tupi Mobilidade.

Paralelamente, o mercado segurador também evolui para responder às necessidades desta nova geração de veículos. Os carros elétricos requerem coberturas específicas, como proteção para baterias e carregadores, assistência especializada e responsabilidade civil em caso de incidentes ocorridos durante o carregamento. Dado o alto custo de seus componentes e a demanda por técnicos qualificados, ter uma apólice adequada torna-se indispensável.

Muitas seguradoras já oferecem descontos aos proprietários de veículos elétricos, incentivos à sustentabilidade e até programas de compensação de carbono. Assim, a combinação de fatores como uma rede de recarga mais robusta e seguros de carros mais inteligentes reflete um ecossistema em transição, no qual o Brasil busca se posicionar como um ator relevante no mapa global da mobilidade limpa e conectada.

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