Quando se fala no Parque Nacional Torres Del Paine, é impossível não pensar instantaneamente em duas coisas: paisagens deslumbrantes e circuitos de trekking.
Mas dentre todos os mirantes e roteiros famosos do Parque, acreditamos que o Circuito W é o mais emblemático.
Praticamente todo mundo que visita esse pedaço do paraíso tem esse Circuito como objetivo.
Em nossa primeira viagem ao parque – em 2018 – decidimos que da próxima vez faríamos esse percurso tão famoso.
Dito e feito. Decidimos que seria no final de 2022, para marcar nossa primeira viagem internacional após 3 anos, devido a pandemia.
Se você ainda não leu as duas colunas anteriores dessa nossa série sobre TORRES DEL PAINE, vamos deixar os links para que possa acompanhar cada detalhe dessa viagem inesquecível:
TORRES DEL PAINE – PARTE 01 – Puerto Natales e Full Day
TORRES DEL PAINE – PARTE 02 – Hosteria Pehoe
COMO INICIAR O CIRCUITO W?
Antes de contarmos como foi essa experiência, vamos repassar algumas informações importantíssimas:
– COMPRE O INGRESSO DO PARQUE COM ANTECEDÊNCIA –
Na portaria do Parque Torres Del Paine você precisa apresentar o QR Code do ingresso adquirido de forma antecipada no site ASPTicket
– RESERVE TUDO COM ANTECEDÊNCIA –
Todos os Refúgios e Campings trabalham com reserva antecipada. Mesmo que você leve a sua barraca, há necessidade de uma reserva prévia do espaço, pois o local pode estar lotado.
Claro, pode ser que você consiga uma vaga de última hora, mas melhor não arriscar, certo?
São duas as empresas que trabalham dentro do parque:
– VÉRTICE: Vertice Travel
– LAS TORRES: Las Torres Patagonia
Nós acampamos em 4 das 5 noites e fizemos reserva – e pagamento – do equipamento de camping (barraca + saco de dormir + colchonetes) de forma antecipada e online.
Importante reservar com meses de antecedência, pois os Campings montados e Refúgios costumam esgotar com rapidez.
Apenas o Catamarã e o ônibus Las Torres / Laguna Amarga / Las Torres não precisa de reserva antecipada. Nesses dois casos é por ordem de chegada e o pagamento diretamente no local.
– DEFINA QUAL SERÁ O SENTIDO DO CIRCUITO –
Essa será a primeira decisão que você terá que tomar no planejamento.
São dois os sentidos possíveis no Circuito W:
– o tradicional, que inicia no Hotel Las Torres e termina no Refúgio Grey, retornando depois ao Refúgio Paine Grande para pegar o transporte.
– e o inverso que inicia no Refugio Paine Grande, vai até o Refúgio Grey – e retorna ao Paine Grande – para depois seguir até o Hotel Las Torres.
Optamos pelo sentido INVERSO, pois a vista mais bonita fica sempre em frente e deixaria o mirante da Base das Torres para o final(acabou não dando muito certo essa parte, mas falaremos no último post).
– TENHA UMA GARRAFA/CANTIL DE ÁGUA E ALIMENTO DURANTE AS TRILHAS –
Por vir do desgelo dos glaciares, a água no Parque e nos refúgios/campings é potável.
Nós bebemos sem colocar cloro e não sentimos nada. Caso sinta-se mais confortável, pode levar pastilhas de cloro junto.
As trilhas são longas e cansativas então é sempre importante ter alimentos para recarregar as energias. Não subestime o cansaço!
– ROUPAS ADEQUEDAS SÃO INDISPENSÁVEIS –
Dois fatores são essenciais se tratando de roupas em Torres Del Paine: impermeabilidade e camadas.
O clima muda rapidamente na Patagonia. Então estar pronto para pancadas de chuva com vento que derrubam as temperaturas, ou dias ensolarados e quentes – tudo no mesmo dia inclusive – é indispensável.
Além disso botas impermeáveis e próprias para trekking também fazem uma diferença enorme!!!
– LEVE JUNTO UMA CÓPIA DA TARJETA UNICA MIGRATÓRIA –
É um papel entregue pela imigração no momento da chegada ao Chile. É essencial estar com esse papel – ou uma foto dele no celular – no momento do check-in das hospedagens que ficar. Em todos os Refúgios e Campings nos foi solicitado.
– CARIMBE SEU PASSAPORTE –
Nem todo mundo sabe, mas você pode carimbar seu passaporte com um carimbo do Parque Nacional Torres Del Paine.
Basta pedir para um guarda parque na portaria no momento em que apresentar o ingresso.
Dados os recados, vamos contar como foi nossa experiência.
Como falamos na coluna da semana passada, ficamos 2 noites na Hosteria Pehoe, uma hospedagem dentro do Parque. Devido a isso, todo o transporte de Puerto Natales até o início do Circuito, foi descrito aqui.
Acordamos cedo para terminar de arrumar nossas mochilas a seguir para a Estância Pudeto, de onde sai o Catamarã em direção ao Refugio Paine Grande.
Iríamos caminhar cerca de 1h da Hosteria Pehoe até Pudeto, mas após 15 minutos um motorista da Hosteria passou por nós na estrada e ofereceu carona. Aproveitamos a gentileza inesperada e seguimos em direção a primeira parada, onde embarcaríamos no catamarã.
Chegando em Pudeto demos uma propina ao motorista (na correria acabou sendo muito mais do que deveria HAHAHAHA) e fomos aguardar o embarque.
O Catamarã tem horários definidos, tendo 4 saídas diárias na alta temporada:
Desde Pudeto – 9h / 10h30 / 16h15 / 18h
Desde Paine Grande – 9h35 / 11h05 / 17h / 18h35
O pagamento é feito diretamente no catamarã, exclusivamente em DINHEIRO:
$ 25.000 (Pesos Chilenos) ou U$D 30 (Dólares Americanos)
– VALORES TEMPORADA 2022/2023 –
Como não é feita venda antecipada, todos que estiverem na fila, irão embarcar.
Caso seja necessário, será feita uma viagem extra.
Outra informação importante é que o transporte com ônibus rodoviário está interligado com o Catamarã. Quando você chegar em Pudeto, vindo de Paine Grande, o ônibus estará aguardando.
Da mesma forma, para quem for embarcar em Pudeto, o Catamarã não sai antes do ônibus chegar.
Pontualmente as 10h30 iniciou o nosso embarque. No momento da saída e da chegada, todos os passageiros devem ficar acomodados na parte interna.
No restante do trajeto há possibilidade de ficar do lado de fora. É lindo demais, mas bastante frio.
O trajeto leva cerca de 30 minutos e balança bastante. Em alguns trechos a embarcação parece que está no mar, saltando as ondas, mas tudo é feito com bastante segurança.
Caso você costume enjoar com facilidade, é melhor tomar remédio com antecedência, mas não vimos ninguém passando mal.
Chegamos então no Refúgio Paine Grande. Esse é o maior refúgio e camping de todo o parque.
É imponente e bonito, estando em uma localização privilegiada.
Acredito ser a vista mais bela entre os campings.
Mas prepare-se, essa região é também a que mais venta. E quando falamos em vento, leve a sério. O vento da patagônia é impressionante!
Na primeira noite não ficamos nesse refúgio. Nosso acampamento seria no Refúgio e Camping Grey, mas como retornaríamos para esse camping no dia seguinte, deixamos a mochila mais pesada ali mesmo (com o custo de 7 mil pesos chilenos) para diminuir a carga.
Então seguimos em direção ao acampamento da primeira noite. Seriam 11 km pela frente, em aproximadamente 3 horas e meia.
Na primeira parte a subida é cansativa, embora não muito íngreme.
Mas o maior problema nessa região não é a subida…
Lembram do vento que falamos anteriormente? É simplesmente inacreditável!!!
Durante cerca de 60% do trajeto precisamos caminhar contra o vento e o cansaço é inevitável.
Ali ainda vemos o resultado do incêndio criminoso e irresponsável de 2011 causado por um turista israelense, que destruiu cerca de 17 mil hectares do parque.
Embora cansativo, principalmente devido ao vento, a beleza do lugar recarrega todas as energias.
Antes de chegar ao ponto mais alto e, finalmente, ter a vista do Glaciar Grey, o destaque é a linda Laguna de Los Patos.
Para quem está com chip da Claro, em algum lugar um pouco antes do primeiro mirante para o Glaciar Grey, há sinal 4G. Não sabemos o exato local, mas é entre a Laguna de Los Patos e o ponto mais alto da trilha.
Aproximadamente na metade do caminho, chegamos ao ponto mais alto do dia.
O vento é S-U-R-R-E-A-L!!!! Difícil permanecer em pé.
Mas é nesse ponto que se começa a avistar o imponente Glaciar Grey.
A vista nesse ponto é deslumbrante!
Uma das mais lindas de todo o Parque e sem dúvida a mais bela do dia.
Mas devido a força do vento, não conseguimos ficar muito tempo ali.
Daqui pra frente na maior parte do trajeto conseguimos avistar o glaciar, o que ajuda no cansaço. Além disso a descida é considerável o que se por um lado alivia o cansaço das pernas, por outro sobrecarrega os joelhos. Também é importante manter a cautela, pois é muito mais fácil acontecer um acidente, já que além da descida, as pedras soltas escorregam com facilidade.
Aproximadamente 90% do trajeto do Paine Grande até o setor Grey é desprotegido. Apenas na parte final chegamos a mata mais fechada, mas todo o caminho é bem demarcado e não já risco de se perder.
Chegando ao Refúgio e Camping Grey fomos fazer o check-in.
Apresentamos um documento com foto, além da cópia da Tarjeta Migratória, nos foi entregue o saco de dormir.
A barraca já estava montada com o colchonete dentro.
O saco de dormir é muito bom. Não passamos frio em momento algum. Foi uma noite tranquila, sem vento, pois o acampamento é protegido pelas árvores. A noite só não foi melhor por um cidadão bêbado que incomodou até a meia-noite.
Eis um dos pontos negativos de um acampamento, mas faz parte.
A estrutura do Camping é muito boa. Banheiros compartilhados muito limpos e ducha bem quente, o que faz a diferença no frio da Patagônia.
Há uma pequena mercearia com o básico e preços bem justos.
A área de cozinhar fechada, é pequena, mas tem um espaço aberto também que pode ser utilizado.
Acordamos cedo no dia seguinte e fomos cozinhar nosso café da manhã.
A área de cozinhar estava com pouco movimento e conseguimos comer tranquilamente.
Deixamos nossa mochila no acampamento e fomos até um mirante ha cerca de 15 minutos de distância. É o ponto mais próximo ao Glaciar Grey e tem uma vista linda.
Ficamos cerca de 20 minutos tirando fotos e fazendo vídeos até que decidimos voltar, pegar nossa mochila e seguir até o Paine Grande.
Nossa intenção era ir até a segunda ponte pênsil, antes de retornar, mas o céu estava nublado e ficamos com receio de chover.
O trajeto da volta é o mesmo do primeiro dia – em sentido oposto, obviamente rsrsrs – e mais cansativo, já que a vista mais bonita ficou para trás.
Estamos a favor do vento nesse dia que, embora seja bom pela resistência ser menor, as rajadas acabam jogando a mochila para os lados, atrapalhando o equilíbrio.
Demoramos mais nesse segundo dia em relação ao primeiro.
Foram pouco mais de 4h até o Paine Grande.
Chegando no Camping Paine Grande o procedimento foi o mesmo: check-in e nos acomodarmos na nossa barraca.
A estrutura do Camping é grande. O espaço para acampar é enorme, área de cozinhar bem grande também assim como os banheiros e duchas, esses estavam mais sujos que os do Camping Grey.
Vale lembrar que o movimento é bem maior também, então é natural que a manutenção seja mais complicada.
Como falamos antes, o Camping Paine Grande está em uma localização privilegiada.
A vista para o Cerro Paine e os Cuernos é maravilhosa.
Se tiver sorte, como nós tivemos, aqui é o pôr do sol mais lindo de todo o Circuito.
E nessa primeira noite o pôr do sol foi simplesmente INESQUECÍVEL!!!!
Era véspera de Natal, e haviam apenas 2 opções para a ceia: cozinhar ou pagar o buffet de Natal do restaurante do Refúgio.
O detalhe é que no restaurante o custo era de R$ 400 por pessoa!!!
Inviável, então decidimos preparar nosso próprio macarrão.
Na próxima semana, vamos falar sobre o terceiro – e mais lindo – dia do Circuito W.
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Na próxima semana traremos mais dicas para você! Até lá…