sábado, abril 19, 2025
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Trump e oportunidades para o Brasil: Agronegócio, comércio, energia, defesa e tecnologia

Confira a coluna do Doutor em Ciências Contábeis e Administração, Givanildo Silva

Foto: Givanildo Silva | Doutor em Ciências Contábeis e Administração

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Agronegócio impulsionado por tensões comerciais

A postura protecionista de Donald Trump em seu novo mandato pode reacender a guerra comercial entre Estados Unidos e China, criando espaço para que o Brasil amplie suas exportações agrícolas. O setor de soja, milho e carne brasileiro, que já vem se beneficiando das tensões entre as duas potências, vê uma chance de consolidar e até expandir sua presença no mercado chinês. Com o enfraquecimento das exportações agrícolas americanas para a China, o Brasil pode se firmar como fornecedor alternativo de produtos essenciais para a alimentação chinesa.

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No caso específico da soja, a última guerra comercial entre os EUA e a China já havia favorecido os produtores brasileiros, fazendo da China o maior comprador da soja nacional. Se novos embargos aos produtos agrícolas americanos forem implementados, o Brasil poderá novamente ganhar força como fornecedor preferencial de grãos e carne. Além disso, o mercado de milho brasileiro, que recentemente ultrapassou o americano como principal fonte de importação para a China, poderá consolidar essa posição com novas imposições de Trump sobre o comércio com o país asiático.

Energia e biocombustíveis em expansão

No setor de energia, as possíveis flexibilizações ambientais que Trump pode implementar abrirão novas oportunidades para o Brasil. Empresas brasileiras de biocombustíveis, como a Acelen, estão em expansão no mercado dos EUA, aproveitando iniciativas estaduais de incentivo ao uso de fontes renováveis. Mesmo com uma política federal mais favorável aos combustíveis fósseis, alguns estados americanos, como Califórnia e Nova York, continuam a priorizar energias limpas, criando um mercado robusto para biocombustíveis brasileiros.

Essa expansão conta com o suporte de novas políticas e acordos, como o estabelecimento de escritórios e pontos de distribuição brasileiros nos Estados Unidos. Essas iniciativas são reforçadas por parcerias estratégicas que buscam consolidar o Brasil como um exportador relevante no setor de combustíveis renováveis.

Indústria de defesa em expansão internacional

Com a ênfase de Trump no fortalecimento das forças armadas americanas, a indústria de defesa brasileira também vê uma oportunidade de crescimento. Desde 2019, o Brasil é reconhecido como um “Aliado Preferencial Extra-OTAN” pelos EUA, status que facilita a cooperação em defesa e possibilita o desenvolvimento conjunto de tecnologias militares. Esse reconhecimento abriu portas para parcerias estratégicas entre as indústrias de defesa dos dois países, permitindo que empresas brasileiras acessem programas de tecnologia militar e recursos de desenvolvimento americanos.

Outro marco importante para a indústria brasileira foi a assinatura do Acordo de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação (RDT&E), que simplifica a burocracia e facilita a participação de empresas brasileiras em projetos de defesa dos EUA. Esses acordos são significativos para o Brasil, especialmente diante da possibilidade de Trump intensificar os investimentos no setor de defesa, reforçando a competitividade e a capacidade de inovação do setor nacional.

Tecnologia e inovação: uma janela para startups

As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos também beneficiam startups brasileiras, que podem encontrar nos EUA um ambiente fértil para crescimento. A busca dos Estados Unidos pela competitividade tecnológica impulsiona programas como o SelectUSA Tech, que conecta startups brasileiras a investidores e aceleradoras norte-americanas, facilitando seu ingresso no mercado. Organizações como o Sebrae e a Confederação Nacional da Indústria também têm incentivado a internacionalização de empresas de tecnologia brasileiras, oferecendo programas de capacitação e residência em ecossistemas de inovação americanos.

Além disso, grandes corporações americanas estão cada vez mais abertas à inovação compartilhada e buscam parcerias com startups estrangeiras para desenvolver novas soluções tecnológicas. Esse cenário estimula um intenso intercâmbio de conhecimento e investimento, proporcionando um ambiente de crescimento tanto para empresas brasileiras quanto para americanas interessadas em expandir suas redes de inovação.

Os desafios e o equilíbrio nas relações Brasil-EUA

Apesar das oportunidades, é essencial que o Brasil adote uma abordagem estratégica em todas essas áreas, para que as colaborações e parcerias realmente fortaleçam o setor industrial e tecnológico nacional, sem criar dependências excessivas. No caso do agronegócio, por exemplo, o Brasil já ocupa uma posição dominante como fornecedor de soja para a China, e a China, por sua vez, tem diversificado suas fontes de importação, o que pode limitar o crescimento adicional do Brasil. No setor de energia, a competição com a indústria de combustíveis fósseis nos EUA continua acirrada e exigirá estratégias adaptativas.

Para a indústria de defesa, o Brasil deve considerar cuidadosamente a dependência de tecnologias estrangeiras, buscando equilibrar a cooperação com o desenvolvimento autônomo de capacidades nacionais. O acesso a fundos e programas americanos é valioso, mas a preservação da soberania nacional em áreas críticas de defesa continua sendo uma prioridade.

Em resumo, a administração Trump pode abrir caminhos para o Brasil em setores estratégicos como agronegócio, energia, defesa e tecnologia. Contudo, essas oportunidades vêm com desafios e requerem uma postura cautelosa e estratégica por parte do Brasil para garantir que os interesses nacionais sejam fortalecidos.

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