
Agenda internacional estratégica
Em uma missão decisiva aos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reune com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, com o objetivo de rever tarifas aplicadas a produtos brasileiros e abrir caminhos para novos investimentos. As tarifas de até 25% sobre aço e alumínio foram o foco da conversa, marcada por um tom diplomático, mas firme. Haddad defende que os tributos são desproporcionais e prejudicam o comércio entre os países, considerando o déficit latino-americano com os EUA.
Além das barreiras comerciais, o ministro apresenta o Brasil como novo polo para data centers, ressaltando as vantagens do país em energia limpa e infraestrutura digital. Ele aponta que empresas globais estão em busca de locais com matriz energética renovável, e que o território brasileiro está pronto para suprir essa demanda com competitividade.
Selic pode atingir maior nível desde 2006
Enquanto Haddad tenta destravar investimentos, o Banco Central se prepara para uma nova decisão crucial. Na próxima reunião do Copom, marcada para 7 de maio, o mercado aposta em uma elevação de 0,5 ponto percentual, levando a taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior patamar desde 2006.
A justificativa está na inflação persistente e nas incertezas externas, que pressionam a autoridade monetária a manter uma política rígida. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já sinalizou que os juros devem continuar altos enquanto for necessário para garantir o controle dos preços.
Para alguns analistas, o ciclo de aperto pode não terminar agora — há quem projete que a Selic possa chegar a 15% ainda em junho, dependendo do comportamento da economia brasileira e do cenário internacional.
Cenário exige equilíbrio entre estímulo e prudência
O desafio de Haddad é duplo: mostrar ao mundo que o Brasil é destino confiável para investimento e, ao mesmo tempo, administrar uma economia que convive com juros elevados e inflação resistente. A ofensiva diplomática nos EUA pode render frutos, mas os desdobramentos da política monetária interna ainda colocam um freio no otimismo.
É um momento de tensão e expectativa. O país precisa mostrar força fiscal, atratividade para investidores e capacidade de conter a inflação sem travar o crescimento. Entre tarifas internacionais e taxas domésticas, o equilíbrio é cada vez mais delicado — e estratégico.