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Empresas brasileiras enfrentam pressão com juros altos, inflação e cortes adiados: “Tempestade perfeita” no mercado e risco de desgaste político para 2026

Confira a coluna do Doutor em Ciências Contábeis e Administração, Givanildo Silva

Foto: Givanildo Silva | Doutor em Ciências Contábeis e Administração

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Empresas brasileiras e enfrentam pressão com juros altos, inflação e cortes adiados: “Tempestade perfeita” no mercado e risco de desgaste político para 2026

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Corte de gastos no Governo Lula adiado novamente

O governo brasileiro enfrenta um novo impasse sobre o corte de gastos. Após reuniões entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ministros das áreas afetadas, a decisão de reduzir R$ 50 bilhões nas despesas obrigatórias foi mais uma vez adiada. O objetivo era anunciar o pacote ainda nesta semana para reduzir o déficit fiscal até 2025, mas o anúncio ficou pendente devido a resistências das áreas sociais.

O atraso gerou uma repercussão imediata no mercado financeiro: o índice Ibovespa recuou 1,43%, enquanto o dólar teve uma alta de 1,15%, atingindo R$ 5,74. O adiamento também enfraqueceu a confiança do mercado, que reage negativamente às incertezas sobre as medidas econômicas do governo.

Divergências entre as pastas

A proposta de corte é defendida pela equipe econômica para manter a credibilidade do arcabouço fiscal. Haddad já demonstrou preocupação com o impacto da postergação nas expectativas do mercado, uma vez que o ajuste fiscal tem sido considerado fundamental para atrair investimentos e equilibrar as contas públicas.

Por outro lado, os ministros das pastas sociais têm se oposto a medidas que possam prejudicar benefícios sociais, como o abono salarial e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Também há resistência quanto à inclusão dos pisos de gastos em saúde e educação no novo arcabouço fiscal. Em uma tentativa de flexibilização, o governo avalia limitar o aumento real do salário mínimo a 2,5%, dentro dos limites da nova regra fiscal.

Empresas em crise com juros altos e inflação persistente

Ao mesmo tempo, as empresas brasileiras enfrentam uma combinação de fatores econômicos adversos, descritos por especialistas como uma “tempestade perfeita”. A recente elevação da Selic para 11,25% complica o acesso a crédito para empresas endividadas e dependentes de financiamento. Segundo levantamento, o número de pedidos de recuperação judicial aumentou em 40% em 2024, e os pedidos de falência subiram 26,4%. Os setores de construção civil, holdings não financeiras, transporte rodoviário de cargas e varejo de combustíveis estão entre os mais atingidos.

A inflação, especialmente nos setores de energia e câmbio, tem pressionado os custos de produção e impactado empresas e consumidores. O encarecimento de insumos e o custo crescente do crédito estão minando o fluxo de caixa das empresas, que buscam proteção judicial para evitar falência. De acordo com a Serasa Experian, mais de dois terços dos pedidos de recuperação judicial são de micro e pequenas empresas, mais vulneráveis aos choques econômicos.

Impactos políticos e expectativas para 2026

Além das consequências econômicas, o cenário atual gera preocupações políticas, principalmente para o Partido dos Trabalhadores (PT). A crise de endividamento e a inflação são vistas como fatores que pesaram contra os democratas nas eleições americanas e que podem influenciar as chances de reeleição do PT em 2026. O poder de compra reduzido do brasileiro tem afetado a percepção pública, com 63% dos brasileiros reportando uma queda em sua capacidade de consumo em 2024.

Para analistas, a divisão interna no PT entre os que defendem o aumento de gastos públicos, liderados pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e os pragmáticos da equipe de Haddad, reflete a dificuldade do governo em equilibrar demandas sociais e o controle do déficit fiscal.

Cenário desafiador e perspectivas de recuperação

O governo tem pressa em aprovar as medidas de corte de gastos, que deverão ser encaminhadas por meio de duas Propostas de Emenda Complementar (PECs) ao Congresso. Contudo, com a necessidade de aprovação por Arthur Lira, presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, há uma expectativa de que os desdobramentos se arrastem.

A falta de um consenso e o agravamento das pressões econômicas configuram um cenário que exigirá escolhas difíceis do governo para evitar um desgaste econômico e político em 2026. Para o mercado, as ações do governo serão cruciais para garantir um equilíbrio entre o atendimento das demandas sociais e a estabilização econômica.

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