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Economia aquecida e juros altos: FGV Agro aponta impactos no agronegócio

Confira a coluna do Doutor em Ciências Contábeis e Administração, Givanildo Silva

Foto: Givanildo Silva | Doutor em Ciências Contábeis e Administração

O cenário econômico brasileiro está em um momento desafiador para o agronegócio. Em entrevista ao Canal Rural, Felippe Serigati, pesquisador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro), detalhou os efeitos da inflação, alta de juros e flutuações cambiais, discutindo como esses fatores impactam a vida dos produtores rurais e quais estratégias podem ser adotadas para superar as adversidades.

Aumento da taxa de juros e cenário da inflação

Recentemente, o Banco Central aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Serigati explicou que essa medida reflete a preocupação com a inflação acelerada e um mercado interno aquecido, fatores que não têm sido acompanhados por um crescimento proporcional da produção. “O Banco Central está preocupado com a inflação que está fugindo da meta e, por isso, teve que iniciar um novo ciclo de alta dos juros”, afirmou o pesquisador.

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A elevação da taxa de juros é uma tentativa de controlar o aumento de preços e, consequentemente, frear a economia. O especialista ressaltou que esse cenário é resultado de uma política fiscal expansionista e um forte crescimento da demanda interna, o que eleva os salários acima da produtividade. “O aquecimento da economia faz com que os salários subam, o que é positivo para o consumo, mas representa um custo maior para a produção, impactando diretamente setores como o de proteína animal.”

Com a taxa de juros em alta, o crédito se torna mais caro, afetando diretamente a capacidade de financiamento de produtores rurais. Desde a compra de insumos até investimentos em tecnologias e expansão, a alta dos juros exige que os produtores sejam mais cautelosos em seus investimentos e na gestão dos recursos.

Estratégias recomendadas para produtores rurais

Serigati enfatiza que, em um cenário de juros elevados, é importante que os produtores reavaliem seus investimentos e estratégias de produção. Cada setor dentro do agronegócio tem suas próprias particularidades, e os produtores devem analisar suas situações específicas. “Há setores com margens mais confortáveis, como a pecuária, que pode ter uma reversão positiva em 2025. Já outros, como o milho, enfrentam margens apertadas e precisam tomar decisões mais cautelosas”, comentou Serigati.

Uma das estratégias recomendadas é ajustar o nível tecnológico aplicado nas lavouras ou mesmo diminuir a área plantada para equilibrar os custos de produção. “Cada decisão deve ser baseada em informações e gestão cuidadosa. É hora de planejar e ajustar as estratégias conforme a situação de cada mercado”, ressaltou. Isso significa que, em vez de ampliar os investimentos, os produtores precisam focar em eficiência operacional, redução de custos e diversificação de atividades para manter a lucratividade.

Outro aspecto importante é a gestão do fluxo de caixa e a busca por alternativas de financiamento que permitam melhores condições para o produtor rural. Serigati destacou que a análise cuidadosa de mercado, bem como a adoção de práticas de gestão financeira e de risco, são fundamentais para garantir a sustentabilidade do negócio em tempos de juros elevados.

Inflação dos alimentos e os impactos do câmbio

A inflação dos alimentos, que vinha sendo apontada como uma das responsáveis pela pressão sobre o orçamento dos consumidores, está se estabilizando. Entretanto, Serigati alerta que essa estabilidade depende de diversos fatores, como as condições climáticas, a oferta de produtos e as oscilações no mercado internacional. Com isso, os preços dos alimentos podem voltar a subir caso esses fatores se tornem desfavoráveis.

Outro ponto de destaque é a influência do câmbio sobre os custos e preços das commodities agrícolas. A flutuação do dólar afeta diretamente a rentabilidade das exportações do agronegócio brasileiro. “Uma coisa é exportar um contêiner de carne com o dólar a R$4,90, outra é com o dólar a R$5,60. Isso afeta diretamente a rentabilidade das exportações”, destacou Serigati. A desvalorização do real pode tanto ser benéfica quanto prejudicial, dependendo do momento em que ocorre e das operações de compra de insumos pelos produtores.

Quando o dólar está valorizado, os custos dos insumos importados aumentam, elevando o custo de produção. No entanto, uma taxa de câmbio favorável pode beneficiar as receitas das exportações, especialmente para os produtores voltados para o mercado internacional. Serigati destacou que os produtores devem estar atentos a essas flutuações e ajustar suas estratégias de compra e venda para se beneficiarem dos melhores momentos do mercado.

Brasil no cenário internacional

Apesar das dificuldades enfrentadas no mercado interno, o Brasil possui grande potencial no cenário internacional, especialmente no agronegócio. O país é um dos principais exportadores de commodities agrícolas, como soja, milho e carne, e desempenha papel estratégico na segurança alimentar global. Serigati apontou que, para aproveitar todo esse potencial, é necessário “fazer a lição de casa” em termos de gestão econômica, investindo em infraestrutura, políticas de incentivo e estabilidade macroeconômica.

“Temos um grande potencial, mas é preciso subir a vela de forma organizada para aproveitar o vento favorável”, afirmou o pesquisador. A implementação de boas práticas de gestão, inovação tecnológica e uma visão estratégica de mercado são fatores essenciais para que o agronegócio brasileiro continue a crescer, mesmo em meio às adversidades econômicas.

Apesar das incertezas e desafios, Serigati expressou otimismo em relação ao futuro do agronegócio brasileiro. Com uma abordagem proativa e orientada para a eficiência e gestão de risco, o setor pode superar os obstáculos e continuar se destacando como um dos pilares da economia brasileira.

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